Capítulo 21 - Casa da árvore

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Uma noite sorridente me esperava e eu tinha a certeza disso, bastava olhar para a lua e ela dava-me essa certeza. Uma brisa mais fria soprava agora, talvez devido à madrugada a aproximar-se. É tarde e nós andamos por sítios desconhecidos à procura de um bom local para passar uma boa noite. Longe de tudo e de todos.

“Desde quando é que te tornaste assim?” Franzo as suas sobrancelhas à sua questão.

“Assim como?”

“Rebelde.” Meio que pergunta, pois rebelde não parece ser o adjetivo perfeito para me descrever.

“Vais passar uma noite comigo e ainda te queixas?” Coloco a mão no peito e finjo uma dramática encenação.

“Eu passo todas as noites contigo!” O seu sorriso aparece bem no final da frase para demonstrar que estava a brincar.

Não quero saber, foi estúpido na mesma.

“Começo a pensar que não te devia ter proposto não dormirmos em casa, esta noite.” Talho claramente arreliada.

“A diferença desta noite para as outras é que…” caminha até a mim e envolve os seus braços na minha cintura fazendo-me encará-lo, de seguida deposita um carinhoso beijo no meu pescoço e colou os nossos lábios num beijo calmo e pequeno. “Hoje vou poder beijar-te as vezes que quero, porque assim que voltarmos àquela casa isso nunca mais vai acontecer.” Retoma.

Eu sei que ele tem razão.

Por muito que o queira eu nunca o vou conseguir admitir. Eu estou a fazê-lo neste momento, enfim. Mas sei que nunca o conseguirei admitir publicamente, mas também quem precisa saber é ele e, julgo, que ele já o saiba.

Existe uma imensidão de sentimentos que nutro por este rapaz, às vezes só quero que ele desapareça e leve consigo isto tudo que sinto por ele. Eu não sei o que é, mas sei que não é amor. O que é o amor? Oh Karma, não percebes nada disso, portanto cala-te.

Olho para cima e revejo o meu sonho desde criança: uma casa na árvore. Isto parece impossível, sempre pensei que não existissem, mas aqui estou eu em Cabo Verde com uma casa da árvore por cima da minha cabeça. Apesar de estarmos numa floresta completamente desconhecida – a que eu chamaria de floresta tropical – e não sabermos o caminho de volta a casa, encontrámos um sítio perfeito para ficar esta noite.

A casinha não é propriamente grande, mas o que se esperava de uma casa da árvore?! A única coisa que tinha era um armário, um pequeno armário atafulhado de mantas. Perfeito!

Estendi-as rapidamente no chão com a ajuda da abentesma. E deitei-me por cima daquelas bonitas mantas. Sorri que nem uma atrasada mental, sem qualquer motivo, mas sorri. Sorri e não parei de sorrir.

“Estás feliz! Consigo vê-lo na tua cara.” Harry faz-me encará-lo.

Deita-se ao meu lado, com o seu sorriso contagiante e ao mesmo tempo encantador. Ele é lindo. Ele é realmente lindo.

“Já não me sentia assim há muito tempo.” O que acabara de confessar faz o moreno soltar um sorriso de orelha a orelha. “Sentia-me assim quando era pequena.” Uma estranha melancolia apodera-se de mim.

Harry tapa-nos com uma manta e puxa-me para o seu peito.

“Tens algo que me faz querer saber tudo sobre ti.” Comenta.

“Tens algo que me faz contar-te tudo sobre mim.” Coro assim que o seu sorriso se forma e os seus olhos param nos meus. Sem pensar muito colide os seus lábios com os meus e forma um pequeno beijo que me deixa a chorar por mais.

Contei-lhe as minhas histórias mais hilariantes, como fazer escalada de saia, quando roubei as cuecas à vizinha, quando me mandei contra uma paragem de vidro e caí redonda no chão, quando o mar me levou a roupa e tive de ir nua para casa. Contei-lhe tudo ou parcialmente tudo. E ele contou-me a mim. Consigo ver um Harry pequenino a levar com a mala de uma velhota só porque, numa aposta, lhe apalpou o rabo; consigo ver o Harry a cair de uma árvore; consigo ver o Harry a vomitar em cima da sua namorada da primária.

Eu era feliz quando era mais nova. Eu tinha uma família feliz. Eu era uma inocente criança, feliz e com uma família feliz.

Após longos minutos de puro riso, a casa iluminada apenas pelo luar que entra pelas janelas abertas, está em silêncio. Aconcheguei-me no seu corpo e um longo suspiro escapou da sua boca.

“Tens sono?” Pergunto sedutoramente ao seu ouvido – ou pelo menos tentei, pois nunca tinha feito isto na vida. Ele solta um suspiro pesado que me deixa com um sorriso nos lábios.

Missão cumprida com sucesso!

“É impossível ter sono.” Passa os seus olhos de relance por mim e molha os lábios, preparando-se para prosseguir. “Estás enroscada a mim, com um brilho nos olhos que te faz parecer amável e ainda me perguntas se tenho sono… dessa maneira…” atalha.

“Dessa maneira?” Sussurro ao seu ouvido “De que maneira, Harry?” vejo um arrepio percorrer o seu corpo, trinco o lóbulo da sua orelho e deposito, de seguida, um beijo nos seus lábios.

“Estou a perceber o teu jogo, menina Karma.” Fala baixo, mas o suficiente para que ainda o consiga ouvir.

Rodo para cima do seu corpo, ficando sentada em cima da sua intimidade. Até pareces experiente nisto, Karma! Arranho o seu tronco levemente e dou um impulso para poder tocar nos seus lábios. A necessidade de ter os seus lábios nos meus aumenta a cada segundo que passa, ele tornou-se um vício. Um vício que eu estranhamente quero possuir.  

Assim que os seus lábios descolam dos meus, Harry passa-os imediatamente para o meu pescoço e, à medida que a sua língua toca na arrepiada pele do mesmo, sinto um fiozinho na barriga, uma espécie de adrenalina que, de alguma forma, me faz sentir viva.

O moreno inverte as posições e junta novamente os seus lábios aos meus, as minhas mãos estão nos seus caracóis enquanto o seu corpo balança por cima do meu. A sua intimidade a tocar na minha faz-me soltar um pequeno gemido, rapidamente levo as mãos à boca arrependida do guincho que acabara de dar. Harry retira-me as mãos da boca e deita-se ao meu lado, apoiando-se num cotovelo para poder encarar-me.

“Não temos de o fazer. Se não quiseres, podes dizer-me.” As suas pupilas ainda estão dilatadas e os seus lábios inchados, ele é sempre tão angelical. Sem pensar duas vezes, levo os meus lábios aos seus e formo um beijo onde as nossas línguas entravam numa dança sensual e lenta, já sem fôlego separo os nossos lábios.

“Eu quero.” 

Eu sei que disse que ia aparecer a mãe da Karma, mas só no próximo porque eu decidi deixar-vos no suspense...

vai acontecer alguma coisa

ou 

não? 

adoro ser má! 

Peço imensa desculpa por não ter jeito nenhum para escrever estas partes, mas enfim :(

OS COMENTÁRIOS ESTÃO A DESCER! :( estou triste :' 

não tenham medo de comentar, comentem!!! deixem-me feliz! 

espero que realmente tenham gostado. 

happy catraia

KARMA »h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora