Melissa
Os dias passaram sem muitos acontecimentos e o meu aniversário finalmente chegou. Anos atrás eu sonhava com esse dia, pois a maior idade para mim seria o meu auge, planejava uma festa épica, um dia repleto de mimos e de diversão. Eu queria que minha festa fosse em uma casa noturna com os meus amigos ingleses e com a Nath e o Bê por lá também, pois a comemoração seria como eu sonhei: bebida, diversão e amigos. Mas a ironia do destino é tamanha, e com os últimos acontecimentos todos os meus planos foram por água abaixo, e eu acordei desanimada, longe da minha Manu, brigada com o meu pai, sem acesso as minhas redes sociais e me sentindo diante de um dia normal, sem nenhuma sensação diferente. Sei lá, na nossa adolescência a gente acaba fantasiando muito as coisas, criando expectativas mágicas e superestimando um momento, tudo com muita intensidade. Mas eu sei que ao longo do dia eu vou me animar um pouquinho, até porque uma pequena festa foi organizada com muito carinho para os mais íntimos e acredito que será incrível. Mas para que aproveite sem maiores medos e sem precisar me disfarçar, eu vou ligar para o meu pai para tirá-lo da minha cola, vou falar com a mãe da Nath e o pessoal só tá chamando pessoas extremamente confiáveis para evitar rumores e eu espero que isso funcione bem.
Venci a minha preguiça e vi que acordei bem cedo, completamente diferente dos últimos dias, peguei uma peça de roupas que eu nunca tinha usado antes e foi para o meu ritual de beleza matinal, só porque hoje é o meu aniversário. Desci as escadas e o andar inferior estava muito silencioso, então imaginei que o Emanuel estava dormindo, mas me deparei com uma mesa toda arrumada e linda de café da manhã e com um bilhete:
"Parabéns, pirralha! Aproveite o seu dia e a sensação de maior idade com responsabilidade. Queria estar aí contigo e não te deixar sozinha, mas precisei ir para a empresa! Mais tarde eu te ligo para programarmos um almoço! Beijos, Emanuel."
O meu coração ficou quentinho e acolhido com a gentileza dele, então sentei na mesa sem se importar em estar sozinha e comi todas aquelas coisas gostosas preparadas com muito carinho especialmente para mim. O Emanuel é um dos caras mais incríveis que já conheci, ele é a mistura de um gentleman com uma canalhice boa que dá um charme incrível. Sim, eu comecei a enxergá-lo com esses detalhes, pois ainda não estou morta e não tem como não perceber as qualidades desse garoto. Obviamente não quero criar problemas e piorar meu estado, mas ele não é de se jogar fora.
Assim que terminei fui arrumar a cozinha e guardar o que sobrou para ele comer depois, até porque sobrou muita coisa gostosa e eu certamente ia querer comer mais depois também. Aproveitei também a oportunidade de estar com privacidade para resolver um pouco as coisas com o meu pai, até porque se eu deixasse para de tarde, a Manu estaria na escola. Subi as escadas, fui até o quarto onde eu estava instalada, peguei o meu celular e me sentei em uma poltrona que tinha por ali cruzando as pernas e inflando o meu pulmão de ar. Eu sabia que não seria nada fácil, mas o meu pai deve ter ciência que não é nenhum inocente nessa história e deve ter um senso de não querer estragar o dia do meu aniversário e admito que isso também foi uma estratégia minha.
Quando a tentativa da primeira ligação estava quase findando, ele me atende praticamente surpreso com a minha atitude.
-Filha, é você mesmo? Está tudo bem com você? -o seu tom de voz era uma mistura de preocupação, alívio e satisfação.
-Sou eu mesma, pai! Eu te liguei porque eu tenho dignidade e ciência que eu não dar notícias não resolve nada e nem é minha intenção, porque a meu pedido os meus amigos falaram que eu estava bem e em segurança, eu só estou dando um tempo para respirar longe e digerir a ideia de que você não quer me contar sobre coisas importantes. Sei que não sairia do pé de ninguém enquanto não ouvisse minha voz, então agora que ouviu, que sabe que realmente estou bem, saí do meu pé, ok?
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Envaidecer
FanfictionMelissa Watson tem apenas 17 anos, mas já viveu quase tudo o que uma pessoa poderia viver em um curto intervalo de tempo. Órfã de mãe desde os seus 14 anos, foi obrigada a recomeçar a sua vida juntamente com seu pai e sua irmã mais nova na Inglaterr...