5.2

474 113 6
                                    

    Mais um final de semana chega e hoje resolvi fazer uma faxina no meu quarto, pois, mais tarde, passarei o resto do dia com meus amigos. Temos uma novidade: iremos buscar Emanuelle na rodoviária.
  Ethan está tão contente com tudo isso. Por um momento desejo muito que eles assumam, logo, esse relacionamento.

— Não, não, não! — me desesperei. A caixa em que guardava todas as minhas cartas caiu dentro do balde com água. — Não. — meus olhos umedecem. Consegui recuperar apenas duas e nenhuma delas foram dedicadas a Diego. — Não acredito que fiz isso. Por que?

  Não conseguia entender como aquilo poderia ter acontecido. Sei que é necessário perder todos os vínculos, porém aquelas cartas não me chamavam atenção nos meus momentos vagos. Evitei de todas as formas ler para não me decepcionar.

  Durante o almoço, fiquei distraída enquanto todos conversavam alegremente. Meus pensamentos estavam longe agora. E não sabia como me encontrar. Tudo me lembrava as cartas que escrevi com tanto amor, com tanto sentimento. Era a única coisa que restava e que me ligava a ele.

— Estás muito distante. No que pensas? — Ethan pergunta, baixinho.

— Hum... Nada. — murmurei. Tenho certeza que se dissesse a verdade iria  me questionar até perder o fôlego. Afinal de contas ele tem razão. Está gastando palavras comigo.

— Bom, agora que a mesa está posta, vamos fazer uma oração e gostaria que Malik desse uma saudação.

   De uma coisa é certa: se meu pai começa a chamar alguém pelo sobrenome ou por pelido é porque, realmente, gostou da pessoa.

— Curvem suas cabeças e fechem seus olhos. — ordena. — Santíssimo Deus, Eterno Pai, pedimos permissão para entrar em Tua presença. Reconhecendo que somos fracos, pecadores, vacilantes e pedindo perdão por tudo. Agradecemos por essa mesa, por esse alimento de cada dia. Também peço por aqueles que não têm o que comer no dia de hoje, desejo que o Senhor toque no coração dos seus missionários, dos evangelistas para doar um prato para alguém que precisa, ó Pai. Quantas vezes nós desperdiçamos um resto de um alimento e não lembramos de alguém que não teve sequer um grão de feijão para colocar sobre a boca. Perdoa-nos Senhor por nossa ingratidão. Amém.

— Amém. — disse todos.

— Ethan, por favor... — pede para que ele dê continuidade.

— Sim. Segunda Coríntios, capítulo quatro, versículo dezessete: "Pois as aflições leves e passageiras estão produzindo para nós uma glória incomparável, de valor eterno." Sendo assim, que possamos permanecer firmes nos pés do Senhor. Deus é maravilhoso. Ele usa as coisas loucas deste mundo para confundir aqueles que dizem saber alguma coisa. Que deus de Barro, de gesso, de pedra diria que as nossas aflições produziria uma recompensa? Às vezes fico viajando quando Paulo revela que qualquer coisa que fizermos para o Senhor, haverá recompensa. Se renunciarmos, haverá recompensa, se continuarmos  haverá a recompensa, se não recuarmos, haverá recompensa. E daí a gente percebe que o tempo não nos espera. É uma corrida. E precisamos alcançar o prêmio, que é a salvação. Deus vos abençoe.

  Todos aplaudem.
  Que orgulho desse meu amigo.

— Pai, posso falar uma coisa? — Eloá pergunta um pouco tímida.

— Diga princesinha.

— Quando Ethan palavra sobre tribulação, me lembrei do que Rabi estava conversando comigo outro dia desses. Dizia-me: "¹Somos tratados como desconhecidos, embora sejamos conhecido por todos; vivemos à beira da morte, mas eis-nos aqui, ainda bem vivos. Temos sido maltratados, porém, guardados da morte. Nossos corações doem, mas ao mesmo tempo temos a alegria do Senhor. Somos pobres, porém damos ricos presentes espirituais aos outros. Nada nos pertence, mas na verdade possuímos  tudo."

MARESSA em Prova de Fogo. (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora