Capítulo 2

554 38 16
                                    

Tento arrastar a minha mala pelo aeroporto, repleto de formiguinhas que se encontram na mesma situação que eu. Odeio pessoas e porque é que elas insistem em ficar no mesmo sítio que eu?

“Olhe, importa-se de sair da frente? Caso não tenha reparado estou carregada e não tenho a sua vida!” Vejo uma senhora que aparenta ter os seus quarenta anos a franzir as sobrancelhas – que muito sinceramente me dá vontade de arranca-las só pela maneira que ela olha para mim – a figura assustadora à minha frente, finalmente, se move. “Mosca morta.” Deixo escapar.

Já farta de carregar a gigantesca mala, – que é capaz de pesar mais do que eu, sem brincadeiras… ok talvez não tanto. – Observo cerca de trinta pessoas a segurar papeizinhos com os seus apelidos. Oh boa e agora?

Bufo e sento-me no chão como uma criança mimada a fazer uma birra, encosto a minha cabeça à mala e fecho os olhos na tentativa de cair num sono profundo e que se esqueçam de mim aqui. Se eu ficar perdida provavelmente volto para casa? Oh yeah, é mesmo isso. Ninguém me conhece, ninguém sabe o meu nome e olá bebé, que saudades que tive. Ouço passos e vozes de pessoas irritantes a desviarem-se de mim, ninguém parece dar por falta da minha presença e eu agradeço por isso. Quero ficar sozinha com um zoo em casa.

“Karma…”

“Quero que te fodas e me deixes dormir, sejas lá quem fores.” Digo ainda com os olhos fechados, recusando-me a ver a pessoa. “Como é que sabes o meu nome? Ninguém sabe o meu nome!” Abro repentinamente os olhos e vejo o rapaz de cabelo encaracolado à minha frente, a sorrir-me. Porque é que ele está sempre a sorrir? Tenho vontade de lhe arrancar os dentes, fazer sopa com eles e de seguida cozer-lhe a boca.

“Eu e os Brown estamos à tua espera, anormal.” Franzo as sobrancelhas. Está a abusar da confiança – que, por acaso, é nula – e não estou a gostar.

“Olha lá, só por saberes o meu nome não significa que me possas chamar aquilo que quiseres ok? Não te dei confiança para isso.” Digo rabugenta.

“Disseste-me o teu nome, portanto eu chamo-te como bem me apetecer.” Encolhe os ombros. Mas que lata, fala como se fosse uma conquista saber o meu nome bem, na verdade é, mas adiante – e como se saber o meu nome fosse uma prova que podia abusar da confiança.

Levantei-me do chão e segui o Harry com aquela que agora chamo de melhor amiga obesa, mas amável – a minha mala. Avisto um casal – bastante novo, por sinal. – e suponho que sejam os Brown. Ela estava vestida com um lindo vestido preto que lhe assenta perfeitamente acima das suas coxas – sou sincera, se alguma vez usasse um vestido iria ser aquele. – Ele estava apenas com uns calções de ganga e um polo, bastante simpático. Até os polos conseguem ser mais simpáticos que eu.

“Tu deves ser a Karma!” A senhora diz amavelmente – até demais, saliento. “Eu sou a Anna. “ Aponta para o homem ao seu lado “Ele é o Peter, o meu namorado.”

“Era suposto vocês serem uns velhos que mal se arrastam… não percebo.” Reviro os olhos e a minha boca abre-se. “Ah e se morrer – é o mais provável, pois não vou aguentar este calor por muitos mais dias – quero ser cremada.” O casal dá uma pequena gargalhada.

“Estou a ver que não vai ser nada fácil conviver com a menina de cabelos rosa!” Diz Peter.

Olha que engraçado, um garfo pela goela abaixo.

“Só preciso do meu bebé, pizza e uma cama.” Encolho os ombros.

Saímos do maldito aeroporto cheio de baratas tontas de um lado para o outro a falarem numa língua completamente desconhecida para mim. Peter vê-se atarefado com a minha mala e eu finalmente posso correr como uma gazela livre pelos verdes campos com os passarinhos a cantar.

“Corre, gazela, corre!” Berro enquanto ergo os braços e dou pequenos saltos, deixando as pessoas a olharem para mim.

“Será que podes parar? Estás a envergonhar-me…” Harry sussurra-me.

“Será que podes deixar de falar comigo? Estás a dar-me comichões, abentesma. “

Os Brown param em frente a um carro com cerca de cento e vinte anos que nem para trancar dá, penso duas vezes antes de entrar no carro, mas o que poderia acontecer? Bem, podia ser engolida pela carripana, mas que importa? Assim não teria que aguentar este calor e a minha convivência com este ambiente e claro, PESSOAS.

Eu e o Harry fomos deixados naquela grande casa, com um enorme jardim e um sistema de rega que me irá proporcionar muita diversão! – Mentira, a casa é minúscula, e quanto a jardim? Temos um quintal com umas quantas couves, e o sistema de rega é uma mangueira cheia de remendos. – Não podia estar melhor.

A porta de entrada dá diretamente para uma cozinha, minimamente, apresentável. Pelo menos tem balcões, sitio para cozinhar e lavar a louça. Obrigada, deus que nem sequer acredito na tua existência. Senti o meu coração a despedaçar-se assim que entro na sala, nada de televisões, apenas um banco de madeira – no lugar do meu bebé – e uma enorme estante cheia de livros. Como é que vou sobreviver aqui? As palavras vão comer-me toda a minha sanidade mental – se é que tenho alguma – e vão coloca-la na lasanha onde toda a gente se poderá aproveitar da minha rica sanidade mental. Tal foi o meu espanto quando passo o pequeno quarto dos Brown e entro no quarto ao fundo do corredor, onde se encontra o moreno. O nosso quarto.

Uma grande cama de casal ocupa o quarto quase todo, dois quadros enormes e super assustadores encontram-se na parede da janela e um grande roupeiro está na parede em frente à cama.

“Como assim, cama de casal?” Deixo-me cair fortemente na cama – não sei como é que não se partiu, pois rangeu de uma forma assustadora. – “Diz-me que há outra cama, por favor.” 

ESTE CAPÍTULO FOI MAIS PARA PERCEBEREM COMO ISTO NÃO VAI SER FÁCIL E COMO É A CASA ONDE ELES VÃO ESTAR. AGORA É QUE VAI COMEÇAR A AÇÃO!!!!!!!!! 

era suposto este capítulo ser melhorzinho, mas é muito à base da descrição para perceberem que este ambiente não tem mesmo nada a ver com a Karma ahah 

MUITO IMPORTANTE: eu sei que muitos de vocês ficaram parvos por a história se chamar Karma e ela também, mas na verdade a história tem a ver também com o karma (enquanto crença). é isso, não sei se perceberam, mas ya, chama-se karma porque é o nome dela e porque vai existir a crença do karma na história 

isto não fez sentido. mas eu também não faço. 

ESPERO QUE GOSTEM xx 

KARMA »h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora