Capítulo 13

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Depois de me sentar no sofá e beber uma água para me acalmar, contei o que tinha acontecido comigo desde que tudo começou. Como sempre ela me ouviu e pareceu compreender bem o que eu estava passando, mas senti que ficou chateada.

— Por que você não me contou isso tudo, Cris?

— Me desculpa, Amira.

— Se eu não tivesse chegado agora, você ia passar por isso sozinha e eu nem ia saber o que estava acontecendo. Você não me respondeu, por que não me contou?

— Fiquei envergonhada.

— Vergonha de ter feito sexo com ela na cabine?

— Por isso também, mas principalmente por ter me deixado ser levada a fazer algo que eu não tinha certeza se queria fazer. Não daquele jeito e não ali. E principalmente senti vergonha de sentir vergonha.

— O que?

— Transar é uma prática comum entre as pessoas da nossa idade e para a maioria dos meus conhecidos, essa história de sexo quente num local público, no mínimo renderia umas boas risadas ou até seria motivo de orgulho, mas ao invés disso, senti vergonha. ― disse enquanto enxugava algumas lágrimas que ainda caiam dos meus olhos. ― Que tipo de pessoa eu sou, Amira? Uma louca deslocada que sente uma culpa incontrolável apenas por ser impulsiva?

— Cris, você não é a maioria, você é uma só. Você é especial! ― pousou sua mão sobre a minha. ― Tudo bem se sentir desconfortável em situações em que todos se sentem bem e também tudo bem se sentir bem onde a maioria se sentiria desconfortável. É isso que faz de você uma pessoa única. Não precisa se envergonhar disso.

— Senti tanta saudade dessa sensatez. ― confessei um pouco aliviada.

— Olha aqui, Cris, preste bem atenção. Está me ouvindo? ― arregalei os olhos assustada com o quanto Amira foi enfática. ― Nunca mais, estou dizendo, nunca mais mesmo me esconda algo dessa natureza sobre você, entendeu? ― assenti e ela se jogou no sofá me abraçando. ― Agora, me fala o quanto você está gostando dessa garota.

— Muito. ― respondi e Amira me incentivou a continuar. ― Estou gostando muito mais do que já gostei de qualquer outra pessoa.

— E ela sabe disso? Vocês conversaram a respeito?

— Não.

— O que? Por que? — Minha amiga é muito prática para resolver as coisas. — Bom, eu acho importante ela saber o que você sente.

— Amira, qual parte do ELA É NOIVA você não entendeu?

— Eu entendi tudo, Cris. Só acredito que não faria mal ela saber dos seus sentimentos. E você também precisa saber o que ela sente por você de verdade. Mesmo que não seja o que você quer ouvir, acredito que tudo será esclarecido.

— Você está sugerindo que eu a procure, mesmo depois de tudo o que houve hoje? Amira, eu dei até um tapa nela.

— Tá, essa história de tapa foi desnecessário, mas sim, estou sugerindo que vocês conversem. ― abri a boca não acreditando no que estava ouvindo. ― Você não estará destruindo uma família, Cris, ela não é casada. Eu não estou te mandando seduzi-la, a única coisa que estou vendo é o quanto está mal, você vai ficar mais tranquila para seguir sua vida depois de falar com ela.

— Eu não sei, Amira. ― suspirei ― Quer dizer, você tem razão, mas não sei se tenho coragem de confessar meus sentimentos à Joana.

— Bom, pense a respeito.

— Vou fazer isso. ― respondi e Amira se afastou um pouco de mim com olhar de indagação.

— E esse vermelhão na sua testa, o que houve?

É FÁCIL TE AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora