Capítulo XXII - Palavras de Redenção

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— Majestade! — bradou o Ministro da Guerra, tomado de grande indignação. O Imperador retornara à tenda imperial há pouco e havia acabado de explicar o grande disparate que chamava de postura de batalha ao Conselho, lançando todos à perplexidade. Ou, melhor, quase todos. O servo insolente que se atrevia a se assentar uma vez mais à mesa de Sua Majestade não parecia nem um pouco surpreso. Provavelmente, havia ouvido tudo de antemão. Era o cúmulo! — Temos a chance de pôr um fim a essa guerra e ao sofrimento do povo amanhã, então porque deveríamos arriscar isso pelo bem de um bando de traidores que viraram as costas à Vossa Majestade Imperial?

— Porque eles também são meu povo — respondeu o Lampejo de Luar, indiferente ao arroubo encolerizado do conselheiro. — Ainda que entre eles haja quem mereça castigos piores que a morte, a maioria só é culpada de ser leal ao sangue que corre em suas veias. Não podem ser punidos por isso, e nós não o faremos. Também não perderemos a chance de findar em definitivo com os combates por causa disso. O cerco foi bem planejado, afinal. Uma vez que se feche, os rebeldes não poderão sair da planície. Serão sobrepujados e presos, e suas pretensões tolas terão fim. Simples assim.

— Mas e quanto à segurança de nossos guerreiros, Majestade?

— Fique descansado, Terceiro Príncipe. Nada será capaz de ameaçá-la.

Em vez de pedir mais informações ao Imperador, o príncipe Nam Joon se deu por satisfeito com aquela resposta que, na realidade, não explicava nada e permaneceu calado. Nem os Príncipes de Jung e Min, nem o General Kim ou o Comandante Min, a despeito dos semblantes cismados, pareciam inclinados a dizerem nada, o que irritou profundamente ambos os ministros e seus subsecretários. Onde já se viu compactuar com algo tão irracional quanto aquilo?!

— Eu compreendo seu desejo, Majestade. — Apressou-se a dizer o Ministro do Protocolo. — Porém, como membro do Conselho Ministerial devo contesta-!

O Imperador cortou o discurso repreensivo do conselheiro.

— Devo lembrá-lo que estamos num acampamento de guerra, o qual deve ser comandado pelo membro mais graduado da corte imperial presente no momento. Ou seja, eu, o Imperador de Park. Eu não ter sido empossado é tão irrelevante nesse contexto, quanto a opinião que o Conselho Ministerial tem ou deixa de ter no que concerne às decisões que tomo aqui. Espero que mantenha isso em mente, Ministro do Protocolo, pois não será repetido. — O Sopro da Lua focou sua atenção em Kim No Hwang.  — Quero que designe duas legiões para guardar o planalto oeste, General Kim.

Uma sobrancelha do Príncipe de Min se elevou, e, enfim, ele decidiu abandonar o mutismo.

— Esse local foi descartado como rota de fuga por se acabar em um precipício de altura deveras pronunciada, cujo aspecto liso e retilíneo do paredão de rocha impede que até mesmo o mais habilidoso dos homens se prenda a ela. Não é uma rota para fora de Uktara, mas sim um caminho para a morte certa. Então, qual a necessidade de guardá-lo, Majestade?

— Uma tenda de suprimentos será montada nesse lugar — disse o Imperador sem explicar o que queria dizer com aquilo e voltou a mirar o Supremo General do Exército, ignorando o olhar ainda inquiridor do ancião. — Duas legiões, General Kim. Um quarto de infantaria e três de artilharia, não se esqueça.

— Sim, Majestade.

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— Os ministros ficaram pra morrer de raiva — comentou Ji Min, assim que os conselheiros se retiraram da tenda imperial. Espremia as mãos nervosamente ao colo. — Tive medo que o Ministro do Protocolo voasse na sua garganta quando você o confrontou, hyung!

Outlander || YoonjikookOnde histórias criam vida. Descubra agora