Capítulo 47

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Melissa

—Então a bela adormecida acordou e já está apaixonada no telefone falando de mim? —eu sabia que ele não perderia a piada, mas eu não corei, aliás eu estou me acostumando a ter a presença dele.

—Bem que eu queria ter disposição para estar apaixonada de novo —comentei o pegando de surpresa —mas eu realmente só estava te valorizando e expressando meus anseios, espero que tenha ouvido bem.

—Não vou te decepcionar, dona Melissa! —brinca fazendo continência e eu começo a rir, esse menino não existe, mas minha cabeça lembra-se da dor que estou sentindo quebrando absolutamente o momento.

—Eu vou tomar um banho para ver se essa dor insuportável passa. Você tem algum remédio que possa ajudar? —pergunto apreensiva na esperança que ele tenha alguma coisa e eu não precise esperar que chegue.

—Eu vou procurar a opinião de alguém que entende dessas coisas para ver se o que tenho, você pode tomar. —responde-me mexendo no celular e eu entendo que ele já está resolvendo. —Te espero lá embaixo para almoçarmos, qualquer coisa me grita.

Assinto e vou para o banheiro, mas não demoro, pois a minha dor ao invés de melhorar parece piorar. Assim que saí, peguei a primeira roupa dentro da mala e por sorte era um vestido mais solto e confortável, então me vesti e fui vagarosamente até a cozinha, sentia-me também um pouco zonza. Emanuel estava sentado na cabeceira da mesa mexendo ainda no celular e demorou um pouco para notar a minha presença.

—Desculpa, não vi que você já estava aí. —fala ao me encarar. —Você pode tomar metade de um comprimido dessa cartela, mas é bom que não esteja em jejum.

Eu então me aproximo da mesa, olho a cartela, pego uma fruta e depois de ingeri-la tomo finalmente o remédio. Enquanto isso, o Emanuel continuava no celular, só que dessa vez estava rindo, provavelmente flertando com alguém, mas isso não é da minha conta e certo é ele de poder aproveitar a vida. Puxei a cadeira e sem querer fiz barulho, e isso fez com que a atenção dele se voltasse para mim.

—Podemos comer? —questiona nitidamente com fome.

—Claro, nem precisava me esperar. —digo um pouco sem ânimo e indiferente.

—Fiz questão de te esperar, não faria isso com você. —lembrei-me da minha mãe quando me esperava para as refeições e dizia exatamente isso.

Ele havia preparado um filé de frango grelhado, brócolis, purê de batatas e arroz, nada muito pesado provavelmente pelo meu estado, mas que estava muito bem temperado e gostoso, ele realmente cozinhava muito bem e eu acabei repetindo um pouquinho. Ficamos em silêncio durante todo o almoço e ele vez ou outra mexia no celular para responder alguém, pensei então que ele deveria estar chateado com o meu comportamento ontem, mas quem em sã consciência não estaria? Eu estou aqui de favor e ainda apronto, logo não vejo a hora de não levar os meus problemas para ninguém. Mas ao mesmo tempo, lembrei-me dele rindo e brincando comigo no quarto, preocupado em me dar a medicação correta e fazendo uma comida de leve. Eu as vezes fico sem saber como agir perto dele, mas tomei coragem para perguntar algumas coisas, até porque eu não sei o que aconteceu direito comigo ontem e o que lembro não sei se é verídico.

—Posso tirar umas dúvidas com você sobre ontem? Eu estou muito confusa e acho que devo te pedir desculpas, você deve estar chateado comigo. —falo medindo as palavras.

—Olha, Mel, não é hora para eu chamar a sua atenção em decorrência de tudo que aconteceu, então não farei isso, mas algumas coisas que você fez não foram legais e te colocaram em risco. Imagino a confusão toda que tá aí dentro, você podia ter sido abusada ou ter tido uma overdose, eu fiquei desesperado sem saber o que fazer contigo, até porque eu morri de medo de você piorar por eu não ter te levado para o hospital de imediato. Não sou seu anjo da guarda, nem o salvador da pátria e muito menos um super herói, mas se eu tivesse te ouvido, talvez agora mais uma desgraça teria acontecido na sua vida. Você está muito vulnerável, Mel, precisamos providenciar um apoio psicológico. —e foi como um pequeno balde de água fria jorrasse pelo meu corpo inteiro, eu nunca aceitei fazer terapia, mas hoje vejo que já passou da hora de eu ter iniciado, mas e o orgulho? Foi aí que algumas lágrimas escorreram pelos meus olhos e ele me abraçou bem forte.

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