Capítulo 16 - Carência

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[ Mudei a capa espero que gostem, preciso de opiniões. Boa leitura! ] 

Nunca pensei em vir a ter saudades desta casa que, noutra altura, chamaria de espelunca. Cabo Verde nunca pareceu uma boa solução, um intercâmbio também não, mas a verdade é que me tenho sentido alguém aqui, coisa que não acontecia na grande cidade onde vivo: Londres. É possível ter-se saudades de uma casa em que o chão range, a porta da entrada é muito mais frágil do que eu, existe ratos na casa de banho, quartos estranhamente vazios, antigos e assustadores, uma cozinha a cair de podre e acima de tudo pessoas. Pessoas de bom coração, pessoas que necessito de ter sempre comigo. Amigos.

 O cansaço é muito, assim como a necessidade de tomar um bom banho. Eu até tomava banho se o atrasado mental do Harry não estivesse na casa de banho há mais de meia hora.

Bato à porta do pequeno cubículo – também conhecido por casa de banho – com muito mais força do que julgava ter.

“Harry, seu caralho, demoras muito?”

Tanto tempo no banho e sempre tão mal cheiroso. Quase tive pena dele agora!

Em resposta, a porta abre-se e juntamente com o rapaz de caracóis sai também fumo ou vapor de água, não me julguem, não dou uma merda pela escola. Parecia quase um cenário de filme, os seus abdominais expostos, os seus boxers pretos da Calvin Klein, os seus caracóis caídos e molhados e umas quantas raparigas com uma explosão de ovários. Eu poderia passar o resto do tempo a mirá-lo e a… elogiá-lo? Mas prefiro, sinceramente, continuar a nutrir aquele ódio de estimação que sinto por ele, lá no fundo, bem lá no fundo.

“Podes ir. Já não aguento o teu cheiro!” Responde Harry. Oh, olha que engraçado, quase ri!

“Estiveste mesmo a tomar banho ou a brincar com esse amiguinho genital que dizes ter? É que demoraste bastante tempo e continuas a cheirar a banha de porco!” Riposto. É guerra que ele quer é guerra que ele vai ter.

Dito isto, abandono a nossa querida e estimada conversa e entro no cubículo que escorria mais água do que eu quando apanho demasiado sol e transpiro.
Tomei o necessário e relaxante banho e dirigi-me ao quarto que partilho com aquela abentesma.

“Fecha a porta.” Harry pede assim que entro no quarto. O que não deixa de ser assustador, pois parece que me vai violar e comer viva. “Deita aqui.” Bate com a mão no lugar livre ao seu lado.

Eu sabia! Adeus querida inocência.

“Vais-me violar?” Pergunto enquanto fecho a porta atrás de mim.

“Primeiro, se te quisesse violar já o teria feito; Segundo, não iria ser uma violação pois era algo que, pelo menos tu, querias e terceiro, mas não menos importante, prometeste não ser má.” Indaga o meu estúpido companheiro de quarto.

Sexo com ele é algo que EU queria? Desde quando?

Ele está a levar a conversa para o caminho menos acertado e eu estou com vontade de lhe arrancar aquele nariz fora e fazer canja para servir a morcegos.

“Era algo que EU queria?! Andas a sonhar, Harry. Andas mesmo.”

“Não precisas de esconder?” Faz uma espécie de pergunta retórica que me dá vontade de lhe vomitar em cima.

“Estás a ser uma merda e eu estou a fazer um esforço para não te mandar foder de vez.”

Quem é que ele pensa que é? O Sr. Irresistível que tem todas que quer? Oh, desejo-lhe muita sorte com as suas amiguinhas putas porque comigo isso não funciona assim.

KARMA »h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora