“Karma, por amor de Deus, despacha-te!” Ouço a minha mãe gritar.
Tento levantar-me do sofá, mas é mais forte do que eu, faz parte da minha vida – sim, o sofá – vou sentir falta dele e de todos os momentos que passámos juntos, desde ver filmes a ver desenhos animados. Tento novamente levantar-me do sítio onde, provavelmente, conseguia passar o resto da minha vida a comer pizza e a ver TV. Quando finalmente o meu cuzinho se encontra fora do meu querido sofá – também conhecido por bebé – cruzo os braços e bufo para a grande mala de viagem que se encontra à minha frente.
“Anda, mexe-te!” Ordeno ao objeto inanimado, mas nada acontece. Desde quando é que as malas ganham vida? Acabo por desistir de fazer a gigantesca mala se mover e limito-me a transportá-la para o hall, onde a minha mãe me espera impacientemente.
“Mãe, tenho mesmo de ir?”
“Ir para Cabo Verde vai-te fazer bem. Vais conviver com pessoas e não vais passar as férias de verão fechada em casa, deitada no sofá a comer porcarias e mandar vir com todos!”
“Tu sabes que eu não tenho facilidade em relacionar-me com pessoas.” tento dar a entender que a minha mãe está errada sobre ir num intercâmbio as férias de verão todas. “Bem, tu vais ter saudades minhas, mãe.”
“Chega Karma! Tu vais para aquele intercâmbio.”
“Ok, tudo bem. A tua filha vai morrer derretida e vais-te sentir culpada, estou só a avisar-te!”
A viagem até ao aeroporto foi feita com a cabeça de fora a berrar as músicas da Lana Del Rey. É por isto que não tenho amigos, todos eles se assustam comigo, nem falo do meu cabelo rosa, mas sim do meu invulgar comportamento. Não tenho amigos, não gosto de pessoas, vivo bem assim.
Dirigi-me até ao meu respetivo lugar e agradeço mentalmente ser o lugar do lado da janela, assim posso pensar na merda que sou e na merda que é a minha vida. Sim, sou uma adolescente deprimida. Decidi aproveitar, estiquei as pernas e ocupei os restantes bancos. Fecho os olhos na tentativa de me fazer transportar para casa, estar deitada no meu bebé, que é mil vezes mais confortável do que estes míseros bancos.
“Será que te podes sentar como as pessoas normais?” Abro os olhos ao ouvir uma voz rouca.
“Eu sou uma pessoa anormal.” Ele solta uma gargalhada e é então que reparo nos seus cabelos cacheados e nos seus olhos verdes – nada mal para quem vai passar as férias de verão em Cabo Verde, aposto que as Cabo Verdianas vão gostar bastante dele.
Sento-me como “as pessoas normais” e minutos depois sinto o avião a descolar, encosto a minha cabeça ao vidro e imagino estar num filme, em que uma música nostálgica toca e eu observo a paisagem, mas na realidade, a música de fundo é o velhote, que se encontra sentado ao lado do rapaz de caracóis, a mastigar uma pastilha de boca aberta – tal e qual um porco a comer a lavagem. Reviro os olhos ao sucedido e uma pequena gargalhada faz-se ouvir, olho para o rapaz normal ao meu lado e franzo as sobrancelhas.
“Harry.” Ele sorri.
“Olha que bom. Pena é que não te perguntei nada.”
“És complicada.”
“Apenas não gosto de pessoas.” Digo-lhe e volto a olhar pela janela e imagino-me – novamente - num filme em que a minha vida é perfeita, onde eu como de tudo e não engordo.
“Parece que vamos ter de partilhar a mesma casa, quer tu gostes de pessoas ou não.” Ele encolhe os ombros.
O mastigar do senhor careca e gordo ao nosso lado ficou ainda mais alto, Harry pegou numa pastilha e começou a mastigar ainda mais alto que o mastiga-lavagens – nome acabado de inventar para o velhote que se encontra ao nosso lado. Ri-me levemente.
“Karma.” Apresento-me.
De alguma maneira, este rapaz acabara de obter de mim, algo que nunca outro conseguira antes – estranho, não? – eu disse-lhe o meu nome de livre vontade, mas que há de errado comigo, hoje?
“Queres uma?” esticou-me o pacote de pastilhas, acenei positivamente com a cabeça.
Tanto eu como o Harry mastigávamos a pastilha mais alto que o senhor gordo, careca e pai de mais de 12 filhos, caímos numa gargalhada assim que o senhor começou a mastigar de boca fechada e começámos a comportarmo-nos como pessoas decentes – eu, decente? Uau.
“Karma, hum… interessante…” murmura.
“Interessante é o meu bebé que se encontra em Londres, aposto que tem saudades minhas."
PARA QUEM NÃO PERCEBEU ELA VAI PARA UM INTERCÂMBIO EM CABO VERDE E VÃO FICAR EM CASA DE PESSOAS DE LÁ, O INTERCÂMBIO É COM MUITAS PESSOAS, MAS SÃO DISTRIBUIDOS 2 A 2 POR CASA. DEPOIS VOCÊS PERCEBEM....
EU SEI QUE ISTO ESTÁ UMA MERDA, MAS PERDOEM-ME!!! É SÓ O PRIMEIRO CAPÍTULO, DEPOIS ISTO VAI COMEÇAR A SER MELHOR
ACHO EU
OU ENTÃO NÃO PORQUE EU SOU UMA MERDA
OK DESCULPEM
NINGUÉM VAI LER ISTO, MAS ADORO QUEM LER <3333
ok, não digo nada de jeito
VOCÊ ESTÁ LENDO
KARMA »h.s.
FanfictionA descoberta do amor pode mudar as pessoas. E foi isso que aconteceu com Karma, após ter conhecido Harry. Uma típica rapariga fria que descobre sentimentos ocultos na escuridão do seu pequeno e congelado coração, que vive momentos inesquecíveis num...