Não se esqueçam de orar! 🔥
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O que eu mais temia em acontecer enquanto estivesse em culto, aconteceu. Não parava de olhar o relógio e balançava minhas pernas, nervosa. Precisava que as horas passassem depressa.
Isso está muito estranho. Não costumo ser assim.— Pai, já sentiu a sensação estranha... Ou seja, a ansiedade de o tempo passar rapidamente? — pergunto enquanto o mesmo lavava a louça.
— Não que eu me lembre. Depois que eu reparei que precisava consertar minhas veredas, nunca mais fiz isso. — diz e ri em seguida. — Todas as coisas têm seu tempo determinado para acontecer, filha. Então não podemos pedir para que Deus apresse o relógio, porque o relógio de Deus não é o mesmo que o nosso.
— Eu sei, mas estou ansiosa e isso não é normal. Estou ansiosa por uma coisa que eu nem sei.
— Sério? — franze o cenho. — Bom, nesse caso é bom se examinar. Não lembra de alguma coisa que precisa muito ter em mãos?
— Não, só peço que o relógio corra.
— Sabe que esse negócio de ansiedade pode atrapalhar um pouco a sua vida espiritual?
— Estou ciente de que muita coisa pode acabar com minha vida espiritual, porém não se assimilar psicológico, alma... Às vezes parece que to vivendo sem algum propósito. — meus olhos umedecem. — É como se minha alma tivesse pedindo socorro. É um grito que vem lá do fundo. Não consigo decifrar os sinais. Às vezes parece que estou morrendo. Não é depressão. Tenho certeza. Só cansei de propósitos, cansei de promessas, cansei de pessoas, cansei de mim.
A atitude de meu pai me deixou assustada: rapidamente deixou os pratos na pia e veio depressa me abraçar.
— Filha, me desculpe por ter sido pai ausente. Eu não sei! Sempre te perguntei se estava bem... Se faltava... Filha... — começa a chorar, me fazendo chorar também.
— Pai... — procurei conforto em seu peito. — O senhor nunca foi ausente. Soube me criar desde a morte da minha mãe. Eu só não sabia como falar contigo meus problemas.
— Pois agora quero que você sente comigo e fale tudo! Prometo te entender, filha. Só tire essa culpa de dentro de mim, porque estou me sentindo um derrotado! — alisa meu rosto com o polegar.
Concordo e ele me direciona até a varanda. Apenas a luz da rua iluminava um pouco o ambiente, mas o clima estava agradável. Assim quando saímos pela porta, a ventania tomou conta de meus cabelos que dançava no ar.
— Eu gosto do teu cabelo. Espero que nunca invente de cortar, pois és linda e me lembra sua mãe. — diz com ar de riso.
— Jamais faria um estrago desses.
Sentamos em um banco.
— Pode falar.
Respirei fundo e pensei por onde começaria.
— Tudo aconteceu de uma forma inesperada. Eu não podia imaginar que me apaixonaria pelo meu melhor amigo. — desviei o olhar. Não queria ver as reações de meu pai. — Só não quero que me julgue, pai.
— Prometo. — suspira.
— Eu não suporto que me julguem. Em todo esse tempo aprendi que não fui fraca, porque não é qualquer pessoa que suportaria o que suportei. Não fui burra. Ele foi. Éramos muito apegados e nunca imaginei que aquela pessoa fosse virar as costas para mim. Ele era meio que uma base abaixo de Deus. Ele me mostrou a luz do evangelho, me ensinou a melhor versão de Cristo ao qual é impossível descobrir qual é a que mais me satisfaz. — sorrio. — Ele não era muito de prometer as coisas, apenas fazia sem falar. Mas tinha um defeito. E eu só descobri esse defeito quando descobrimos que o sentimento era recíproco. O inimigo sabe nosso ponto fraco e o ponto fraco dele era o pensamento. Uma hora estava te amando e depois descobria que o amor dele não era suficiente para levar esse relacionamento a frente. Se achava insuficiente, inútil e incapaz. Durante um ano e alguns meses orei para que o Senhor me confirmasse, porque eu não queria me frustrar. Queria um relacionamento para vida toda e não ficar orando com vários até saber qual era o verdadeiro. Eu tive confirmações certezas do Céu. Ele também. Mas existia algo por trás de tudo isso e faltou preparo. Não eram pessoas que iriam destruir a nossa amizade, era algo macabro. — comecei a chorar. Meu pai me abraçou forte. Eu precisava resistir. Desfiz o abraço. — Quando caiu a ficha... Me desesperei, porque não entendia motivo dos outros relacionamentos serem construídos com muita alegria e APENAS na amizade conseguiram nos separar. Hoje ele não fala comigo. Até prefiro evitar contato, porque me machuca até sem estar perto. Não me considero depressiva. Eu estou bem, mas ao mesmo tempo querendo entender, querendo explicações, porque já faz ano e Deus não me responde, Deus não fala, Deus não brada, Deus não revela o motivo desse afastamento, porque foi do nada e também não me disse que vai trazer de volta, que nossa história será construída. Nada. — limpo as lágrimas com força. — Consigo conversar com Cristo melhor do que antes, mas nos momentos vagos da minha vida, as lembranças invadem e fico assim. Eu só queria não pensar, mas aí vem; é instantâneo. — finalmente olho nos olhos dele, que chora. Aquilo me deixou com dúvidas, mas ao mesmo tempo me fez voltar a chorar. — Por que isso comigo? Por que as pessoas conseguem um relacionamento que ainda com lutas, mas consegue? Por que comigo tem que haver coisas macabras por detrás? Por que? Já fiz de tudo para tirá-lo do meu coração, mas ele não sai.
— Queria ter todas as respostas só para tirar esse peso de suas costas, minha menina? —suspira. — Queria ser canal de benção para você, queria ser ponte, um meio de transporte... Qualquer coisa só para não te ver mais desse jeito.
— És mais que essas coisas para mim, pai. Não sabe o quanto me inspiro em sua história. — sorrio. — Só peço a Deus que retire os fardos que carrego. E se esse fardo for em vão? O que farei?
— Não acredito que deva desistir. Por mais que... Me desculpa, filha, mas minha vontade é de arrebentar esse garoto. — diz, me fazendo rir.
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MARESSA em Prova de Fogo. (Concluído)
SpiritualObra concluída ✔️ Obs: para entendê-lo, é necessário ler o livro "LO-RUAMA". Caso não queira, vai ficar complicado assimilar algumas partes da história. Obrigada. ❤ BOA LEITURA 💕