Capítulo XIII - Consumido pelas Chamas

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— Achei! — bradou Tae Hyung ao entrar nos aposentos de Jung Kook sem se anunciar.

— Alteza, eu deveria lembrá-lo que- — o eunuco que vinha nos calcanhares do Quinto Príncipe se calou e se encolheu ao receber um olhar cortante dele, procurando pela face do Imperador Conclamado. — Majestade, eu tentei-

— Conheço bem o temperamento de meu irmão, Eunuco Choi — disse Jung Kook, achando graça do desespero do servo. — Deixe-nos.

— Sim, Majestade! — O eunuco uniu as mãos à frente do corpo e se curvou, retirando-se de costas.

O Quinto Príncipe resmungou, sentando-se de modo displicente diante da mesa do irmão mais novo assim que o serviçal fechou as portas:

Alteza… Eu realmente gostaria que seu pessoal parasse de me chamar assim, Jung Kook…

— E eu adoraria não estar de partida para outra batalha — rebateu o Imperador Conclamado, oficializando com seu selo o comando que redigia (o último de hoje!) quando Tae Hyung entrou —, entretanto não posso fazer nada quanto a isso. — Enrolou o papel e o entregou nas mãos de Soo Ki, que se sentava à sua esquerda, e encarou o Quarto Príncipe de Kim com ar de enfado. O pequeno rastro de humor evocado pelo eunuco havia sido um vagalume na escuridão densa, por que seu humor estava péssimo, e a atitude do irmão mais velho fizera com que piorasse ainda mais. — Essa guerra não vai acabar de modo favorável se eu só fizer o que meu coração deseja.

Se eu fizer o que desejo, vou perder dois terços dos meus aliados e a guerra junto. Não só eu como todo o meu clã seremos executados como traidores da Coroa, pelos verdadeiros traidores.

— É diferente — disse Tae Hyung, com simplicidade. Como se aquele realmente fosse um assunto simples…

— Só porque você insiste que seja. — Tudo seria tão diferente se você decidisse me ajudar como Príncipe de Kim… Você poderia me libertar da Quarta Imperial. — Nosso pai está morto, hyung. Não faz mais qualquer sentido você se privar do que é seu por direito.

O olhar de Tae Hyung endureceu, e um escarro teria sido menos ofensivo do que as palavras que desatou a proferir, quase rosnando:

— Seu pai, Jung Kook. Seu pai. Eu sou filho da minha mãe, e apenas dela. Esse direito de que fala não me diz respeito. E quer saber mais? Toda vez que você abre a boca para me chamar de “hyung” o meu estômago embrulha, e eu tenho vontade de vomitar meu coração junto com a metade imunda de sangue que envenena as minhas veias.

— Kim Tae Hyung! — Jung Kook gritou, ficando de pé num salto, a um passo de perder a cabeça de vez.

— Por favor, parem com isso, vocês dois! — rogou Soo Ki, mirando com pavor a mão que o Imperador Conclamado tinha oculta sob o dopo. — Sabem que esse assunto não fará nada, a não ser semear mais discórdia entre o sangue de Dameolin. Já bastam os príncipes que se deixaram enganar pelas mentiras de Yoon Gi e decaíram. — O olhar preocupado e ralhador dele se focou no rosto do Imperador. — Sei que suas intenções são boas, Jung Kook-ah, mas não pode forçar suas opiniões em Tae. Precisa ser flexível, paciente e compreensivo com todos e em todas as situações, além de enérgico. Sua atual posição exige isso. — Em resposta ao pedido do mais velho, Jung Kook se acomodou outra vez nas almofadas. Soo Ki se voltou para o senhor de Hworan. — Você também, Tae. Entendo seus motivos, mas peço que seja razoável. Pelo que eu soube, só pôde manter o rapaz sem memória a salvo de moléstias por causa do sangue e do nome que tanto despreza. — O mais velho teve a delicadeza de não chamar Tae Hyung de herege, porque era isso que ele era depois de maldizer o sangue do Senhor da Corte Celeste daquele jeito vil. — Eles podem ser mais do que lembranças dolorosas se puder se tornar frio o bastante para usá-los, então se torne mais forte. Estes são tempos sombrios, vocês têm que superar as intempéries e se fortalecer. Sejam o apoio um do outro em vez de brigar.

Outlander || YoonjikookOnde histórias criam vida. Descubra agora