Capítulo 2

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Hoje o dia foi mais, tranquilo. Minha chefe foi para uma reunião em outra cidade e nos deixou cuidar dos projetos sozinhos, nossa equipe é muito boa e rendemos muito bem tanto com ela presente, quanto com a ausência dela, mas devo confessar que é muito melhor trabalhar num ambiente tranquilo.

Perdi algum tempo conversando besteira com alguns colegas no pátio da faculdade e quando vi que a hora tinha se passado muito rápido, corri para não chegar atrasada na primeira aula.

Minha sala fica no sexto andar do prédio de tecnologia e corri desenfreada para pegar o elevador, quando cheguei na frente dele, praticamente arremessei alguém para dentro com uma trombada.

— Eu sinto, muito, me descul... — perdi a voz e a cor da pele, era Joana.

— Caramba, você é bem forte menina! — ela falou se recompondo e apanhando um livro do chão sem olhar para mim. — Quase arrebentei minha cara no espelho do elevador.

Ela se levantou e parece também ter ficado surpresa por me ver, porque uma das suas sobrancelhas se levantou de forma charmosa.

'Como ela consegue ser maravilhosa assim?'

Usava jeans, tênis All Star, uma camiseta preta que dizia 'JUST DO IT' e usava um rabo de cavalo com umas mechas caindo à esquerda.

— Segurem o elevador! — um grupo gritou antes que pudéssemos falar mais alguma coisa.

Era muita gente que aparentemente estava com muita pressa, todo mundo falando ao mesmo tempo e de repente o elevador estava completamente lotado. Joana ficou encostada na parede espelhada e eu bem a sua frente. Me senti bem próxima dela, queria me virar para falar alguma coisa, mas se fizesse isso poderia ser que ficássemos com os rostos muito próximos e talvez não fosse uma boa ideia, eu só queria me desculpar direito.

Aquele espaço era feito para oito pessoas e tinham nove, eu contei, isso me preocupava um pouco, mas nada que me deixasse desconfortável.

Paramos no primeiro andar e fiquei feliz pensando que desceria alguém, mas aconteceu exatamente o contrário, três pessoas sem noção subiram e quanto mais elas tentavam se apertar para dentro do elevador, mais me empurravam para trás. Senti meu corpo se encostar no corpo dela, pude sentir seus seios relarem levemente nas minhas costas.

Comecei a suar, não só pela quantidade de pessoa que estava naquele pequeno compartimento elevando a temperatura, mas principalmente porque Joana deu um suspiro e quando ela soltou o ar, ele foi todo no meu pescoço.

As pessoas que estavam conosco pareciam não entender o risco que estávamos correndo, porque elas brincavam o tempo todo e falava coisa do tipo "quanto mais melhor", estavam felizes com aquela situação absurda.

Acho que eu estava me sentindo incomodada não só pelo risco que estávamos correndo, mas também porque eu acreditava que Joana poderia estar se sentindo desconfortável comigo, afinal, eu estava praticamente me esfregando nela, e se ela estivesse se sentindo mal com aquilo? Eu não a culparia.

De repente o elevador deu um tranco e todos falaram um "Ôooo", sorrindo, mas não achei graça. Para a minha sorte, aquela turma era do andar de Administração, o terceiro andar e chegaríamos logo.

O elevador parou no segundo andar e quando abriu a porta, lá estava um professor de Direito Empresarial que todos eles conheciam, ele dava aula para a turma de Administração, eu já tive aula com ele, é um ótimo professor. Mas espera aí, ele não está pensando em entrar, não é?

— E aí galera, com emoção ou sem emoção? — falou ao ver que o elevador não cabia mais ninguém e ele era excessivamente acima do peso, outras pessoas o chamariam de gordo mesmo.

— Com emoção, professor! — o pessoal falou, incentivando-o a entrar no elevador. O que?

Eu não acreditei, não quis falar nada para não parecer a histérica no meio de tanta gente legal e descolada, mas eu estava visivelmente incomodada, estava histérica de verdade. Meu consolo foi pensar que eles iriam descer no próximo andar, o que de mais poderia acontecer?

As pessoas sorrindo e brincando começaram a se afastar dando lugar para o professor entrar, o cara era muito grande.

Eu comecei a apertar Joana atrás de mim que derrubou o livro no chão, mas não teve como se abaixar para apanhar. Nesse momento eu estava completamente encostada nela, ou ela em mim, eu não sei, só sei que parecíamos uma só. O que sei é que não só seus seios estavam encostando em mim, mas minha bunda estava colada nela e eu sentia cada respiração que ela dava no meu pescoço, comecei a me arrepiar mesmo estando com calor.

Quando o elevador começou a subir, deu outro tranco e todo mundo um deu grito de zoeira e eu fiquei ainda mais angustiada, parecia que meu coração sairia pela boca. Ele começou a subir muito devagar e antes que chegasse no terceiro andar, ele deu uma forçada para cima e despencou uns meio metro para baixo me fazendo gritar.

É FÁCIL TE AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora