Capítulo XLIII

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Reino dos Demônios

-- Pra mim é a mesma coisa - Winry repetia essa mesma fala pela décima vez.

-- Não é a mesma coisa - Emalf implicava de volta. - Isso é vermelho sangue e isso é carmesim - ele apontava para as amostras de tecido.

Se encontravam no quarto de Winry. A mulher estava encostada no parapeito da janela e Emalf estava sentado na cama, rodeado de papéis e amostras de tecidos.

-- É a mesma coisa - ela teimou. - Mesmo que eu escolha um, não vai ter diferença nenhuma!

-- Vai sim! - ele quase gritou mas abaixou o tom da voz rapidamente. - Eu sei que você não está feliz com o casamento mas se pelo menos tentar fazer com que ele seja bonito, talvez isso melhore as coisas pelo menos um pouco. Qualquer mulher quer um casamento bonito.

-- Eu não sou qualquer mulher - Winry retrucou com raiva.

-- M-me desculpe, eu não quis dizer isso - Emalf disse e seu óculos escuro quase caiu.

A mulher suspirou e disse:

-- Está bem, mas só me explica uma coisa. Qual é a diferença entre esses dois?

-- O carmesim é um pouco mais escuro que o vermelho sangue - ele explicou. - Qual você vai querer para ser o guardanapo?

-- Pode ser o carmesim - ela respondeu.

Emalf mostrou duas novas amostras de tecido.

-- Qual você quer para ser a toalha de mesa na hora da festa?

-- Você vai ficar bravo comigo se eu dizer que é a mesma coisa? - Winry disse.

-- Vou - ele respondeu. - Esse é creme branco e esse é creme acizentado.

-- Vai o creme branco então - a mulher disse.

Emalf novamente fez mais algumas anotações.

-- Agora os arranjos florais - ele mostrou dois exemplos. - Qual te agrada mais?

-- É isso que eu tô falando! - Winry quase gritou e o demônio se assustou um pouco. - Tá aí um negócio diferente!

Ele segurava em uma mão um arranjo com rosas negras e pequenas flores brancas e em outra mão segurava rosas vermelhas com pequenas flores pretas.

Emalf não pode deixar de esconder um sorriso pega empolgação infantil da mulher.

-- Tá, mas qual você quer? - Emalf perguntou.

-- O com rosas negras - ela respondeu.

-- Agora os tipos de mesas e cadeiras - ele mostrou duas fotos. As duas tinham cadeiras e mesas pratas, mas os detalhes eram diferentes. - Só não me diga que é tudo a mesma coisa, por favor.

-- Qual é a mais simples? - Winry perguntou.

-- Essa - ele mostrou a foto em que segurava na mão direita.

-- Então vai essa - ela disse.

Emalf novamente escreveu mais algumas anotações.

-- Os tipos de velas agora - ele disse.

Winry se sentou no parapeito e encostou na lateral da janela, colocando as pernas para cima do parapeito também.

-- Por que você não decide essas coisas? - a mulher perguntou.

-- Porque é você quem vai casar - ele respondeu.

-- E se eu pedir pra você resolver tudo por mim, você faz? - Winry perguntou.

-- Não - Emalf respondeu. - Aqui, as velas - ele mostrou dois tipos de velas, uma alta e fina e outra baixa e grossa.

-- A baixinha - ela disse.

O demônio novamente fez mais algumas anotações.

-- Não quero falar nada - Winry comentou. - Mas não deveria ser uma mulher pra cuidar dos preparativos para o casamento?

-- Deve ser porque você perde a paciência com todos as criadas e só me deixa chegar perto - Emalf respondeu sem tirar os olhos das anotações.

-- É você é o único que não vê o rei dos demônios como um deus e nem vê os humanos como insetos - a mulher explicou.

-- Qual toalha de mesa para a mesa do bolo? - ele perguntou quase como ignorando a última fala da mulher.

-- Voltou com as amostras de tecidos iguais? - ela perguntou.

-- Eu já disse que não são iguais - e ele mostrou duas amostras de tecidos.

-- É a mesma coisa - Winry disse.

-- Não é - o demônio teimou. - Um é vermelho escuro e outro é vermelho vinho.

-- Vai o vermelho vinho - a mulher disse.

Emalf voltou às suas anotações.

-- Por que você usa óculos escuros? - ela perguntou.

-- É o uniforme - ele respondeu.

-- Até dentro do castelo? - Winry perguntou.

-- Sim.

-- Não é ruim pra enxergar?

O demônio deu de ombros.

-- Você gosta de fugir do assunto do casamento né? - ele perguntou.

-- Ah, vamos - ela disse agitando os braços. - A garotinha de seis anos que habita dentro de mim tá entediada!

Winry desceu do parapeito da janela e foi até Emalf.

-- Certo - ele disse. - Agora que tá mais perto vai ver que as cores de tecido não são a mesma coisa.

Ele pegou em meio a bagunça que o rodeava mais duas amostras de tecido.

-- A toalha de mesa de comes e bebes.

Winry tomou os dois tecidos e os analisou minuciosamente.

-- É a mesma coisa - ela disse.

-- Quer que eu fale a diferença de novo? - ele disse sem paciência.

-- Por favor.

-- Um é vermelho sangria e outro é vermelho carmim.

-- Nossa, que diferença - Winry disse sarcasticamente em um tom que lembrava Monika.

-- Tá, mas qual você escolhe?

-- Vai o carmim.

Emalf voltou as suas anotações e Winry viu o momento perfeito para irritá-lo. A garotinha que vivia dentro de si gritava por isso.

Enquanto ainda estava conscentrado, Winry pegou seus óculos escuros e os tirou.

-- Ei! - Emalf gritou. - Devolve isso!

Ele virou a cabeça bruscamente em direção a Winry. Seus olhos eram amarelos e mais perto da pupila tinha uma coloração vermelha.

-- Vem pegar - ela disse com um sorriso e se afastou em passos rápidos do demônio agitando o óculos como se fosse um brinquedo para gatos.

A mulher percebeu que a medida em que ele ficava com mais raiva, seus olhos ficavam cada vez mais vermelhos.

Emalf avançou em direção a Winry com tudo e ela desviou girando e pé de apoio e ele passou reto, batendo de cara em uma das paredes. Ela sufocou uma risada.

-- Isso não foi engraçado! - ele gritou com raiva e seus olhos estavam completamente vermelhos, assim como seu rosto.

Winry foi até Emalf e colocou seus óculos escuros de novo em seus olhos.

-- Sem graça - ela disse. - O que me resta agora é decidir entre amostra de tecidos iguais, certo?

O demônio respirou fundo algumas vezes para se acalmar.

-- Certo - ele respondeu.

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