Trinco com força o interior do meu lábio inferior – sendo esta a única maneira de não chorar. É óbvio que não vou chorar, não por uma pessoa que conheço há uma semana e dias. O meu coração aperta e eu sou levada a encarar o chão.
Não podia ter sido mais humilhada, foda-se Karma, o que te deu? Mas que caralho?
“Não, Karma, não é isso! Foda-se!” Apressa-se a dizer. Uau, desculpas.
Eu já sabia que ele era um idiota e já tinha tido provas disso, mas mesmo assim ele é o único ser que posso – podia – considerar como amigo. É como se eu o quisesse preservar por ser o único desde que nasci. Ele já me deu provas suficientes que não necessita da minha tolerância – que é mínima.
“Seja lá o que for eu não quero saber!” Encaro o moreno. “Não sei o que me deu, só sei que não foi saudável, também sei e tenho a certeza que quero que tu te fodas. Não dou uma merda por ti.” Encolho os ombros para demonstrar o meu desinteresse.
“Sabes que se fosse por desejos eu tinha-te beijado, foda-se eu quero…” ele molha os seus lábios com a língua e prossegue “ E se quero…” Ugh que nojo, não quero mais saliva dele na minha boca. Nunca mais. “Só que eu não quero estragar esse pensamento cor-de-rosa que tens em relação a este tipo de coisas, eu não sou o teu príncipe encantado e eu já estraguei o teu primeiro beijo…”
Não me relembres isso ou eu parto-te uma perna com os dentes.
“Okay, preciso que tu te cales.” Reviro os olhos.
“Desculpa se acabei com o teu bom humor!” Harry brinca.
“Fizeste-me das piores coisas que podes fazer a uma rapariga, Harry!” relembro-o enquanto caminho em direção à areia.
Eu não estou magoada com ele, eu já sabia que ia ser rejeitada – aliás, sou sempre – mas também não esperava que o Harry não me beijasse, seja como for eu ia cometer um erro e prefiro passar isso à frente. Continuo a mesma Karma detestável.
“Eu sei que sim, mas já te expliquei as razões.” Tenta desculpar-se mais uma vez.
“Esquece isso, a sério. Não sei o que me deu é, provavelmente, a maior vergonha da minha vida” encaro o moreno “E tu sabes que já passei por muitas!”
“Como é que consegues simplesmente ignorar as coisas?” as suas pupilas estão extremamente dilatadas e o brilho no seu olhar é demasiado intenso para que continue a explorar a sua floresta verde.
“Porque apesar de seres o único rapaz de quem me aproximei, não significa que tenha sentimentos por ti. É por isso que consigo ignorar as coisas.”
Por muito que odeie esta casa, ela já se tornou especial para mim, pois neste mês que cá estou já aconteceram tantas coisas. Já vi ratos, já parti copos e jarrões, já dancei, já fiz uma divisão na cama, já discuti, já me ri, já lutei contra uma gaveta, já comi lasanha, já me senti sozinhas, mas acima de tudo já senti que estas pessoas realmente gostam de mim. Talvez eu já não seja a mesma Karma, talvez eu esteja diferente.
O sangue parece não estancar enquanto Harry trata carinhosamente o meu corte. Não sei o que é que esta casa tem contra mim! Será que é o meu cabelo rosa ou o facto de eu ser pequena? Quero voltar para casa, oh.
“Como fizeste isto, cabelo rosa?” Limpa levemente com um pano molhado o sangue existente pela minha mão.
“A faca estava no sítio errado à hora errada.” Sorrio fracamente devido às dores que o objeto cortante me proporcionara.
“O jantar está pronto, falta muito aí?” Anna pergunta preocupada.
“Não, está quase.” Harry sorri.
“Tenho uma proposta para vocês!” O lindo sorriso de Anna está exposto. “O meu patrão vai casar-se e bem, eu e o Peter vamos e não vos vamos deixar em casa. Pronto, querem vir a um casamento, os dois?”
“Os dois?” Harry pergunta surpreso.
“Aqui também há casamentos?!” Interrogo horrorizada.
Como assim aqui há casamentos? As pessoas ainda se casam? Tenho medo de casamentos, não quero ser engolida por zombies. Temo pela minha vida.
“Vão ser o casal mais fofo de lá!” Assim que Peter acaba a sua frase Harry pressiona com força o meu corte.
Vai-me arrancar a mão, vou ficar coxa da mão.
“Harry!” Guincho com a dor, ele olha-me confuso “Estás a aleijar-me!”
Quão idiota é? Quase morri.
“Desculpa, cabelo rosa.” Acaba o tratamento com um penso.
“Obrigada, morsa.”
Não me valeu de muito protestar contra ir aquele casório, visto que tinha três pessoas contra mim. Como é que as pessoas podem acreditar em coisas como casamentos e amor? As pessoas precisam de acordar para a vida.
O meu estômago revira-se quando penso no que as pessoas vão pensar assim que me virem com o Harry; “Oh, mas que belo casal!” “Ficam muito bem juntos, parabéns!” POR AMOR DE QUALQUER SANTO NÃO! Porquê? Porque é que as pessoas são assim, falsas? É óbvio que ninguém da geração de Anna e Peter vai gostar de mim, muito menos os seus patrões… não faz parte do seu estatuto social o meu cabelo rosa.
Nunca vou conseguir manter uma relação ou entrar numa e tenho a certeza disso.
“Será que não posso ir de calções ou calças? Odeio vestidos!”
“És linda de qualquer maneira!” Deixa escapar um piropo e um sorriso convencido.
ÉS UMA PUTA HARRY.
Antes demais, LEMBRAM-SE DA PRIMEIRA REGRA DA KARMA? NUNCA AGRADECER NADA? POIS, ELA AGRADECEU AO HARRY!!!!!!!!
Segundo, ELES VÃO A UM CASAMENTO OLARÉ!!!!
PEÇO IMENSA DESCULPA POR ESTE CAPÍTULO DE CACA, MAS EU VOU ADORAR ESCREVER OS PRÓXIMOS DOIS, OPÁ TÃO LINDOS NÃO SEI.
preciso de votos e de comentários
o que acham que vai acontecer no "casório"???
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KARMA »h.s.
ФанфикA descoberta do amor pode mudar as pessoas. E foi isso que aconteceu com Karma, após ter conhecido Harry. Uma típica rapariga fria que descobre sentimentos ocultos na escuridão do seu pequeno e congelado coração, que vive momentos inesquecíveis num...