Autor(a): Dear_Dely
Acredito que seja óbvia a curiosidade que senti ao ler o título do vencedor do concurso afinal, é um título muito intrigante, então logo ansiei devorar as palavras do que se tornou um dos melhores contos da minha vida.
O mesmo mostra a morte como nunca a tinha visto, ao ver três crianças se indagando sobre como seria morrer. E ao longo do conto de um único capítulo, é nos mostrado através de belíssimas palavras o quão difícil é ceifar vidas. Uma obra com uma coerência impecável, ortografia excepcional e claro uma voraz paixão literária por parte da autora, que fez um trabalho maravilhoso.
"A morte e a garota do coração valente " é uma obra que recomendo a todos, não devido a ter sido muito aclamada desde sua publicação, mas por ser única, portanto leiam!
💎 Entrevista 💎
O que levou você a ser escritor(a)?
Bom, confesso que essa pergunta é bem complexa para mim. Não sei ao certo onde tudo começou ou, até mesmo, quando as palavras começaram a me cativar de uma forma inexplicável, mas posso lhe dizer que o amor pela escrita veio de cada livro que já passou pelas minhas mãos. Romance, dramas, ficção... tudo. A harmonia das palavras e a história quase "real" por trás de cada personagem foram os principais motivos que me levaram a embarcar nessa ideia maluca de ser escritora. Eu pensei em uma manhã: "Poxa, por que eu não posso, pelo menos uma única vez, ser aquela que cria as palavras ao invés de lê-las?" Afinal, o máximo que eu poderia receber de ruim eram críticas negativas ou um "vácuo" gigantesco (risos).
Qual foi a sua maior motivação?
Acredito que minha maior motivação foi ver o quanto as palavras podem mudar um modo de pensar. São elas que movem o mundo, criam universos e abrem as portas da imaginação e, por esse motivo, eu decidi que também contribuiria com palavras e tentaria passar uma mensagem através delas.
Você sempre teve esse sonho de escrever?
Sempre, não. Eu comecei a querer entrar nesse mundo incrível que é a escrita aos doze anos de idade e, bem... foi muito desastroso na época (Risos). Escrever, querendo ou não, requer um conhecimento prévio (Ortografia, pontuação, um enredo já em mente e etc...) e na época eu não tinha nada disso. Por exemplo (Escritores de plantão, por favor, fechem os olhos. Isso pode doer), eu jurava que "com certeza" era junto e "sinceridade" era com "c". Sim, eu sei, que pecado! Podemos dizer que na época eu não tinha uma relação íntima com o português. Agora, aos dezessete anos, posso dizer que a minha escrita evoluiu muito e que ando lado a lado com a ortografia - ao menos é isso que eu procuro ao máximo fazer. Lógico que ainda possuo as minhas falhas (Todos possuem), por isso devemos levar sempre em conta aquela frase: "Está bom, mas ainda pode melhorar".
Tem algum escritor(a) que você se inspira?
Simplesmente amo como alguns autores usam as palavras de um modo suave e preciso, sem enrolações. E o que dizer daquela sensação de que você parece estar sentindo a angústia do próprio personagem? É fascinante! Como todo leitor, eu também tenho os meus ídolos. Stephen King - com a sua mente mirabolante e a sua escrita recheada de suspense; Sophie Kinsella - com as suas histórias malucas e divertidas; Josh Malerman - com o maravilhoso livro "A Caixa de Pássaros" e entre outros. De certa forma, posso dizer que todos esses escritores me inspiram em pontos diferentes: a escrita suave, o mistério, as artimanhas e, principalmente, a criatividade.
Como você descreve o seu personagem principal?
Ao ler "A Morte E A Garota do Coração Valente", percebe-se que a trama gira em torno de dois personagens: uma garota, a Cassie, e a Morte, a narradora em questão. Contudo, o personagem criado por mim para "administrar" os acontecimentos foi a Morte. "Ela", no meu conto, é alguém que, apesar de carregar as almas daqueles que deixam esse mundo, mostra um lado humano. Apesar de sua frieza e indiferença, o leitor é capar de perceber, mesmo que nas entrelinhas, o quanto a Morte pode se importar com alguém - nesse caso, a Cassie - e o quanto o seu "trabalho" a fere de certa forma. Eu descrevo essa personagem como alguém que já se encontra desacreditado na humanidade, mas que, ainda assim, consegue encontrar qualidades nela.
Como reagiu ao saber que ficou entre as colocações no concurso?
Como eu reagi? Primeiro eu fiquei "Nossa", depois "Não acredito" e, logo em seguida, "Deve ter algo errado" (Risos). Quando eu me inscrevi para esse concurso, eu nunca cheguei a realmente pensar que ficaria entre os três ganhadores da categoria contos, muito menos que seria a primeira! Foi um choque. Um choque bom, muito bom.
Qual a maior dificuldade em escrever um livro?
Saber aonde eu queria chegar foi a minha maior dificuldade enquanto escrevia o conto. Quero dizer, saber o nome dos personagens e imaginar o que vai acontecer em uma história pode ser bem mais fácil do que imaginar um final para ela. E, na minha cabeça, eu não queria escrever e simplesmente adicionar um ponto final depois - eu queria passar algo: uma lição ou, ainda, passar algum sentimento pelas entrelinhas (E, sem sombra de dúvidas, conseguir tal feito foi o mais complicado para mim).
Quais são seus projetos para o futuro?
Meus projetos? São vários! Mas o difícil mesmo é conclui-los (Risos). Atualmente, estou dando prioridade para uma história - dessa vez longa, sem ser um conto - e acredito que já estou conseguindo organizá-la de maneira satisfatória para poder, ao menos, começar a pensar na possibilidade de postá-la no aplicativo. Estou animada com ela e, por isso, a escrita e as ideias fluem mais rápido (Ufa!).
No geral, ser autor(a) é fácil ou difícil? Quais são as dificuldades?
Difícil, muito difícil. Para se ter uma noção, a palavra autor significa aquele que origina algo, um indivíduo responsável pela criação, um inventor, um descobridor. E aí, acha que é pouca coisa? (Risos). A maior dificuldade de um escritor é conseguir colocar tudo o que pensa e sente no papel. Sim, isso mesmo. Na cabeça brilhante desses seres que todos nós veneramos, a história pode se passar de um jeito e, para fazer com que os leitores vejam daquele mesmo modo, é preciso toda uma habilidade de comunicação através das palavras. Você precisa acreditar no que está escrevendo, colocar tudo de si, revisar, ler uma, duas, três vezes e depois apagar aquilo que é desnecessário para reescrever algo diferente novamente - tudo isso sem deixar a humildade e o leitor ávido que existe dentro de si de lado. Nunca esqueçam: um bom escritor é aquele que foi, e ainda é, um bom leitor.
Fale um pouco da sua obra e que mensagem ela passa aos que leem e os que irão ler um dia.
"A Morte e a Garota do Coração Valente" é um conto que aborda o quanto a vida pode passar diante dos seus olhos - e acabar também. Muitas vezes as pessoas pensam na morte como algo aterrorizante, insensível e frio e, devido a esse motivo, eu tive a súbita vontade de transformar "isso" em um personagem para o meu conto. Fria, insensível e indiferente... é assim que a Morte é na narrativa, mas, pelas entrelinhas, o leitor aos poucos vai pegando os sentimentos ocultos que ela - a narradora em questão - deixa passar. A mensagem que o conto quer passar é que, muitas vezes, somos os culpados pela nossa própria destruição e que a morte, na maioria das vezes, é apenas uma consequência. As pessoas, contudo, devem lutar para sobreviver, para merecer a vida de fato. Elas devem ter um "coração valente".
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Entrevistas e Resenhas DW
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