Arrasto-me lentamente para a cozinha, Harry ocupa a sua cadeira com um sorriso de orelha a orelha. Como é que as pessoas conseguem passar a vida a sorrir?
“Bom dia, cabelo rosa!” Fala alegremente.
Ignoro a sua saudação e sento-me no meu lugar, enterro a cabeça na mesa e agarro a minha barriga com força, na esperança que pare de doer. Devo ter feito mal numa outra vida para estar a passar por isto.
“Vem comigo, hoje.” Pede a medo.
“Foda-se Harry cala-te, estou num mau dia.”
“Estás sempre num mau dia, cabelo rosa.” Ri ironicamente.
“Ou te calas ou obrigas-me a cortar-te a cabeça!”
“Só quero que venhas comigo hoje, preciso de ti.”
“Estou a morrer, Harry.”
“Preciso de ti, Karma.”
Lá estamos nós com o joguinho dos nomes, quão irritante isto é?
Já cá estamos há uma semana e ainda não saí de casa, tudo bem que eu não gosto de pessoas nem de calor, mas estou demasiado deprimida hoje e, por muito que não queira fazer a vontade a Harry, eu preciso de sair desta amostra de casa. As moscas a acasalarem, o rádio com as músicas Cabo Verdianas e a cama com a divisão estragada, já não têm graça. Preciso de sair deste inferno, quero voltar para os braços do meu bebé, quero voltar para um sítio em que não esteja constantemente a escorrer água.
“Precisas de mim para quê?” Franzo as sobrancelhas.
“Companhia, apenas.”
Mentir é feio, Sr.Styles.
“Harry, tens chegado a casa sempre com o aroma a perfume feminino, como assim queres companhia? Tens que chegue e sobre!”
“Mas tu és diferente.” Arregalo os olhos.
Ah sim, já me esquecia que eu não sou uma «pessoa normal».
“Como queiras.” Acabo por desistir – muito mais rápido do que eu queria.
“Hoje estás demasiado deprimida e fácil, cabelo rosa…”
Não me digas. Eu estou uma merda. Eu sou uma merda. O Harry é uma merda. A minha vida é uma merda. É a esta conclusão que chego.
Caminho a lado de Harry pelas ruas de Cabo Verde e, se continuarmos a caminhar por muito mais tempo, vou acabar por derreter. O sol forte embate no meu cabelo rosa e dá-lhe mais brilho, sinto-me como uma estrela de Hollywood, mas a suar que nem uma porca. Avisto uma loja de sumos granizados ao fundo da rua, antes da avenida que dá para a praia.
“Oh, meu Deus! Que paraíso! Quero! Quero! Quero!” viro-me para Harry.
“Não.” Encolhe os ombros.
“Sim!” Saco do meu melhor truque – o beicinho. Pisco os olhos vezes sem conta e tento manter-me como uma criancinha. “Vá lá, Harry!”
“Não…”
“Eu faço tudo o que tu quiseres!” Digo sem pensar, mas o seu sorriso malicioso faz-me raciocinar no que acabara de proferir “Quase tudo.” Reviro os olhos.
“Ok, tudo bem. Desde que me venhas jantar comigo.”
“Não, nem penses! Estás parvo?”
“Então não há granizado para ninguém.” Ri ironicamente.
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KARMA »h.s.
Fiksi PenggemarA descoberta do amor pode mudar as pessoas. E foi isso que aconteceu com Karma, após ter conhecido Harry. Uma típica rapariga fria que descobre sentimentos ocultos na escuridão do seu pequeno e congelado coração, que vive momentos inesquecíveis num...