Capítulo 9

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Depois do dia longo e repleto de acontecimentos, eu literalmente apaguei e acordei com as energias recarregadas para enfrentar o restante da semana que provavelmente iria se arrastar.
Durante esses dias na escola eu não tive problemas com minha história materna, entretanto encontrei muitos obstáculos para me aproximar de Luan, mas principalmente em encarar as grosserias de Théo com ele.
Eu não havia encontrado oportunidades de conversar com o Luan em particular, desde quando nos beijamos em seu carro e eu me perguntava se aquele beijo significou tanto para ele, como significou para mim, porém, como já havia se passado 3 dias do episódio, eu perdia as esperanças de um desfecho positivo em relação a nós dois.
—Você precisa falar com ele.
—Vou dizer o que? A gente se beijou na segunda e eu estou apaixonada por você? Isso é patético.
—Você não precisa falar assim também. Porém, você precisa saber se é uma simples ficada ou não, porque você tá enlouquecendo.
—Natasha, essa distância entre nós está demonstrando que nada passou de apenas um momento.
—Mas a mocinha só vai ter certeza conversando.
—Só se eu não for embora com meu pai e pedir para o Luan me dar 15 minutos da sua paciência antes de ir.
—Eu peço para minha mãe vir um pouco mais tarde e te levo em casa. Caso algo der errado, eu estou por perto para te ajudar.
—Ótimo.
Aguardo o fim da aula com muita ansiedade e com um pouco de receio do que irei ouvir de Luan daqui a mais ou menos 20 minutos, enquanto estou pensativa posso notar um olhar curioso de Théo sobre mim, mas tento ignorar com todas as minhas forças. Finalmente o sinal toca e imediatamente me dirijo até a mesa de Luan.
—Será que podemos conversar?
—É lógico, Mel. Podemos ir para algum lugar mais sossegado, aqui está muito  tumultuado.
—Eu havia pensado no jardim da lateral da escola.  Acho que lá deve ser um pouco  mais tranquilo para trocarmos uma ideia.
Ele assente e seguimos pelo caminho que nos levaria até lá, porém, pude notar um desconforto em seu olhar e quando analiso a situação é por Théo estar nos fitando de longe.
—Eu não ligo para ele. Na verdade, não me importo dele nos olhar. —falei na tentativa de diminuir sua tensão.
—Eu não gosto dele e muito menos do jeito que ele me olha,  o meu sangue ferve e tenho muita vontade de quebrar a cara dele, mas, se eu fizesse isso, eu seria expulso e também prejudicaria minha imagem.
—Mel me disse que ele está um pouco perigoso. —digo sentando-me em um dos bancos ainda puros do jardim.
—Pouco é eufemismo da parte dela ou da sua. Ele é capaz de qualquer coisa por ódio.
—Podemos mudar de assunto? Eu não te chamei para perdermos o nosso tempo falando dele.
—Será melhor para ambos mudarmos o foco do assunto.
—Talvez você saiba o motivo dessa conversa. Sendo bem sincera, eu enlouqueceria se não tivesse tomado coragem para vir aqui e desabafar contigo. Eu preciso saber o que o beijo de segunda significou para ti.
Ele fica imóvel, como se seu corpo congelasse com o meu questionamento.
—Ok, não precisa falar. Está estampado que não significou absolutamente nada.  —digo me levantando.
—Espera! Eu preciso falar com você e a senhorita apressadinha, precisa me ouvir.
Respiro fundo na tentativa de me recompor e engulir o choro.
—Diga.
—Eu não estava preparado para sua pergunta e nem para encarar a situação, logo, foi um dos motivos que te evitei pela semana inteira. Eu sinceramente achei que você  apenas havia aceitado bem o meu beijo pelo seu momento de fraqueza e que eu sofreria em acreditar que poderíamos ter algo. Talvez você não saiba, mas já sofri demais  por relacionamentos vazios e não estou pronto  para me envolver com alguém que me queira pela metade. Melissa Watson é rainha  demais para aceitar se relacionar com um bolsista e um humilhado da escola.  Eu não sou suficiente para você, isso me dói muito, porém, eu tenho que aceitar.
—Não fala uma merda dessas. Você não me conhece. Eu jamais te olharia como inferior por causa de uma palhaçada assim...
—É muito fácil falar, Mel.
—Eu estou gostando de você como jamais gostei de ninguém e antes que você venha com respostas prontas, eu  já sabia da sua bolsa desde segunda e essa porcaria de dinheiro não muda nada, muito  menos os meus sentimentos por você.
—Mas... —eu o interrompo com um beijo.
—Olha, olha. Se não é o mais novo casalzinho. O pobre e a nova vadia defensora dos oprimidos.
Meu sangue ferve e minha mão formiga com intuito de acertar um tapa na cara desse cretino.
—Fala de novo, acho que não ouvi direito— digo em tom irônico e o Théo ri.
—Varia defensora dos oprimidos.
Eu então acerto dois tapas em seu rosto e ele segura bem forte em meus braços de maneira a me machucar.
—Solta ela agora — Luan grita.
—Se eu não soltar o que o pobrezinho irá fazer? Me bater e ser expulso? Porque isso que acontece quando os desfavorecidos aprontam.
Percebo que ele tenta se recompor para não fazer nenhuma besteira e aos poucos Théo me aperta mais forte.
—Está vendo, Mia, o seu novo amorzinho é um frouxo, não te defende, ele tem medo de apanhar. Porém, foram as suas escolhas, pois ao meu lado, você não precisaria passar por um vexame desses e eu te protegeria.
—Ao seu lado, eu morreria por feminicídio, porque você é um covarde.
Ele solta um riso bem alto e aperta mais ainda o meu braço.
—Se o seu Love tem medo de me bater aqui por causa de umas regras da escola, proponho que a gente marque um acerto de contas fora daqui.
—Ótimo— Luan parece gostar da ideia.
—Eu jamais vou permitir que ele suje suas mãos com você. Se a droga da escola expulsa bolsistas por agressão, eu não sou bolsista, então eu mesma faço o trabalho.
—Não defeque pela boca, Mia.
Quando o ouvi me chamando de Mia novamente, minhas forças surgiram do além, mesmo com os meus braços imóveis. Então, consegui chutar o seu membro com muita força e por conseguinte ele soltou uma de suas mãos de mim, deixando um braço meu livre.
Pude notar que logo em seguida Natasha e Bernardo chegaram pelo barulho e captaram a situação. Bernardo então fez força no braço de Théo para que o mesmo me soltasse de vez.
—Solte ela agora.
—Quer me bater também seu viadinho?
—Minha sexualidade no momento não te convém, mas sou mais homem que você, seu COVARDE.
—Que bonitinho.
Bernardo não é homossexual, mas ele é muito mimado, o que gera alguns comentários maldosos. Porém, ele surpreendentemente dá um soco na cara de Théo o fazendo cambalear para trás e me soltar.
—Vocês vão me pagar por isso.
—Você que irá pagar por agredir uma mulher —digo em um tom autoritário e me dirijo a coordenação com Natasha e Bernardo, até porque Luan não seria bem visto em uma situação dessas perante a escola se fosse incluído no contexto, mesmo não tendo encostado a mão em Théo.

Boa tarde, minhas leitoras! Desculpe o atraso do capítulo, mas eu aproveitei o carnaval para descansar um pouquinho. Agradeço a compreensão!
Obrigada pela leitura! Vou aguardar vocês ansiosamente no próximo! Vem coisa boa por !
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Beijos 😍😙

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