Ignoro completamente a frase perturbante do rapaz de olhos verdes. Sim, eu tinha acabado de dar o meu primeiro beijo –nunca pensei que isso fosse possível e voilá! – mas ele continuava só e apenas um conhecido. Isto não era o tipo de primeiro beijo que eu esperava. Eu esperava apaixonar-me por alguém e, num ambiente romântico, os lábios do meu suposto amor colidiam com os meus.
Aconteceu precisamente o contrário. Primeiro beijo. Um rapaz que conheço há uma semana. A minha vida não faz sentido. Quero viver num mundo cor-de-rosa, tal e qual como o meu cabelo, por muito detestável que seja.
Tento miseravelmente abrir a porta de entrada – missão falhada. Penso antes de mandar um pontapé e partir a porta, visto que já parti um jarrão enquanto fazia os movimentos mais estúpidos ao som de uma música Cabo Verdiana qualquer, e um copo quando Harry decidiu entrar pela cozinha e assustar-me de madrugada. Decidi não estragar a porta para bem da minha segurança.
“Será que podes abrir a porta, abentesma?” Cruzo os braços ao peito e bufo.
“Só tens de tratar as coisas com um pouco mais de carinho, cabelo rosa.” Reviro os olhos.
Tratar as coisas com mais carinho? Isso não faz parte da minha religião.
Harry abre a porta da entrada e corro rapidamente para o banco de madeira na sala, onde me deixo cair como uma lapa – rapidamente me arrependi quando as minhas costas bateram com demasiada força no desconfortável banco, quase partindo-o.
Tenho a sensação que Harry estava a falar algo relacionado com o jantar de hoje, mas como os meus ouvidos estão muito cansados e os meus olhos pesados, decido deixar o meu cérebro descansar, deixando assim o moreno a falar sozinho.
“Karma, diz-me que não te esqueceste que vamos jantar fora…” Harry diz arreliado.
“Não… eu só tenho de ir tomar banho e vestir-me, atrasei-me…” encaro o chão que parece ter ganho algo interessante, oh e por acaso tem, uma formiga a transportar uma migalha. “Okay… talvez eu me tenha esquecido.” Sorrio nervosamente.
“Eu sabia, Karma.” Revira os olhos, alguém apanhou os meus vícios.
“Vai para o caralhinho, Harry.” Mostro-lhe o meu lindo e querido dedo do meio.
Temos mesmo de parar com isto dos nomes ou vamos acabar num hospital psiquiátrico.
Depois de um banho gelado, na esperança de me refrescar o cérebro – que hoje andou muito morto, pior que nos outros dias – dirigi-me até ao roupeiro e olhei repetidamente para as minhas roupas, nada parecia suficientemente bom.
Desde quando é que me importo com o que visto?
Escolhi uma camisola de cavas do Jack Daniel’s (whiskey) e trilhei-a por dentro de uns calções ganga de cinta subida e claro, não podiam faltar os vans pretos.
“Karma, despacha-te!”
Saio do quarto ao encontro da sua voz.
“Estou aqui.”Reviro os olhos.
Harry agarra na minha mão e puxa-me para fora da barraca a que chamam de casa, estremeço com o contacto físico. Vais largar a minha mão ou vou ter que te capar? Tento retirar a minha mão da sua, mas ele faz força para que isso não aconteça.
“Harry…” repreendo-o.
“Karma…” revira os olhos – mais uma vez.
Pensas que podes ficar mais sexy do que eu a revirar os olhos? Não Harry, estás enganado.
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KARMA »h.s.
FanfictionA descoberta do amor pode mudar as pessoas. E foi isso que aconteceu com Karma, após ter conhecido Harry. Uma típica rapariga fria que descobre sentimentos ocultos na escuridão do seu pequeno e congelado coração, que vive momentos inesquecíveis num...