Capítulo 10

558 46 6
                                    

Sempre gostei de almoçar nesse restaurante por causa do ambiente. Bem familiar, sossegado, simples e com comida boa.

— Olha, eu não conhecia esse lugar, parece bom. — Joana disse admirando o local.

— Sim é bom, Amira e eu comemos aqui sempre que dá. Amo o pudim de leite condensado que tem aqui. — disse e logo chegou o garçom com o cardápio.

— Tá aí uma coisa que me faz muito feliz, pudim de leite condensado. — Joana falou me fazendo rir.

Ela era muito simpática, confesso que sou bastante detalhista quando quero e nesse momento decidi prestar atenção em Joana e como ela se comportava com outras pessoas. Fiquei estranhamente encantada com ela por vários motivos, mas o principal deles é que ela esbanjava simpatia com todas as pessoas com as quais conversava. É gostoso ver uma pessoa que olha nos olhos das outras enquanto fala. Ela não percebeu, mas claramente o garçom ficou a fim dela, não dava nem para culpar o cara.

Fizemos nossos pedidos e Joana pediu as coisas mais comuns que tinha no cardápio. Feijão, arroz e salada e bife, ainda perguntou se poderiam fritar um ovo para ela. Achei engraçado. Eu pedi uma porção de filé de frango à parmegiana e um suco. Joana bebeu apenas água.

Durante o almoço conversamos sobre muita coisa, trabalho, faculdade, família. Enquanto conversávamos observei Joana comer. Ela parecia mesmo apreciar cada garfada que colocava em sua boca.

Num desses momentos ela me viu a olhando e sorriu um pouco desconsertada.

— Desculpa, Cris. Devo estar parecendo bastante esfomeada agora.

— Não tá, não. Acho legal a forma que você aprecia a comida.

— Sabe quanto tempo eu não almoço assim? — perguntou apontando para seu prato de salada e eu neguei com a cabeça. — Há mais de um mês.

— O que? — fiquei pasma, do que essa garota se alimentava?

— Verdade, minhas últimas refeições têm sido mcDonald's, cachorro quente, batata frita, uma ou outra vez comida chinesa. — levantei a sobrancelha incrédula — Eu e meus amigos estamos num concurso de tecnologia e somos patrocinados pela faculdade.

— E por causa disso você não come?

— É que temos pouco tempo para fazer muita coisa e pedir comida sai muito mais rápido do que fazer ou sair para comer. — Nossa, isso quer dizer que ela nem saia mais com ninguém, ela tinha saído de sua rotina para conversar comigo.

— Não consigo me imaginar sem uma boa refeição.

— Eu devo me considerar com sorte de poder sair com você e de quebra almoçar tão bem assim. — dá uma piscadinha.

Terminamos o almoço e pedimos a sobremesa, Joana parecia tentar reunir coragem para me falar algo. Não queria mais esperar.

— Joana... — tentei falar, mas me interrompeu.

— Eu sei, Cris. Precisamos conversar. E eu tenho duas coisas muito importantes para te falar.

— Antes disso só gostaria de que soubesse uma coisa sobre mim. — ela dá sinal para que eu continue a falar. — Aquilo que aconteceu conosco na biblioteca foi algo inédito na minha vida. Eu nunca fiz nada nem parecido com isso antes. — Disparei.

— Eu sei, Cris.

— Não, me desculpe Joana, mas você não sabe, não nos conhecemos. — notei sua surpresa ao me ouvir falar assim. — Isso tudo me deixou muito mal. Eu até admiro quem gosta de se aventurar dessa forma, mas essa não sou eu. Eu não sou assim.

É FÁCIL TE AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora