Capítulo 4 - Vou ser raptada!

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“Está ali um rato, mesmo dentro da banheira!” Tremo no seu colo, ouço uma gargalhada abafada vinda do rapaz de olhos verdes.

Quero-lhe arrancar os cabelos um por um por se estar a rir de mim, mas a verdade é que tenho um grande pavor a ratos e só me resta rezar para que caia um grande raio em cima daquele animal quase sem cérebro e que os deuses do olimpo o comam grelhadinho. Isto tudo para dizer que não posso fazer nada ao moreno que se ri de mim, eu pareço patética com este medo. E esta deve ser a única altura em que eu preciso de pessoas, preciso que matem aquele animal e que o levem para longe.

“Harry, por favor, mata-o.” Sussurro-lhe ao ouvido, enquanto me agarro ainda mais a ele, a sua pele arrepia-se assim que o meu bafo bate no seu pescoço. Nunca tinha tido este efeito em ninguém – também nunca me aproximei de ninguém.

Harry suspira pesadamente e coloca-me do lado de fora da casa de banho, fechando a porta de seguida. Ouço alguns barulhos no interior da pequena divisão, quando o moreno sai com a criatura já morta e embrulhada em papel higiénico a minha cara vira-se automaticamente. Volto à casa de banho, – a grande custo, digo desde já – apanho a roupa interior do chão e coloco-a em cima do pequeno móvel, abro a água quente e retiro as peças de roupa que cobrem o meu corpo, estranhamente perfumadas com o cheiro de Harry.

Se eu fosse uma pessoa simpática, eu teria esperado por ele e agradecer-lhe, mas como eu não sou isso não me importa. Regra número 1: a Karma nunca agradece nada. O meu subconsciente grita comigo por ter estado no colo daquele rapaz. Estava eu tão inconsciente ao ponto de cair redondamente nos seus braços? Como é que eu permiti todo este contacto físico? Quem é que eu quero enganar? Sou uma adolescente deprimida e o medo tomou conta de mim.

Quando o meu banho terminou os Brown já estavam em casa e eu agradeço muito – quer dizer, eu não gosto de pessoas, mas sempre é melhor do que estar sozinha em casa com o Harry.

A abentesma estava sentada no banco de madeira que serve de sofá, estava focado num livro e eu presumo que já não tenha qualquer tipo de sanidade mental, pois na minha mente os livros comem sanidade mental e tornam-te uma pessoa sem ideias próprias. O rapaz tira os olhos do livro e fita-me com o seu olhar demasiado intenso. Não estou habituada a ter pessoas a olhar para mim da maneira que ele olha, geralmente olham-me escandalizados, mas desta maneira não. É assustador.

Levanto-lhe o dedo do meio.

“Porque é que me estás a levantar esse dedo?” Ele pergunta com um sorriso torto.

“Olha, se calhar é porque estou a bronzeá-lo!” Respondo ironicamente.

Continuo o meu caminho até à cozinha.

“Então, como foi o teu primeiro dia aqui?” Anna pergunta enquanto põe a mesa para o jantar.

Ah, foi muito bom, trabalhei muito. Dividi uma cama, encontrei preservativos numa gaveta da cozinha, um semi conhecido gozou comigo porque sou virgem, vi um rato quando estava para ir tomar banho e acabei no colo da abentesma- também conhecido por semi conhecido.

“Cansativo.” Ocupo uma cadeira. “Para não dizer que foi péssimo.”

Harry entrou na cozinha e ocupou a cadeira ao meu lado.

“Amanhã podiam aproveitar para ir à praia.” Peter põe a embalagem com comer na mesa. “Encontrei alguns instrutores do intercâmbio hoje e eles dizem que a maior parte do pessoal anda todo na praia.”

Ignoro completamente a conversa que Peter está a tentar ter, os meus olhos abrem-se e, no meu interior, está a haver a real festa, com fogo de artificio, muitas bebidas e muita dança. Obrigada meu querido Deus, o que posso fazer por ti?

“LASANHA!” murmuro apaixonadamente.

