Capítulo 25 - Sozinha no mundo

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  Decidi sair do quarto assim que deixei de ouvir vozes. O que eu necessito agora é de estar sozinha e de me sentir menos “monstro”. Pensei em fazer um café bem forte, mas desde quando é que o café tira as dores de cabeça?

  Olho à minha volta e tudo me parece tão escuro e vazio, onde estão as pessoas? Eu tenho amigos sequer? Caio na realidade. Na dura realidade. Estou sozinha, não é que me importasse com isso antes, mas agora tudo mudou. Eu tenho medo de acabar sozinha e é o mais provável. Suspiro forte e fecho os olhos por uns segundos, tenho que me recompor.

  Caminho pela calçada cabo Verdiana, reparo na pobreza instalada que sempre me passou ao lado. Relembro quando Harry me beijou pela primeira vez, no meio da rua, eu não contava com tal gesto, eu nem sabia ao certo se sabia beijar e ainda agora me pergunto como é que o fiz, eu não sei, mas os nossos lábios pareciam encaixar tão perfeitamente e, por muito que eu estivesse chateada com ele por me deixar abandonada enquanto estava com Amy, foi o melhor beijo até agora. Por muito mau que tenha sido, foi o melhor. Sorrio com a lembrança.

“Gosto de ver meninas sorrir.” Comenta um pequenino perdido nestas ruas.

  A minha atenção voa até ele, parece esfomeado, mas mesmo assim o seu olhar é doce.

“Tens fome, pequenito?” baixo-me para ficar da sua altura. Ele assente com a cabeça e encara o chão com vergonha. “Toma.” Dou-lhe uns trocos que tinha no meu bolso. “Podes comprar comida com esse dinheiro.”

  O brilho nos olhos do pequenino aumenta de uma forma amável, embora eu saiba que era muito melhor se eu tivesse ido com ele e comprar-lhe comer, mas eu estou extremamente deprimida e não sou boa companhia para ninguém. O pequeno dá-me um grande abraço seguido de um beijo e, de alguma forma, anima-me um pouco.

“Obrigado!” Grita assim que prossigo o meu caminho.

  Tento seriamente afastar as memórias para longe, pois pareço estar a ficar psicopata, mas elas não param de chegar. Harry caminhava apressadamente atrás de mim, eu estava fula com ele, estava mesmo. Ele passara a noite fora e quando voltou o cheiro a perfume feminino inundava o quarto. Lembro-me de sair apressada e ele vir atrás de mim. Lembro-me dele me dizer que eu sou uma antítese e que ninguém me percebe, é óbvio que reclamei com ele, reclamei a sério e disse-lhe que ele não podia esperar que as coisas caíssem do céu. Mas ele contra argumentou em relação a eu estar sempre a afastá-lo e eu mandei-o esquecer-me e concentrar-se apenas nas suas amigas. Engraçado, eu estava com ciúmes… e ele disse-o. E eu realmente estava. E ele atirou-me isso à cara depois de lhe dizer que não precisava dele.

  O meu peito parece apertar-se, eu não sei que coisa do mal é esta, mas espero sinceramente que não seja amor.

  Avisto a loja dos granizados e tento ao máximo não me lembrar quando aqui vim com Harry e encontrámos Amy. Bufo e entro na loja. Isto é o paraíso, eu sinto-me um unicórnio, por muito que esses seres sejam irritantes.

“O que deseja?” Uma senhora loira pergunta-me do outro lado do balcão, fazendo-me acordar dos pensamentos.

“Hmm…” olho o placar acima da minha cabeça. Não quero um arco-íris. Demasiadas lembranças. “Bem, pode ser o azul e roxo.” Tento parecer simpática.

“Muito bem.” Sorri-me e pega num copo de plástico. “Como se chama?”

“Karma.” Reviro os olhos.

  Os dois minutos que estive à espera da bebida, pareceram-me horas. Eu estou literalmente sem paciência para pessoas, mas eu necessito delas. E acreditem, é das coisas que mais me custam a admitir.

  Recosto-me na cadeira e penso numa maneira fiável de voltar para Londres. Eu não estou aqui a fazer nada. Eu não gosto propriamente da vida que levo em Londres, mas é muito menos complicada e sem sentimentos à mistura. Eu preciso de férias das férias. Eu preciso do meu querido sofá e da minha televisão. Ou talvez o meu telemóvel aqui comigo já ajudasse.

 Dou um gole no granizado e encaro a fila com crianças cansadas da praia, velhotes sorridentes, o Harry, mais pessoas detestáveis. O Harry.

 Fito o moreno que está, claramente, surpreendido em me ver. O meu coração dispara de uma maneira tão chata. Eu sinto-me a tremer. Eu sou gelatina.

  Eu tento arranjar mil e uma maneiras de abandonar o local, mas a verdade é que o quero ver, quero saber o que faz, como está. Quero-o perto de mim. Sinto-me constrangida, mas o meu corpo quer ficar aqui mesmo que eu não saiba como reagir.

  Harry olha-me profundamente, mas rapidamente desvia o olhar. Sei que ele não vem aqui ter comigo, nem se vai preocupar em falar comigo. A minha progenitora entra no estabelecimento. Eu juro que a minha vontade é de lhe partir a cara, eu quero tanto. Olho uma ultima vez para Harry e ele parece suspirar. Começo a odiá-los, a sério.

“Oh! Karma, filha, que surpresa!” Fala extremamente alto e num tom que radia alegria.

“Uau.” Limito-me a dizer, dando-lhe a seguir um revirar de olhos.  

“Há problema se eu e o Hazza ficarmos aqui contigo?” Ela questiona.

  Onde isto já vai. Alcunhas. Adoro completamente. Sou uma estúpida por sentir um turbilhão de sentimentos por Harry, agora Hazza. É como se um pedaço de mim fosse roubado e, neste caso, a minha mãe roubou-mo.

“Na verdade, há.” Apresso-me a dizer, pois tudo o que menos quero é ter que levar com eles.

A minha progenitora ignora-me. “Harry, querido, quero um arco-íris.” Ela grita.

Onde é que eu já vi isto?

O olhar do moreno está em mim e, desta vez, quem o desvia sou eu.

Quando Harry se senta ao lado da minha mãe, uma enorme vontade de lhe bater sobe-me à cabeça e eu começo-me a rir, começo mesmo.

“O que tem tanta graça?” A minha mãe pergunta após bebericar a sua bebida.

“A puta da ironia que o mundo é!”

“Karma, olha a linguagem!” Repreende-me. “Vens jantar connosco logo?” Questiona.

  Harry fica tenso e eu não sei porquê, ele supostamente vai ter uma boa noite com a senhora que me trouxe ao mundo. Eu não quero interromper nada. Eu quero que toda a gente se foda.

“Eu acho que não.” A minha voz falha no final. Mas que porra?

“O que se passa convosco?” Tenta saber. “Vocês não se falam e eu pensava que vocês tinham um relacionamento.”

Mexo-me desconfortavelmente na cadeira com o comentário da minha rude mãe.

demorei muito tempo para um capítulo como este.... maiorzinho, mas relativamente mal escrito e desinteressante! sorry

OBRIGADA ÀS MENINAS QUE ESTÃO A LER TAMBÉM UNINTENTIONALLY LOVED YOU! [vou tentar publicar hoje]

»O que faziam à mãe da Karma? 
»A Karma deve ir ao jantar ou não? 

FELIZ NATAL MEUS AMORES <3333 

happy catraia

KARMA »h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora