Capitulo 7 - Garanhão

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“Estás parva?” o seu tom está estridente – demasiado até para os meus ouvidos. “Quem é que pensas que és? Achas que podes vir lá parvolândia onde todos vivem felizes com os seus unicórnios e cabelos rosa e mandares em tudo?”

Eu quero bater-lhe, quero bater-lhe tanto. Furar-lhe os olhos. Torturá-la. Wow, eu posso ser uma pessoa extremamente má, isto é psicótico.

Uma pequena multidão de pessoas estavam a olhar-nos escandalizadas. Por muito que não goste de chamar à atenção, eu não quero saber do que pensam.

Antes que eu pudesse atacar novamente a loira oxigenada, Harry apressa-se a agarrar-me. Aperta-me contra si, tento libertar-me do seu aperto, mas é inútil lutar contra a sua força – que é equivalente a 5 morsas, comparada com a minha.

“Karma!” Diz arreliado, ainda apertando-me contra si.

Foda-se Harry, larga-me!” Grito enquanto tento escapar dos seus braços.

“Não te largo enquanto não te acalmares.” Sussurra-me.

De certa maneira a sua voz, acalmou-me. Assim que Harry me soltou correu até Amy que estava a fazer uma grande fita.

Eu devia ter-lhe arrancado a cabeça, em vez de lhe ter deixado a cara vermelha.

Eu não esperaria outra reação de Harry, como é que eu pude sequer pensar que nós poderíamos estar num bom caminho para uma amizade? Ninguém me atura e eu tenho bem noção disso. Mal teve oportunidade Harry ignorou-me, como toda a gente faz.

Eu sou um bicho do mato. Quero mesmo comprar um zoo e mudar-me para lá.

“Amy, estás bem? Oh Deus!” Passou a mãos pela sua bochecha vermelha devido ao impacto da minha mão na sua cara. “Desculpa, ela não pensa antes de agir.” Conforta a sua querida amiga.

Sim, é verdade, parece que todo o mundo está contra mim. Quem não estaria com uma rapariga de cabelos rosa que aparenta ser uma criança?!

Abandono o local e caminho sem ter bem a certeza por onde, caminho durante minutos que mais se parecem a horas. Finalmente avisto as couves e a mangueira remendada, ando até à porta antiga e nem me atrevo a tentar abri-la, pois todas as minhas forças parecem ter sumido sem razão alguma. Bato à porta e espero impaciente para que alguém a abra, Anna aparece por detrás da porta com um sorriso amável que muda com o meu revirar de olhos.

“Não devias estar a divertir-te com o Harry?” Pergunta enquanto entro dentro de casa.

“Foi uma má ideia.” Andei até ao armário dos copos – já sei onde é – e tirei de lá um, enchendo-o de seguida com água e bebendo um pouco. “Não sou muito social. Acho que para além de eu não gostar das pessoas, as pessoas não gostam de mim também.” Olho seriamente Anna, na esperança que ela me diga algo para fazer ou até mesmo pensar.

Eu estou mesmo a falar com esta senhora sobre os meus problemas? Esqueçam, estou mesmo perdida. Ela deve querer-me pôr num manicómio.

“Karma, tu não podes simplesmente pensar que ninguém gosta de ti! Eu gosto de ti, o Peter gosta de ti.” Caminha até mim e coloca a mão no meu ombro – se fosse noutra altura partia-lhe o braço. “O Harry gosta de ti…” acrescenta, olhando-me profundamente.

“Está enganada.” Começo a andar em direção à sala. “O Harry não gosta de mim, é um sacrifico para ele passar todos os dias comigo nesta casa.”

Entro no quarto e fecho a porta, caminho lentamente até ao roupeiro, abro a porta e olho-me ao espelho. Passo levemente a mão pelo cabelo e vejo alguém, alguém que não é a Karma. Alguém frágil e vulnerável.

KARMA »h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora