Outlander || Yoonjikook

Capítulo X - Em Casa

Ji Min se recostou à parede do corredor e escondeu o rosto nas mãos, incapaz de conter o choro.

Havia acabado de deixar a sala do Dr. Hong, largando parte do sermão que ele lhe dava por ouvir. Era a quarta sessão de esporro que enfrentava no dia, simplesmente não aguentava mais ser chamado de irresponsável injustamente! Bem que Yang Soon o havia aconselhado a não ir a faculdade hoje…

Quinze dias. Esse era o tempo que havia se passado ali desde que adormecera na casa de Yang Soon. Não era nem metade do pior quadro — afinal, estivera em Hworan por quase cinco meses —, ainda assim bastara para complicar sua vida acadêmica. Perdera muitas aulas e uma montoeira de avaliações, sem falar das reuniões do grupo de pesquisa, das leituras e relatórios por fazer e da completa estagnação de seu TCC. E isso só em Farmácia! Era coisa demais para repor e algumas nem poderiam ser repostas, pois não podia justificar sua ausência. Por isso estava implorando e por isso estava ouvindo toda sorte de reclamações terminadas no recorrente “se é demais para você, desista”. Depois de três negativas, já podia reconhecê-las bem, por isso deixou o Dr. Hong falando sozinho, do contrário desabaria na frente dele.

Tudo o que queria era sua vida de volta, mas, ao que parecia, nem isso poderia ter.

Estou sendo castigado, Senhor Dameolin? É isso? É por causa da morte dos meus pais? Por que eu fui egoísta e os deixei morrer? Eu não sabia, eu juro que não sabia do meu dom! Então… por favor… por favor, faça esse pesadelo parar… faça parar… me permita seguir em frente, Senhor…

Já não duvidava que seu dom fosse um presente do Grande Deus Dameolin. Havia pedido, quase intimado que a divindade o deixasse retornar para junto de sua família, caso fosse a responsável por ter lhe dado aqueles favores estranhos, caso fosse a responsável por tê-lo levado ao Império de Park — sim, pois àquela altura dos acontecimentos, parecera-lhe que sua situação só poderia ter sido ocasionada por obra divina —, e de imediato fora tragado de seu quarto em Hworan para o quarto, mais especificamente para a cama de Yang Soon. Dameolin o atendera, como Tae tinha dito que seria. Por isso pedia que Ele o deixasse seguir em frente, porque o Senhor da Corte Celeste só concedia aquilo que lhe era pedido.

Ji Min não queria voltar a Park nunca mais, nunca mais. Já bastavam os estragos que Os Sonhos haviam deixado em sua vida, em seu coração. E pensar que estaria em casa há tempus, se tivesse acreditado na existência de Dameolin logo que ouvira falar sobre Ele. Quem lhe dera tivesse acreditado muito antes que seria atendido se clamasse pela ajuda d’Ele. Jamais teria se apaixonado por Jung Kook. Céus! Até pensar no nome dele já lhe doía…

Vou usar o dom que o Senhor me deu pra ajudar o máximo de pessoas que eu puder, então… por favor… me permita seguir em frente, Senhor… por favor, pare de me castigar…

— Chim! — O chamado de Ryu Sik o alcançou, os passos apressados dele ressoavam contra o piso. — Chim…

Ele estava a sua frente, mas não pôde encará-lo, só se encolheu e chorou mais. Os braços de seu amigo o cercaram, tentando lhe trazer algum conforto, mas tudo que conseguiu foi alargar a razão de seu pranto. O carinho dele o fazia recordar de seus amigos de Hongsaejoo.

Tae, as crianças, o senhor Hyun Ni, as senhoras Tae So e Tae Si, todos de Hworan… O que eles deviam estar sentindo agora? Torcia para que o considerassem um espião de Yoon Gi e o detestassem, assim não sentiriam sua falta. Torcia, mas sabia ser em vão. Eles se preocupariam com seu sumiço, o procurariam até a exaustão e sentiriam sua ausência, porque eram uma família, e fazia parte dela. Quem lhe dera poder vê-los novamente, dizer que estava bem, poder se despedir, mas não podia. Pelo bem deles. Jung Kook poderia machucá-los se achasse que o tinham feito partir para impedir que se casasse com ele. Nunca se perdoaria se acontecesse — nem ele.