Anna sorri ao ver a minha cara de cachorrinho abandonado e decide servir-me. Ao menos aqui há comida boa. Obrigada, obrigada, obrigada!

“Hmm, Karma?”

“Sim, Harry?” Digo enquanto lambo o garfo.

Porque é que ele insiste em colocar lá o “Karma”? E porque é que eu insisto em colocar lá o “Harry”? Pensar enquanto como lasanha? Não resulta!

“Logo vou sair com umas amigas, queres vir?”

“Umas amigas? Quem é que tem amigas?”

“Talvez as pessoas normais?”

Lá está ele com a merda das pessoas normais. Porque é que as pessoas têm que ser normais? Porque é que temos de seguir um estereótipo? Não quero fazer o que toda a gente faz, eu não sou assim, nem quero ser.

“Ah sim, claro!” Reviro os olhos. “Não vou.”

“Devias ir, ias adorar a ilha!” Incentiva Peter.

“Não deve haver nada para fazer cá!” encolho os ombros e foco-me na minha deliciosa lasanha.

Já não me importo se morrer gorda, quero lasanha para o resto da minha vida.

“Tu é que sabes.” Carranca.

“Desculpa lá se não sou uma «pessoa normal» e se não tenho amigos.”

“Há muito que fazer cá, a noite em Cabo Verde é muito boa, segundo os turistas!” Anna sorri nervosamente enquanto tenta evitar uma discussão.

“Dispenso, o Harry que se divirta com as suas amigas. Eu prefiro ficar em casa a deprimir.”

“Vou divertir!” Harry sussurra-me. Ainda bem! Reviro os olhos.

O Harry já tinha saído de casa há cerca de 2 horas e eu estava deitada no banco de madeira daquela divisão a que chamam sala, as moscas a acasalar no teto era a coisa mais interessante nesta casa – acreditem ou não.

Ouvi os pesados passos de Peter no soalho e um som estridente vindo de um rádio… como assim um rádio?! Em cabo verde há rádios, portanto há televisões? Oh meu deus, de repente a minha vida começou a fazer sentido.

Anna e Peter dançavam ao som da música típica de Cabo Verde e eu acabei por entrar na dança. Fazia os passos mais estúpidos que conseguem imaginar e acabei por cair.

“Céus, Karma! Estás bem?” Anna pergunta enquanto me ajuda a levantar.

“Eu estou...” Reparo nos pedaços de porcelana espalhados pelo chão. “Bem parece que parti o jarrão!” Sorrio nervosamente. “Eu compro um novo!”

“Não precisas, querida!” Anna diz enquanto apanha os cacos do jarrão.

**

O tempo parece não passar e o calor consome-me, tirando-me assim o sono. Será que Cabo Verde não entende que eu necessito do meu sono de beleza? Eu não sou eu quando durmo menos de 10 horas; o meu cérebro não trabalha – ele nunca trabalha, mas enfim – torno-me ainda mais anti social e a minha revolta para com o mundo fica ainda maior.

Vou em bicos de pés até à cozinha, pois não quero acordar os Brown. Desde quando é que me preocupo com os outros? Este calor faz-me mesmo mal. Procuro pelos armários copos e, após vários minutos de pura caça aos copos, finalmente os encontro.

Um barulho na porta é ouvido, o meu coração acelera automaticamente.  FODA-SE COMO É QUE EU NÃO ME LEMBREI QUE ESTAS CASITAS NÃO DÃO PARA TRANCAR A PORTA? Oh meu deus, vou ser raptada, eu sabia que uma pérola como eu nunca deva ter vindo para um sítio como este.

 A porta abre-se e o copo que estava na minha mão, cai. 

DESCULPEM MAS ESTOU A BRONZEAR O MEU DEDO! QUERO VOTOS OH E QUERO COMENTÁRIOS OH 

A KARMA SÓ FAZ ASNEIRAS, OOPS. 

ESTÁ QUASE A COMEÇAR A ESCOLA! 

AJUDA! 

NEM TENHO OS LIVROS AINDA. 

ok, beijos!!!!!!!!!!!!!! 

KARMA »h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora