Depois de alguns andares de escada, se depararam com um enorme corredor com inúmeras portas. Um longo tapete cor de vinho cobria o chão inteiro. Vasos de flores postos em balaústres de mármore e quadros de paisagens, geralmente envolvendo água, nas paredes, emolduradas com ouro.
Seguiram o mordomo até uma das portas e bateu umas três vezes.
-- Entre - uma voz disse do outro lado da porta e o homem de meia idade a abriu.
O local era diferente de todos os locais da mansão que tinham visto até agora.
Prateleiras e mais prateleiras de madeira estavam lotando as paredes do cômodo, guardando frascos com diferentes líquidos coloridos e ervas.
O chão era coberto de pedaços de pergaminhos com diversas anotações e receitas de poções.
No centro do cômodo, um homem de cabelos cinzas e ombros largos se encontrava sentado de costas para a porta em uma cadeira de madeira, igual a mesa também feita de madeira, repleta de objetos estranhos e pergaminhos, penas, tinta nanquim e outras coisas que não conseguiam ver.
-- Senhor Makoto - o mordomo começou. - Esses jovens estão aqui para ter uma consulta com o senhor.
-- Pode se retirar - o homem o dispensou com a mão e o mordomo dez uma reverência.
Ao sair do cômodo, o homem fechou a porta atrás de si.
Makoto se levantou de sua cadeira e caminhou em direção ao grupo.
-- O que temos aqui? - seus olhos eram amarelos.
-- Ele foi picado por uma cobra - Yuki mostrou Ron.
-- Uma picada de cobra... - ele repetiu. - O coloque alí.
O médico apontou para um sofá completamente camuflado em meio as estantes e se ele não tivesse dito, ninguém ia o perceber lá.
O obedecendo, Yuki colocou o ruivo inconsciente no sofá e o médico arregalou os olhos ao ver o braço ferido de Ron.
-- Essa duas feridas, não é possível que seja uma simples picada de cobra! Só se for um monstro.
-- E era um monstro! - Winry disse.
-- Winry! - Monika a repreendeu.
-- Compreendo... - o homem voltou sua atenção ao garoto. - Certo, veneno é algo muito perigoso. Preciso de uma poção bem forte.
O médico andou pelas estantes e achou um frasco com um líquido verde-neon e voltou para o sofá.
Ele tirou a rolha que estava tampando o frasco e despejou tudo na boca de Ron.
-- Isso vai resolver.
O moreno não acordou, mas sua feição de dor desapareceu.
-- Certo, agora para a ferida do braço...
Ele novamente desapareceu por meio das estantes.
Yuki não sabia o que era, mas tinha algo de errado com aquele homem. Tentou ler sua alma e viu que era a alma de um humano normal, mas sabia que nenhum humano comum teria a cor de olho que ele tem.
Se consente ou mais um pouco e viu que a alma dele tinha uma pequena diferença da alma humana, mas não sabia exatamente o que era.
Makoto retornou com ataduras, algumas ervas e mais um frasco com um líquido amarelo.
Enquanto ele cuidava do braço de Ron, Winry o observava com cuidado, pois sabia exatamente o que tinha de errado com aquele homem.
-- O senhor é um bruxo, certo? - Winry perguntou.
O homem parou um pouco e depois respondeu baixinho.
-- Como você sabe?
-- Bem, eu li sua alma - a garotinha respondeu.
Makoto continuou cuidando de Ron e fez mais uma pergunta.
-- Você também é uma bruxa, certo?
-- Poxa! Eu já tô cansada de ouvir que eu sou uma velha toda enrugada! Isso não é legal!
-- Você entendeu o que eu quis dizer - ele não a encarava.
-- Mas por que você está convivendo com os humanos? E de curandeiro principalmente? - Monika perguntou. - Ouvi que bruxas costumam a se isolar dos humanos.
-- Isso é verdade, mas não quer dizer que todos nós fazemos isso. Eu só queria poder ajudar as pessoas com a minha magia.
-- Se bem que você não ajuda muito não - Monika disse. - Morar em uma mansão longe dos bairros populares, ter um jardim enorme que demora minutos para atravessar e ter uma enorme escadaria não são coisas que facilitam a entrada de pessoas doente. Principalmente o fato de que cada corredor tem infinitas portas.
-- Mas eu estou ajudando seu amigo não estou? - ele disse já ficando bravo. - Eu estou ajudando!
-- Uma pessoa normal já teria morrido - Monika respondeu. - Se quer tanto ajudar as pessoas eu acho que você tinha que ir até elas e não esperam que elas venham ao seu encontro.
-- Mas se eu ir até elas - a voz do médico foi sumindo. -, eles terão medo dos meus olhos...
-- Você já olhou para quem você está recebendo hoje?! - Monika perdeu a paciência. - Ter medo dos seus olhos, francamente!
-- Terminei aqui - ele se levantou. - Agora o pagamento.
-- Certo - Monika disse com raiva -, mas eu tenho certeza que se o senhor realmente quisesse ajudar as pessoas, usaria sua magia de bom grado, sem querer nada em troca. Seu hipócrita.
Yuki colocou uma mão no ombro de Monika, para que ela não acabasse nos murros com o médico.
No fim, precisaram usar todas as moedas de ouro de Monika e mais alguns trocadilhos que Winry tinha nos bolsos do vestido para pagar tudo.
Novamente Yuki colocou Ron gentilmente nos ombros e ele saiu da sala logo depois de Monika.
Quando Winry também ia embora o bruxo a chamou:
-- Esse livro, vocês realmente lutaram com aquela coisa para conseguir ele? É uma herança das bruxas!
-- Mas você me chamou de bruxa, não? - Winry disse isso e virou de costas para sair.
-- Mas, o que vocês pretendem fazer com isso? - ele parecia estar com medo. - É uma magia poderosa.
-- Se fosse para o mal, você já estaria morto - Winry atravessou a porta e a fechou atrás de si.
-- Agora vamos para onde? - Yuki perguntou.
-- Vamos ficar na capital até que Ron se recupere inteiramente - Monika respondeu. - Ron guarda algumas moedas de ouro com ele. A gente vai conseguir pagar por uma estadia.
-- Certo - Yuki concordou -, mas como vocês tem todo esse dinheiro?
-- Antes que pense que roubamos, a gente ganhou por merecer! - Winry disse.
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Magia Mística [EM REVISÃO]
AdventureYuki perdeu a mãe muito cedo, e por esse motivo foi sempre muito apegado ao pai. Com seus 17 anos de idade, Yuki sofre constantemente em sua pequena vila, já que seu pai é considerado o "Louco da Vila" por acreditar em seres não humanos. O sumiç...