Capítulo 4

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Eu infelizmente precisei interromper minha conversa com a Natasha para prestar atenção na aula, principalmente depois do professor chamar a atenção da turma para ele. Porém, meus olhos não conseguiam se desviar do menino misterioso da última noite e em uma das vezes enquanto eu o olhava, ele olhou no fundo dos meus olhos intensamente, causando uma queimação em meu peito e eu pude  sentir o meu coração acelerar. Eu iria dar um simples sorriso para quebrar aquela tensão toda, porém, ele se virou antes mesmo de eu ter êxito em minha tentativa.
O Théo estava um pouco próximo dele e consegui notar que ele me olhava também, talvez pudesse estar lembrando do papelão que passei ontem. Eu e ele já fomos grandes amigos antes de eu parti e dois meses após a minha ausência, ele se declarou via Skype para mim. Porém, para mim aquilo sempre foi um exagero da sua parte e confusão da sua mente, pois, eu não conseguia enxergar nunca  um relacionamento com ele e muito menos aqueles sentimentos que ele revelou sentir por mim. Então, eu o dei um fora de leve e mantemos a nossa amizade, mas nunca igual a antes, principalmente depois dele começar outros relacionamentos e posteriormente se envolver com drogas. Não o julgo por isso, mas é porque a sua personalidade se tornou muito forte e algumas intolerâncias passou a atormentar a sua mente.
Depois de muito custo comecei a prestar atenção na aula e quando estava inteiramente no cenário da Guerra Fria o sinal tocou e interrompeu todo o contexto criando em minha imaginação.
— Caríssimos, continuaremos a nossa aula na quinta. Não esqueçam de realizar os exercícios do final do capítulo 1, pois estarei pontuando.
A turma bufou um pouco, mas eu nem me importei, pois eu estava acostumada com o ritmo inglês de ensino que era muito mais rígido por sinal.
—Qual será a próxima aula?
—Vejo que a Watson veio completamente despreparada para o novo ano letivo.
—Você sabia que eu não queria estar nesse colégio.
—Respondendo a sua pergunta, será aula de inglês. —Nath disse completamente entediada.
Eu fiquei muito feliz por ser dessa matéria, pois por eu ter morado esses anos na Inglaterra, eu me apaixonei completamente pelo idioma.
—Ainda é a Senhora Margareth?
—Quem mais seria? Além dela ser a melhor, ela é imortal.
— Eu gosto dela.
— Você é esquisita, Mel.
A senhora  Margareth não demorou  a chegar e assim que me avistou, sorriu para mim.
—Senhorita Watson, fico muito feliz em revê-la. Quando a aula terminar, eu gostaria de trocar umas palavrinhas contigo.
—Também fico muito feliz em te rever, senhora! Será um enorme prazer em conversar contigo novamente.
A senhora Margareth foi uma grande amiga no tempo de escola da minha avó, logo, ela se tornou uma amiga da família, além de dar aula para os meus pais também. Ela foi uma das únicas desse lugar que procurou saber como eu estava me adaptando à história toda e a minha nova realidade, principalmente a nova escola.
—Então, meus queridos, estamos reiniciando o nosso ano letivo e finalmente é o último ano que  vocês irão me aturar, pois vocês finalmente vão se formar — as pessoas começam a gritar expressões como “Aleluia” — mas não se animem tanto, a faculdade será pior e vocês sentirão falta disso tudo aqui. Porém, vamos ao que interessa, trouxe algumas cópias de uma das principais obras da nossa querida Jane Austen para aprofundarmos nessa aula de hoje.
Eu fiquei extremamente contente quando vi que se tratava de Orgulho e Preconceito, um  dos meus clássicos preferidos.
—Você já sabe que vai ter que nos ajudar, né?! —Disse o Bernardo, o meu melhor amigo de SP.
—Pelo visto muitas coisas não mudaram por aqui.
—Eu precisando da ajuda nos exercícios de inglês? Jamais isso irá  mudar.
—Dessa vez eu tenho que concordar com o Bê, a  gente é péssimo em inglês, ano passado eu fui para a recuperação e você sabe disso.
—Como eu poderia esquecer, Nanath? Sobrou para mim cuidar da sua aprovação e passar a noite em claro em pleno fim de ano.
Para a alegria dos dois a atividade foi em trio e eu pude ajudá-los melhor, além de me lembrar do meu ensino fundamental ao lado deles, como eu sentia falta dos meus amigos! Acredito que eles também sentiram, porque durante  todo o meu primeiro ano fora, a gente se reunia para dizer o quanto a distancia nos fazia mal e dava espaço para o meu pai dizer que eu encontraria novos amigos como eles, o que não se concretizou.
A aula de inglês não era longa e infelizmente terminou em um piscar de olhos para mim. Entretanto, marquei de encontrar Natasha no térreo durante o recreio para conversar com a minha querida Margareth.
—Como a senhorita estar? Mantive-me preocupada durante todo esse tempo, sua avó me manteve informada sempre que possível.
—A senhora sabe que em relação a minha mãe, nada mudou muito, então esse ainda é o meu maior desafio por aqui...
—Conte comigo! Estarei a sua disposição!
Eu a agradeci através de um abraço e nos despedimos em seguida, então saí dali indo ao encontro da minha amiga, passando pelos corredores e recordando do meu primeiro dia de aula enquanto eu ainda criança nesse mesmo lugar, onde a falta da minha mãe durante o recreio me apertava e agora 15 anos depois, não era diferente, mas muito mais intenso do que antes, porque não vou vê-la novamente e como isso me doía na alma. Portanto, tive que interromper os meus pensamentos rapidamente ao encontrar Luan no meio da roda de conversas onde Natasha se encontrava, minhas pernas tremiam e minhas mães suavam levemente só de pensar que me juntaria a ele, e, principalmente por ser a primeira vez que vou me recordar de falar com o mesmo...Droga, ele sabe mexer comigo.

Boa tarde, meu amores!
Espero que tenham gostado desse capítulo que eu preparei com muito carinho para vocês!
Eu também espero que estejam gostando da Fic e ansiosos para o desencadear da história.
Agradeço pela leitura e espero que vocês votem e comentem no capítulo, pois isso é de extrema importância para a obra!
Até o próximo capítulo! Beijos😙

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