Envaidecer

Capítulo 20

                           Melissa

Já se passaram alguns dias desde o pedido oficial de namoro que o Luan me fez, durante esse tempo,  ele voltou  para escola e foi inevitável não termos se assumido por lá, mas eu percebia que o Luan se incomodava um pouco no fato de eu não querer contar para o meu pai e insistia em me dizer que ele acabaria descobrindo e que seria pior. Porém, eu não sabia como contar e ultimamente o meu pai estava muito ocupado com a empresa e cada vez menos ficando em casa, logo, as coisas estavam ficando mais longe de se resolver.
Além disso, o Luan estava faltando desenfreadamente às aulas e eu não sabia nada direito, apenas que era pelo trabalho dele e a Nath me falava que era para eu ficar tranquila, porém, isso me dava mais raiva ainda, porque ela sabia mais da vida do meu namorado do que eu mesma e nenhum dos dois me contavam! Eu sabia que ele era bolsista, que trabalhava para manter a sua casa, que tinha um carro bom que talvez poderia ser do seu patrão e que tinha reprovado uma vez de ano: apenas isso!
Sendo assim, me senti na obrigação de procurar uma oportunidade de nos encontrarmos em algum lugar para conversarmos, mas segundo ele teria que ser em um lugar pouco movimentado, então ele marcou de me buscar na escola e irmos para onde ele decidisse.
A aula acabou e eu logo fui para a esquina próxima a escola, onde eu havia marcado com o Luan, o qual já me esperava em um porsche preto. Óbvio que isso  despertou logo minha atenção e uma infinitude de pensamentos começou a  assombrar a minha mente.
Entrei no carro tentando disfarçar os meus pensamentos, selei os lábios dele e o mesmo me puxou para um beijo mais demorado.
—Eu estava com saudades de você, minha princesa!
—E eu também suas! Mas isso não aconteceria se você não ficasse sumindo tanto e mal me dando oportunidade para te ver. —soltei extremamente séria e percebi Luan franzindo a testa para me olhar torto.
—Eu não quero ter uma DR agora! A gente já vai conversar mais tarde e eu prometo te contar tudo.
—Eu também não quero discutir, mas eu só quero entender essa sua vida. Aliás que carro é esse? O seu chefe sabe que você está dando uma volta no porsche dele?
Luan riu e afirmou que sim com a cabeça, sem falar nenhuma palavra, então preferi não insisti.
Ficamos em silêncio durante cerca de dois minutos ao som de Firework da Katy Perry, mas o silêncio entre nós estava começando a incomodar e eu sei que parte dele era por minha culpa.
—Onde vamos?
—Você vai ver quando a gente chegar lá, mas adianto que é em direção ao litoral.
—Mas eu não trouxe nenhuma roupa de banho.
—Não se preocupe, eu cuidei de tudo.
Nós levamos algumas horas até chegar ao nosso destino final, que não foi grande surpresa para mim depois de saber que se tratava do litoral paulista.
—Espero que você goste de praia.
—Sim, eu gosto! Aliás faz um tempo que eu não venho em uma, aliás, eu não conhecia essa.
—Praia do Cedro.
—Achei tudo muito bonito, boa escolha.
Eu até pensei em perguntar, porque ele escolheu essa praia, pois era mais longe do que as outras, mas notei que aqui era um lugar especial para ele e a paisagem me encantou profundamente, além do mais, o lugar estava bem puro e poderíamos conversar melhor.
Antes de nos aproximarmos da praia, ele me deu uma bolsa com um biquine desses que tem um trabalho de bordado manual e eu fiquei extremamente contente, pois ele era perfeito e o Luan demonstrou ter cuidado de tudo.  Eu agradeci e fui me trocar no banheiro de um quiosque que havia por ali.

Não demorei muito e quando sai o Luan havia pedido uma porção para nós dois.
Depois que comemos, finalmente fomos para uma das pedras que ali havia para podermos começar a nossa conversa.
—Por onde quer começar? —me olhou fixamente nos olhos.
—Por onde preferir, apenas me diga tudo.
—Promete que vai tentar me compreender e não me julgar?
—Posso tentar, mas ande logo com esse assunto.
—O que você faria se eu te falasse que eu sou famoso?
—Talvez eu riria da sua cara e falaria para você acordar dessa fantasia ou talvez eu diria que eu sou a presidente de um importante país —digo brincando e ele ri.
—Mas se eu  tiver falando a verdade?
Eu comecei a ligar os pontos na minha cabeça, ele cantou brilhantemente para mim, vive faltando e os carros, mas e o dinheiro?
—Famoso de que tamanho? Não sei perguntar isso, de qual proporção?
—Digamos que bem famoso, mas do que eu imaginava um dia ser.
—Quantos seguidores nas redes sociais?
—Mais de 20  milhões no instagram.
—Para de brincar com a minha cara, Luan! Não enrola, fala logo o que você tem a me falar.
—Eu já estou falando, minha princesa. Eu sou cantor, não tenho tantos anos de carreira oficial e talvez por isso você não me conheça por aqui e eu não sei como ainda não descobriu, mas enfim, eu vivo de música, tenho milhares de fãs.
—Mas o fato de você ser bolsista, Luan? Você não tem dinheiro!
—Eu nunca te falei que eu não tinha dinheiro.
—Mas... —ele me interrompe.
—Deixa eu te contar tudo do início, ok? —eu assinto— Bom, digamos que eu já cantava, mas eu  era muito pobre, muito mesmo, principalmente depois de uma rasteira que a vida me deu, mas isso não convém agora, até que uma empresa de pedras preciosas me encontrou e resolveu investir na minha carreira, mas como eu era novo, eles exigiram que eu estudasse também, mas a minha antiga escola era publica e isso não combinaria para o meu marketing, logo um dos investidores disse que resolveria isso e conseguiu uma bolsa na nossa atual escola em troca da divulgação que o meu nome poderia gerar e de eu fazer alguns shows exclusivos, como se a escola me patrocinasse. Portanto, mesmo eu dando certo e tendo condições atuais para pagar, nós nunca rompemos essa espécie de contrato e eu continuo sendo bolsista e sendo humilhado.
Eu fico desnorteada e ele percebe e antes de eu perguntar, ele ler os meus pensamentos.
—Sim, a empresa da sua família que investiu e ainda investe em  mim, o seu pai me conhece e é quase o meu patrão e eu agora namoro a filha dele, não sei como ele reage a essa confusão. E sim, Melissa, eu agora tenho dinheiro, muito dinheiro, mas eu não rompo com eles, porque o seu pai me deu uma oportunidade, quando todo mundo fechou a porta na minha cara. Isso é muito louco, parece história de livro/filme, mas é a nossa história, pequena.
—Como vocês conseguiram omitir isso pra mim? Quando você ia me contar? Quando eu esbarrasse com o seu sucesso? Eu sou a sua namorada!
—Você acha que é fácil para mim? Eu não sabia como contar e você só parecia me dar confiança se eu fosse pobre, mas eu não quis te enganar, mas eu também não tive tantas oportunidades de te contar, eu sei que errei.
—Como eu fui uma  idiota, como vocês conseguiram fazer essa merda toda na minha vida acontecer sem eu perceber?
—Não me julgue, eu estou  arrependido.
—Eu não sei se sou capaz de digerir isso tudo! —uma lágrima cai de meu  rosto e sinto um vazio instalar em meu peito...quando eu finalmente acho que estou encontrando o caminho da felicidade, descubro que estou sendo enganada pelo único homem que despertou sentimentos verdadeiros dentro de mim.
  

Minhas lindas, me esforcei para consegui postar esse capítulo hoje, mas eu talvez postarei mais um amanhã. Espero que estejam gostando, vem muita coisa por aí.
Deixem o voto e comentem no capítulo, isso é muito importante!
Até o próximo!