VIII - a boy addicted to flakes

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Olhava para cima preguiçosamente, as mãos aquecidas se encontravam dentro dos bolsos de seu moletom. Vários tipos de biscoitos estavam perfeitamente arrumados nas prateleiras. Taeil se perguntava quem no mundo teria paciência para conseguir arrumar aquilo daquela forma.

Lembrou do que realmente estava buscando ali. O açúcar. Queria bater em sua própria testa ao se achar tão idiota enquanto fazia perguntas para si próprio do tipo: "Que porra que eu estou fazendo na sessão de biscoitos?"

Balançou a cabeça em negatividade e foi atrás do que realmente precisava.

Achou um pacote equivalente a um quilo do tal produto e foi logo atrás de onde ficava o caixa. Precisava urgentemente de um café preto.
Seu estômago roncou novamente.

Ao tentar atravessar os corredores para ir ao caixa, novamente se viu passando pelo caminho dos biscoitos. Revirou os olhos e parou no meio do corredor com os olhos fechados e o açúcar em uma das mãos.
Ok força superior, você venceu.

Se virou para o lado e deu de cara com um biscoito branco e visualmente agradável.

Esse é bonito, deve ser gostoso.

Sorriu internamente por ter se achado psicopaticamente engraçado. Deu de ombros. Seu humor sádico era comum para si.

Pegou o biscoito e leu a frente dele. "Biscoito recheado sabor Flocos". Suas sobrancelhas juntaram-se imediatamente. Aquilo lhe pareceu familiar. Mesmo já tendo visto milhares igual àquele em sua vida.
Mas o significado era outro.
Já o viu.
Com alguém.

Levantou sua cabeça bruscamente, os olhos levemente arregalados.

O garoto da loja de conveniência.
Ele carregava um daquele em suas mãos, ele lembrou.
Era detalhista, jamais esqueceria de um fato importante como aquele, muito embora aquela situação nem tenha realmente sido algo tão relevante.

Segurou o biscoito firme entre seus dedos com sua mão livre e finalmente achou o caixa.

ㅡ Bom dia. ㅡ A atendente sorriu levemente.

ㅡ Bom dia. ㅡ Não conseguiu sorrir, mas usou sua delicadeza.

Pôs os dois produtos sobre a superfície prateada e contou o dinheiro.
A atendente gentilmente pegou primeiro o açúcar e o passou pela máquina. Taeil já tinha o dinheiro em mãos e apenas a observava distraidamente. As mãos nos bolsos de novo. Ela pegou o biscoito e abriu um sorriso ao vê-lo. Taeil arqueou uma sobrancelha assistindo a cena. Ela observou o biscoito alguns segundos e em seguida piscou repetidamente voltando seu olhar a Taeil, como se tivesse despertado de repente de seu devaneio. Ela riu sem graça.

ㅡ  M-me desculpe. ㅡ Riu outra vez. Parecia envergonhada. Taeil permaneceu sem expressão, mas tentava compreendê-la. ㅡ É-é que... Bem é que acabei lembrando-me de algo, n-nada demais. ㅡ Passou o produto pela máquina de forma nervosa.

ㅡ Tudo bem... ㅡ Taeil riu soprado, ainda estranhando aquilo. ㅡ Não precisa se desculpar... ㅡ Ela riu. ㅡ Você tem uma imaginação e tanto... Devo admitir.

Ela riu novamente.

ㅡ Na verdade... Bem é que eu sem querer me lembrei de... Alguém.

ㅡ Alguém? ㅡ Taeil repetiu com um leve interesse, mas achou-se invasivo e concluiu que aquilo nem sequer tinha importância. ㅡ Oh, me desculpe. Eu não devia estar me metendo assim...

ㅡ Está tudo bem! Não é nada demais, não é necessário pedir desculpas. É só que... Bem, talvez você ache estranho.

Já achei...  ㅡ Ela não ouviu.

ㅡ Há um garoto... Quer dizer, um rapaz, eu acho. ㅡ Ela brincava com um anel no dedo, distraída. Parecia a vontade. ㅡ Bem, ele sempre está por aqui. Normalmente á tarde ou algumas vezes pela manhã. Ele sempre compra a mesma coisa, praticamente todos os dias. ㅡ Riu.

ㅡ A mesma coisa?

ㅡ Sim!

ㅡ Que curioso... Mas, porque lembrou disto?

Ela entregou-lhe a sacola com seus produtos e lhe deu o troco após guardar a nota de dez que ele usou para pagá-la.

ㅡ Esse biscoito. Houve um dia em que acabamos conversando um pouco. Ele sempre compra esse sabor, e quando nos falamos pela primeira vez, ele me contou que era apaixonado por sabor flocos, por isso lembrei e acabei sorrindo. Sabe, ele é um rapaz impressionante...

Ela sorriu meio de canto e Taeil processava toda aquela informação.
Flocos? Que coisa mais inusitada.
Nunca viu nada do tipo.

Flocos?

Flocos?!

ㅡ Como ele é? ㅡ Taeil perguntou repentinamente. A mulher pegou um susto leve. Ele limpou a garganta. ㅡ O garoto ao qual se refere, quero dizer.

Ela sorri animada mordendo o lábio inferior novamente.

ㅡ Ahh, ele é alto! Bastante alto... Seus lábios, eles tem um formato interessante... Sabe, ele tem a aparência de um completo estrangeiro... Isso! Ahh, então é por isso que seu nome é John! Espera, de onde será que ele veio... Uau, ele deve ser rico. ㅡ Ela dizia tudo isso mais que entusiasmada. Taeil olhava para ela, mas sua mente não estava ali no momento.

John... Será que era ele?
Era um nome bonito.
Sim, um nome diferente.
John...

Taeil se perguntou se o veria novamente.
Embora aquilo aparentemente não tivesse tanta importância para o pequeno de fios vermelhos, era como se houvesse uma sensação de curiosidade o preenchendo.

Flocos... Aquilo era algo bem excêntrico. Ainda mais vindo de um garoto como aquele.
Um garoto viciado em flocos.

Seu caminho de volta para casa, a partir dali, tiveram pensamentos de Taeil se perguntando como um adulto como aquele conseguia comer tanto doce por tanto tempo seguido.

be my sun • johnilOnde histórias criam vida. Descubra agora