Capítulo XXIV - Em Torno de Hakanyeong

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Alteza! — Uma voz sem características, porém familiar alcançou Ji Min, que não olhou para trás ou tampouco se deteve, avançando mais rápido por um peristilo pontuado de largas colunas. — Por favor, espere por mim, Alteza!

A construção à sua direita, as colunas, o teto e o chão… embora todos parecessem feitos de mármore numa primeira olhada, quase desapareciam quando observados com atenção e deixavam entrever nuvens brancas. No entanto, nem isso, nem o fato de estar mais flutuando que andando, nem mesmo a cálida luz que oirava tudo ao seu redor pareceram estranhos a Ji Min. Estava sufocado demais para se importar com detalhes tão triviais, sufocado demais para se ater a chuva fina que acompanhava seus passos, regando os belos jardins que se estendiam para além da imensa galeria de colunas.

Como Rhali pode ser tão cruel? — Jogou a pergunta no ar, sentindo-se a ponto de explodir de tanta impotência. Sua voz era a sua e era outra, nenhuma, tal qual a de quem o seguia. — Por que a Grande Mãe fecha os olhos para seus desmandos? Eu não consigo entender!

Não seja tão duro, Alteza — pediu quem o perseguia pela galeria, ao chegar ao seu lado. Vestia-se como um erudito da Era Joseon, mas não era uma pessoa, não exatamente. A silhueta variava entre a de um ser humano e a de um porco-espinho, e um porco-espinho bem grande! A pelagem era marrom e semissólida, e os espinhos pareciam lanças de ouro. Ambos irradiavam pequenos rastros de energia, que se transformavam em pequenas representações das mais variadas sortes de coisas e seres antes de se desfazerem a olhos vistos. O rosto ora era uma máscara, ora a real cara de um porco-espinho. Fazia com que Ji Min se recordasse dos antigos deuses egípcios, mas não o surpreendia. Nem mesmo suas próprias mãos, impregnadas de microerupções solares pelo que vira de relance, o surpreendiam! — Sua Majestade, a Rainha Rhali, apenas prioriza o equilíbrio do mundo.

Equilíbrio?! — Seu nível de irritação alcançou o teto, e o brilho dourado que o cercava se expandiu, anulando a verdadeira cor do ser à sua frente. — Permitir que todo um clã seja exterminado por um homem que se julga a mais especial das criaturas? Onde há equilíbrio nisso?!

Os ombros do porco-espinho arriaram.

Existem coisas que nem mesmo nós podemos mudar, Alteza.

Ji Min se viu ainda mais frustrado, quase à beira da dor física. Sentia-se sufocado, era insuportável.

O que torna algo passível de nossa intervenção e o que o faz intocável? Mesmo após tantos anos, ainda desconheço a resposta. Às vezes, tenho a impressão de que sou o único membro da Corte Celeste que a desconhece.

Isso não é verdade, Alteza.

O homem tentou tocá-lo, mas Ji Min se afastou dele.

Por que a Grande Mãe me trouxe para cá? Por que me privar da companhia das pessoas que amo, se Ela não pretendia ouvir mais minhas palavras? Por favor, me diga!

Tenta colher romãs em um arbusto de mirtilos, meu príncipe. — Uma terceira voz descaracterizada atraiu sua atenção à parte do corredor que havia deixado para trás. Outro ser meio humano e meio animal, um coelho branco cujas vestes azuis exibiam as insígnias reais, se aproximava deles. Uma porção de brincos feitos inteiramente de água pendiam das longas orelhas dele, como diamantes, a parte interna delas e os olhos dançavam, revestidos de água que brilhava como brutos blocos de safiras. — Afinal, o Mestre das Formas não é o Senhor das Luzes.

Ji Min suprimiu um suspiro de desânimo, desejava que fosse Dameolin ali. Mas claro que o Rei Benevolente não iria pessoalmente, nunca ia, ao menos não para ele. Gostaria de entender o porquê da relação deles ter mudado tanto desde sua chegada à Corte Celeste. Quando eu estava longe, a Mãe se mantinha perto de mim, e quando perto cheguei, Ela pôs todo um mundo de distância entre nós.

Outlander || YoonjikookOnde histórias criam vida. Descubra agora