Reino dos Demônios
Pouco depois que atravessaram o
portal para o Reino Oeste-- Eles escaparam - o rei dos demônios disse. - Por que você fez isso? Eu achava que o Dragão Negro era um monstro sem coração! Não foi ele que destruiu um reino inteiro? Não foi ele que acabou com a vida de milhares de humanos? Aqueles insetos nojentos?
O rei dos demônios jogou a cabeça para trás e deu uma risada sádica.
Winry rangeu os dentes, cheia de raiva. Suas marcas voltaram a cor negra. Seu fogo azul nem tinha arranjado o demônio a sua frente.
-- Eu tenho uma proposta para você - o rei voltou a falar. - Eu sempre procurei por uma rainha. Uma mulher a minha altura para ser minha esposa.
O rei estendeu a mão para a mulher a sua frente.
-- Eu quase pedi a mãe do Yuki para ser minha esposa, mas vi que foi um erro. E agora, eu quero te pedir em casamento.
Winry encarou o chão, só queria que seus amigos ficassem em segurança.
-- Eu sei muito bem que não irá aceitar um não como resposta - Winry disse. - Se eu disser isso irá matá-los, certo?
-- Certíssima - o demônio sorriu. - Inteligente, isso é bom.
-- Certo, agora me deixe sozinha.
-- Irei pedir para alguém que mostre um quarto vago para você - o rei disse.
Winry virou as costas e saiu da sala do trono sem dizer uma palavra.
Logo atrás da porta parcialmente destruída, um demônio a esperava.
Ele tinha chifres vermelhos, as mãos asemelhavam a garras de águia, usava um casaco de couro preto e óculos escuros.
-- Mostrarei o seu quarto, senhorita - o demônio disse.
Ele tomou a liderança e Winry o seguiu pelos corredores do castelo, onde eram fracamente iluminados por algumas tochas.
-- Qual é a do estilo de vocês? - Winry perguntou.
-- É o uniforme, o rei que decidiu - foi a resposta.
-- Velho babaca - a mulher bufou.
-- Não fale isso, as paredes tem ouvidos - ele alertou.
-- Dane-se essas paredes - ela suspirou. - Mas qual é o seu nome?
-- Emalf, senhorita.
-- Me chama de você, não gosto de senhorita - Winry disse.
-- Como quiser - Emalf deu de ombros. - Mas você realmente escolheu ficar aqui no Reino dos Demônios para livrar seus amigos da morte?
-- Sim, algum problema? - Winry o encarou mortalmente. Apesar de tudo, esse demônio era mais baixo que ela e provavelmente mais fraco.
-- N-não, nenhum problema - ele se atrapalhou com as palavras. - É que eu ouvi dizer que os dragões são seres egoístas e arrogantes, que passariam sua própria vida a cima de tudo.
-- Eu acho que deixei de ser dragão faz um bom tempo - Winry segurou seu próprio braço.
Emalf não entendeu muito bem essa última fala, mas ignorou.
-- Chegamos - ele abriu uma porta e fez uma reverência. - Qualquer coisa é só me chamar.
Winry entrou no quarto e respondeu:
-- Está bem - a mulher sorriu, apesar de seus olhos estarem vazios.
O demônio fechou a porta e foi embora.
Winry se virou para ver o quarto e resumidamente ele era escuro.
Uma cama king size se encontrava no centro do quarto, encostado na parede. Os lençóis e os cobertores eram pretos. O guarda-roupa era feito de madeira escura, assim como o criado-mudo. Um enorme espelho com a moldura de prata se encontrava em uma das paredes. Uma penteadeira também se encontrava encostada em uma das paredes.
Uma janela dava a vista para a vila, e também podia se ver uma cachoeira de magna junta de um lago.
As paredes do quarto eram feitas de tijolos negros e um banheiro era separado por uma porta no quarto.
Winry deixou para trás a fachada de mulher forte e resolveu demonstrar seus sentimentos, mesmo que estivesse sozinha.
Foi até o criado-mudo e o arremessou para o outro lado do quarto, e antes que atigisse o chão, ela deu um chute com tudo na mobília e ela se transformou em pó.
A mulher caiu ajoelhada no chão e lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto, despejava todo o desgosto e a raiva que sentia naquela hora, mas isso não parecia ser o suficiente.
Olhou para suas próprias mãos e elas estavam tremendo. Sentia suas pernas bambas.
Faria de tudo para matá-lo, queria o ver sofrer. Ela tentava tirar esses pensamentos de sua cabeça mas isso a atormentava cada vez mais, a fazendo derramar mais lágrimas.
Não podia matá-lo, se o fizesse haveria um desiquilíbrio enorme no mundo todo.
Não podia matar a Morte. Se o matasse, ninguém mais morreria e nasceriam cada vez mais pessoas e tudo ficaria descontrolado.
Se seguisse seus sentimentos naquele momento poderia destruir o mundo todo. Poderia se transformar naquilo que sempre quis evitar. Um monstro que só servia para destruir.
Winry colocou as mãos no lado esquerdo do peito, onde sentia uma dor enorme.
Teria feito a coisa certa? Passaria o resto da sua vida presa nesse lugar e com a pessoa que mais odiava. Seria esse o preço a pagar pelos seus pecados?
De repente, memórias a atingiram como um tiro.
Se lembrou de Ron, de Monika e de Yuki. Se lembrou de suas aventuras com os amigos e de todos os perigos que passaram.
A viagem na Baía das Sereias, a viagem para a Floresta das Fadas, a luta contra o monstro do templo, a briga no bar, a fuga do Reino Leste, a luta contra os lobos para salvar Aima e o resgate do pai de Yuki.
Essas lembranças foram como uma luz no fim do túnel para Winry, elas fizeram com que ela parasse de chorar e até conseguiu esboçar um pequeno sorriso nos lábios.
Sabia que sofreria, mas teria que aguentar como sempre tinha aguentado, iria enfrentar tudo de cabeça erguida. Não deixaria que o rei dos demônios a usasse como um troféu.
Enxugou as lágrimas e se levantou do chão. Respirou fundo e se acalmou.
Se virou e resolveu ver a vista da sua janela, esperando que pudesse ver pelo menos mais uma vez o mundo do lado de fora da sua nova prisão.
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Magia Mística [EM REVISÃO]
AdventureYuki perdeu a mãe muito cedo, e por esse motivo foi sempre muito apegado ao pai. Com seus 17 anos de idade, Yuki sofre constantemente em sua pequena vila, já que seu pai é considerado o "Louco da Vila" por acreditar em seres não humanos. O sumiç...