4. Uma Cidade (Não Tão) Pacífica

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STILES

- E ... vai !!! - O treinador berra e eu começo a me mexer.

Corro na direção do gol, segurando a pázinha com a bola dentro (não sei o nome desse equipamento).

Não tropeça.
Não tropeça.
Não tropeça.

Faço um esforço extra pra correr mais e tento retardar o ataque cardíaco causado pelo esforço físico.

Vejo o Scott no gol, se preparando para agarrar a bola.

Arremesso a bola e Scott faz um leve esforço para bloquear ... mas ela passa pro outro lado.

Fico parado.
Tiro o capacete.

- Eu fiz um gol. - Falo pra mim mesmo, aceitando aquele fato impossível. - Eu fiz um gol.

O treinador olha pra mim.
O treinador olha pro Scott.

- Ele fez um gol ? - O treinador fala, incrédulo.

- Ele fez um gol. - Scott confima, sorrindo.

- Eu fiz um gol ! - Comemoro.

- O Bilinski fez um gol ! - O treinador aplaude. - É isso aí, garoto ! TÁ VENDO, GREENBERG ? É ASSIM QUE SE FAZ !

- Eu fiz um gol ! - Dou um pulo, jogando a pá no chão. Fico parado. - Eu fiz um gol ?

O Scott ... ?
Ele deixou a bola entrar ?

Os jogadores se reúnem perto do treinador. Aproveito isso.

Tiro o capacete e me aproximo do Scott.

- Você deixou a bola entrar ? - Pergunto.

- O que ? - Scott nem disfarça que está disfarçando.

- Olha ... eu não sou exatamente um especialista em Lacrosse, mas você poderia ter impedido a bola de passar, se quisesse.

- Er ... eu acho que você só está subestimando o seu talento. - Scott fala.

- Talento ? Eu, literalmente, conheci o Lacrosse hoje. - Falo, sarcástico. - Não é como se eu tivesse nascido para isso.

- Eu acho que você nasceu pra isso. - Scott responde. - Você conseguiu fazer a bola passar por mim.

- E eu acho que você deixou a bola passar.

- E eu acho que não fiz isso.

Olho pra ele, sem acreditar.

- Você queria entrar no time, não queria ?

- É, queria. - Falo.

Scott me olha, esperando o meu retardo mental passar.

- Você pode dizer "obrigado" se quiser. - Scott fala.

- Tá. Obrigado. - Estico a mão. - Mas, na próxima vez, não use os seus "poderes" pra me deixar ganhar.

Scott arregala os olhos, como se eu tivesse descoberto um segredo dele.

- OK. Combinado. - Ele fala, apertando a minha mão.

Scott sente um leve desconforto, como se apertar a minha mão tivesse lhe dado um choque.

O que me deixa mais desconfiado ainda.

Lembro quando apertei a mão do policial Parrish quando estava vindo pra cá e ele reagiu exatamente desse jeito.

Olho pra minha mão, encucado.

- Eu tenho que ir. - Scott fala, mudando de assunto. - Estou morrendo de fome.

Lua de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora