Capítulo XLV

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  Uma chama de esperança acendeu em Winry e ela sorriu como sempre sorria normalmente. Monika e os garotos também não escondiam sua alegria.

  Mas logo o sentimento de alegria de Winry foi tomado pelo ódio. Era culpa do demônio que se encontrava bem na sua frente por ter sofrido tanto e por também fazer seus amigos sofrerem.

  Uma sensação ruim de querer o machucar e o fazer sofrer tomou o coração dessa mulher.

  Yuki pode ver que Winry levantou seu braço e sua mão inrompeu em chamas amareladas, formando uma explosão de fumaça.

  -- WINRY! - Yuki gritou e arremessou o punhal com diamantes negros que antes tinha pertencido a sua mãe em meio a nuvem de fumaça.

  Os convidados não entendiam o que estava acontecendo mas a maioria estavam curiosos o suficiente para não abandonarem seus lugares. Outros mais assustados começaram a deixar o local.

  Monika agarrou o braço de Yuki de repente e apontou para a base da escada do altar. Um fio de um líquido vermelho e quente descia pelas escadas e se juntava ao tapete vermelho, era sangue.

  -- De quem será que é? - Ron perguntou. - Não dá pra ver nada - ele estava claramente preocupado.

  A nuvem de fumaça foi se dissipando. Os convidados se assustaram com a vista e alguns soltaram exclamações aterrorizadas.

  O rei dos demônios se encontrava caído no chão do altar. Winry estava com o pé esquerdo em seu barriga e segurava com uma das mãos o punhal e com outra uma perna.

  O demônio havia tido sua perna cortada pelo punhal de Yuki e Winry a balançava em seu rosto, em uma distância no qual ele era obrigado a observar sua perna decepada balançar precariamente.

  Ele sentia uma dor quase que insuportável, mas não iria se permitir soltar nenhum grito ou grunhido de dor.

  O sangue ainda molhado pingava e manchava a roupa do rei dos demônios.

  A mulher tinha suas mãos ensanguentadas, assim como seu vestido, e sorria de forma quase que sádica.

  Ela apertou mais a perna entre seus dedos e ela se transformou em um pó sangrento, que caiu lentamente no rosto do rei dos demônios, isso se assemelhavam a carne moída.

  Monika, quase que sem querer, apertou mais o braço de Yuki, provavelmente aterrorizada.

  Yuki também não entendia muito bem o que estava acontecendo. Winry teria surtado?

  -- Winry! - Ron foi o único a conseguir falar. - Não mata ele! Você sabe as consequências!

  -- Eu sei - sua voz estava alterada e suas olhos estavam repletos de ódio. - Mas isso não impede de eu arrancar alguns de seus membros, certo?

  -- Winry - Monika disse quase como um apelo. - Por favor, para. A gente veio te buscar, não precisa fazer isso. Vai ficar tudo bem, vamos pra casa.

  Era óbvio, Winry havia sido consumida pelo ódio, estava fora de si. E se continuasse assim a situação iria piorar muito mais.

  -- Por favor - Monika quase que chorava, seus olhos estavam marejados de lágrimas. - Tudo vai voltar a ser como era antes, não precisa ficar assim.

  Lágrimas rolaram pelo rosto de Monika, as lágrimas que ela estava tentando conter escorreram livremente pelo seu rosto.

  -- Você não é assim! - ela tentou avançar até o altar, largando o braço de Yuki. - VOCÊ NÃO PRECISA SER O MONSTRO QUE TODOS PENSAM QUE VOCÊ É!

  Yuki a segurou pela cintura para não avançar até o altar, mas ela se debatia contra seus braços, o que tornava a tarefa de tentar fazer com que ela não avançasse mais difícil.

  Winry pareceu despertar com essas palavras de Monika.

  Antes de qualquer coisa, Winry se virou para a Morte e disse baixinho para ninguém mais escutar.

  -- Essa rainha aqui não precisa de um rei.

  Desceu do altar lentamente e atravessou a igreja inteira. Todos os demônios presentes não faziam nada, com certeza não iam se envolver com alguém capaz de encarar de frente a própria Morte. Apenas encaravam aterrorizados enquanto a mulher andava firmemente, atravessando a igreja.

  Fazia-se um silêncio mortal no lugar, apenas os passos de Winry eram ouvidos de forma abafada por causa do tapete.

  O sangue pingava de seu vestido, de suas mãos e do punhal que segurava, pintando as pétalas de rosas vermelhas mais vermelhas ainda, formando um rastro por onde passava.

  Winry se aproximou de Monika e sorriu como sempre, apesar de sua aparência ensanguentada. A loira pulou no pescoço da amiga e quase a derrubou.

  -- Eu senti sua falta - ela dizia em meio as lágrimas.

  -- Eu também - Winry disse. - Aqui, seu punhal - e o entregam para Yuki, tentando encontrar uma forma de respirar por conta do aperto de Monika.

  Os garotos não puderam deixar de sorrir.

  -- Vamos logo - Yuki disse recebendo o punhal coberto de sangue. - O portal logo vai fechar, não consigo o manter aberto por muito tempo.

  Monika parou de abraçar Winry e Ron tomou a liderança igreja a fora.

  Eles não podiam deixar de sorrir, estavam muito felizes por ter o grupo todo reunido novamente.

  Andaram por um tempo pelo reino e Winry nem se lembrou de amaldiçoar seu vestido e o salto que tanto a incomodava.

  -- Você aprendeu Magia de Portal, Yuki? - Winry perguntou.

  -- Sim! - ele respondeu com um sorriso.

  -- Então quer dizer que as habilidades de transporte de Ron foram se tornaram inúteis? - ela perguntou e Ron fez uma careta.

  -- Ninguém supera minhas habilidades de transporte! - ele disse e todos deram uma risada.

  Acharam o portal que dava uma passagem para as ruínas do castelo do Reino Oeste.

  Ron foi o primeiro a atravessar, seguido por Yuki, Monika, e por último, Winry. A mulher passou sem olhar para trás.

  Pode sentir o vento fresco bater contra seu rosto e ver o céu azul a encheu de alegria.

  -- É muito bom que você está de volta Winry - Ron sorriu. - Mas eu acho que você tá esquecendo uma coisa.

  -- O quê? - ela perguntou. - Ah, sim! Proteção da Alma: Ativar!

  Um brilho branco envolveu Winry e ela diminuiu em altura. No lugar da mulher de antes podia-se ver uma garotinha de mais ou menos uns sete anos, com longos cabelos brancos, olhos azuis celestes e pele clara, que sorria animadamente.

  Seu vestido também havia mudado, seu enorme vestido de casamento negro se transformou em um vestido preto menor, mas ele ainda continuava coberto de sangue, assim como suas mãos.

  -- Eu voltei! - ela disse fazendo movimentos largos e sorrindo de orelha a orelha.

Magia Mística [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora