Capítulo 33

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Passaram exatamente três meses desde que abandonei a ilha. Ainda hoje consigo sentir a culpa a invadir-me as entranhas, mas na altura pareceu-me o mais acertado. 

Sinto-me sozinha e incompleta como sempre fui - até conhecer Harry. O meu coração ainda vibra com o seu nome, e o meu peito aperta quando me lembro do quão angelical e perfeito ele é. Não merecia que o tivesse deixado daquela forma, não depois de ter feito tudo por mim... Mas eu sou assim e, talvez, sempre serei. Foi a única altura da minha vida que fui genuinamente feliz e, monstruosa como sou, fui capaz de arruiná-la facilmente. 

Bastou uma conversa com a minha progenitora, eu estava realmente assustada e completamente apaixonada. Eu nunca tinha sido amada, muito menos tinha amado alguém, eu não tinha como lidar com isso porque eu não o sabia fazer. Mas agora estou pior. Não consigo lidar com este vazio, sinto-me como se tivesse deixado o meu coração naquela ilha, mas principalmente com aquele ser de olhos verdes e cabelos cacheados. Eu ainda o amo e, talvez, sempre o amarei. É demais viver com esta dor, mas pior que isso é não saber como remediá-la. 

Naquele dia pareceu-me o mais acertado, eu voltava para casa e todos ficavam melhores sem mim. O feedback positivo dos Brown ajudou a minha mãe a tomar a decisão que faltava - ela acreditava que eu estava pronta para voltar. Coitados, mal sabiam o que estavam a fazer quando orgulhosamente disseram que eu já conseguia falar e conviver com pessoas, que eu já não tratava mal toda a gente e que até achavam que eu estava completamente apaixonada. E era tudo verdade. A minha mãe ficou orgulhosa por ter encontrado o método infalível de "me curar", no entanto eu destruí-me. 

Lembro-me perfeitamente de fazer as malas e sair o mais rápido que podia sem me despedir de ninguém. Foi difícil convencer o Harry que estava só com sono e que não me apetecia mesmo ir à praia, mas quem sabe ainda lá fosse ter depois. Custou, doeu. Os Brown, esses também foram deixados sem uma única palavra de agradecimento. Liguei-lhes mais tarde a desculpar-me e a agradecer por tudo. 

Deixei uma carta para o Harry em cima da cama. O meu coração parte ao imaginar o seu desespero quando a leu. Como pude ser tão cabra?!

Quando descobri que afinal tinha um coração e que era capaz de amar pessoas, eu estraguei tudo. Pergunto-me se ele me odeia ou se algum dia seria capaz de me perdoar... Não o condeno, eu neste momento estaria a rogar-lhe umas quantas pragas. 

Acordo dos meus pensamentos quando o caderno que estava anteriormente no meu colo, está agora no chão. Arranco uma folha e apresso-me a escrever. Esta, quem sabe, é a minha última oportunidade e eu não posso perdê-la. 


❝  Não há como apagar o que fiz, nem como mudar o passado. Sempre quis um romance cor-de-rosa e fui eu quem o pintou de preto. 

Era mais fácil negar o amor que sentia por ti, do que enfrentá-lo e ser o que unicamente conseguia ser contigo: feliz. 

Descobri que tinha um coração e que ele não servia simplesmente para bombear o sangue até às extremidades do nosso corpo. Eu senti-o vibrar, senti-o entrar em erupção, senti-o em excitação e senti-o bater forte por ti. 

Nunca fui perfeita, mas também nunca pensei ser tão imperfeita. 

E é por isso que te peço desculpa. 

Desculpa por não ser suficiente; por fazer tudo errado, por ser tão idiota como sou. Eu sou assim, toda errada, toda cheia de defeitos. Desculpa-me por todas as vezes que não pude estar do teu lado, desculpa-me por errar tanto assim contigo.

Sabes, é difícil passar por cima deste meu orgulho, baixar a cabeça e mostrar o verdadeiro lado que está a doer por sentir a tua falta. E metade dele é ciúmes, junto com o medo de te perder e o peso na consciência de não ser "a pessoa que mereces". Desculpa Harry... por te amar tanto e depender tanto de ti, desculpa este meu jeito idiota de ser, de criança mimada e estúpida.

Eu amo-te e sempre te amarei. 

Com o maior amor do mundo,

Cabelo Rosa❞


Harry não tentou entrar comigo, talvez ele nem queira assim tanto saber. No entanto, eu tinha de tentar. Expus os meus sentimentos e escrevi-os. 

Apresso-me a sair de casa e a correr até aos correios mais próximos, não me importando com as figuras que fazia. Assim que avistei o edifício em pedra, apressei ainda mais as passadas e quase morri sem fôlego quando parei em frente à maquinazinha de tirar as senhas. 

Sete pessoas à minha frente, ótimo! Espero impacientemente pela minha vez e quando finalmente alcanço o balcão de informação a senhora diz-me que não é necessário atendimento ao balcão para mandar uma carta se esta não for com aviso de recessão. Sorrio ironicamente e apresso-me até às caixas no exterior do edifício. Se eu não fosse tão inculta e burra, isto não tinha acabado de acontecer. 

Já desesperada, deixo a carta cair na caixa do correio rápida. Dou por mim a olhar o céu, a juntar as mãos e a implorar aos Deuses do Olimpo por um milagre. 

PENÚLTIMO CAPÍTULO! não me matem!!!! 

O que acham que vai acontecer? vai correr bem ou mal?

EU ACHO QUE KARRY MERECE MUITOS VOTOS E COMENTÁRIOS!

com muito muito amor, happy catraia

KARMA »h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora