Não consegui prestar atenção obviamente no resto das aulas e muito menos esquecer o que Natasha me falou sobre Théo, até porque eu realmente não estava apta a decidir qual a minha melhor conduta. Tenho total clareza em minha mente que o Luan causa sentimentos e boas sensações sobre mim, que a sua companhia faz sentir-me completa e o seu lindo sorriso arrepia minha alma, sendo assim, eu gostaria de deixar-me permiti a euforia de viver bons momentos ao seu lado. Porém, isso pode custar muitíssimo caro a nós dois e não sei se estou apta a arcar com todas as consequências dessa relação.
—Mel, seu pai vai vim te buscar? Minha mãe pode te dar carona, pois ela também levará o Bê em casa.
—Ele irá sim, Nath, mesmo assim, muitíssimo obrigada. Vou almoçar na casa dos meu avós maternos, me deseje muita sorte.
—Toda sorte do mundo para ti, meu amor, sei o quanto você irá precisar e o quanto o momento será delicado. —eu assenti e ela veio me dar um abraço.
Desde a morte da minha mãe, eu só encontrei a minha avó no enterro e em uma visita que ela nos fez no ano seguinte do ocorrido, coisa de 3 anos e meio atrás. Isso tudo porque a minha avó não consegue me ver sem desabar e lembrar-se da minha mãe, então o nosso contato é feito por telefone e mesmo assim é complicado, sem contar quando ela começa dizer que minha mãe nunca faria e muito menos se orgulharia dos meus momentos de descontração. Logo, a nossa relação se resumia a choros, desentendimentos e meu pai me consolando, dizendo que minha mãe jamais não se orgulharia de mim.
O meu pai não demorou a chegar, pois minha irmã estudava aqui no turno da tarde e era exatamente na hora que eu era liberada. Logo, despedi-me dos meus amigos e dei um tchau de longe para Luan, o qual me retribuiu com aquele sorriso maravilhoso.
—Manu, não quero que ninguém nesse lugar te faça chorar ou sofrer —digo séria e em tom de ordem — Você está me ouvindo?
—Sim, Mel! Eu não vou deixar que ninguém fale nada de ruim para mim e se falarem é para eu te avisar.
—Muito bem, minha garota! Boa aula! —concluo dando um beijo no topo da sua cabeça.
—Tchau, pai! Tchau, Mel!
Eu e meu pai falamos tchau em um coro e eu entrei no carro.
—Parece que você ditou regras para a sua irmã sem minha permissão.
—Eu não preciso de permissão para evitar que ela sofra o mesmo que eu.
A Manu se tornou como uma filha para mim, pois na ausência do meu pai sempre foi eu que ficava tomando conta dela, colocando-a para dormir, educando com os meus conselhos doidos, porém preocupados e principalmente sendo o seu alicerce feminino. Logo, se alguém se atrever a mexer com a minha menininha, eu sou incapaz de responder racionalmente pelas minhas atitudes.
—Como foi seu primeiro dia? Tão ruim quanto a sua cara? —ele diz mais uma vez em tom de deboche.
—Tão ruim quanto eu imaginava que seria. Nada mudou nesse lugar, apenas o fato de algumas pessoas estarem piores do que antes, acho que há muito tempo uma manhã demorava uma eternidade para passar.
—Não exagera. Não é possível que não tenha acontecido nada de bom.
—Apenas a constatação que eu nunca tive amigos como Natasha e Bernardo em Kensington. Ah, e talvez eu tenha um novo amigo.
—Qual? O que te levou ontem em casa?
Droga, eu já tinha esquecido desse detalhe.
—Sim— digo ríspida e seca na tentativa de quebrar o assunto e não dar ênfase ao fato.
—Eu gosto dele.
Tentei ignorar a fala do meu pai para não prosseguir no assunto e muito menos ficar estranha e pensativa.
—O que será que a vovó fez para a gente comer?
—Em 5 minutos a gente descobre.
Esse era o tempo que nós levaríamos para estacionar e subir até o apartamento dela ou era o misero tempo para eu me preparar para a minha segunda batalha do dia, talvez a maior.
—Entre, senhor Walker. A dona Helena está aguardando por vocês na sala de refeições—informou a senhora Lili que trabalhava com a minha avó desde que a minha mãe e meu tio ainda eram crianças. —Nossa, Mia, como você cresceu! Você realmente é cada dia mais a cara da sua mãe. Senti sua falta.
Eu então a abraço.
—Também senti sua falta, mas por favor, não me chame de Mia.
—Desculpe—me, senhorita Melissa, é a força do hábito.
—O que teremos de bom hoje? —digo tentando quebrar o clima.
—Sua avó pediu-me para preparar um escondidinho, pois ela acredita ainda ser a sua comida favorita.
Sim, era a minha comida favorita e a que mais me lembrava de minha infância.
Então, seguimos o caminho até a sala onde encontraríamos a minha avó.
—Oh, meu querido! Quanta saudade eu senti de vocês! Perdoe a minha ausência, você sabe o quanto é difícil para mim.
—Dona Helena, a senhora nos faz muita falta, confesso que ainda não é fácil para ninguém.
—Eu imagino o tanto que você deve sofrer todas as vezes que olha para a Melissa—ela provavelmente não percebeu que eu também já estava na sala e infelizmente soltou essa frase quase chorando.
Eu já tinha pensado como tudo isso era difícil para o meu pai, confesso que estive prestes a questioná-lo a respeito de seus sentimentos várias vezes, embora eu nunca tivesse a coragem necessária para isso.
Meu pai não disse nada, e eu acredito que possa ter sido para me proteger ou para não me magoar, portanto, em breve ele terá que me responder quando eu questioná-lo também.
Minha avó mediante ao silencio que se instalou dirige o seu olhar para mim e eu posso sentir a ebulição que se instalou em seu interior e posteriormente extravasou aos poucos em seus olhos.
—Meu amor! Perdoa-me por ser tão frágil e incapaz de te dar todo o suporte que você precisa. Sua mãe deixou uma herança viva dela na terra e eu preciso me acostumar com isso.
Eu odeio quando ouço isso, mas no momento eu só precisava abraçá-la, eu precisava de alguma forma preencher o buraco que cada dia ficava maior dentro de mim.
—A comida vai esfriar — reclamou Lili com a nossa demora.
—Eu estou morta de fome.
—Então vamos comer — vovó enxugou as lágrimas e puxou a cadeira para sentar-se.
O almoço seguiu tranquilamente, percebi que minha avó evitava olhar para mim, embora trocássemos algumas palavras sobre assuntos aleatórios.
—Estava uma delícia. Obrigada por fazerem o meu prato preferido.
—Sabe, querida, eu me lembro perfeitamente da sua mãe pedindo a receita para Lili, pois você amava esse escondidinho e também por ser um dos pratos preferidos dela...Vocês se parecem tanto nessas coisas, por isso, eu te falo que você tem que ser como ela e esquecer essas diversões que você tem se metido. A Mia sempre foi dedicada aos estudos e se divertia com muita moderação, seu pai pode afirmar isso, ela nunca me deu trabalho. Já você, perde noites na farra, na bebida e preocupa seu pai, se ela estivesse aqui, ela teria vergonha do que você está se tornando. Ela não deixou a herança viva dela nessa terra para você estragar toda imagem doce, angelical e correta que ela deixou. Você a dará orgulho, onde quer que esteja sua alma, quando se portar feito ela.
Eu estava aos prantos e imediatamente me retirei, pude ouvir os gritos de meu pai chamando o meu nome, porém sai daquele apartamento completamente sem destino, mas com a certeza que nunca mais eu pisaria nele.Meu amores, peço perdão por não ter postado capítulo ontem, mas infelizmente estava envolvida com outras coisas.
Tentei escrever um capítulo um pouco maior até me acostumar de vez.
Obrigada pela leitura!
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Aguardo vocês no próximo!
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Envaidecer
FanficMelissa Watson tem apenas 17 anos, mas já viveu quase tudo o que uma pessoa poderia viver em um curto intervalo de tempo. Órfã de mãe desde os seus 14 anos, foi obrigada a recomeçar a sua vida juntamente com seu pai e sua irmã mais nova na Inglaterr...