Capítulo XXXI

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  Yuki acordou em uma clareira de uma floresta. Ele abriu os olhos devagar, para que se acostumaram com a luz.

  O garoto se sentou na grama e deu um bocejo.

  -- Bom dia Bela Adormecida - Ron disse. - Dormiu bem?

  -- Sim - Yuki coçou um dos olhos. - Onde estamos?

  -- Em uma das florestas do Reino Norte.

  -- E para onde vamos agora? - Yuki perguntou.

  -- Não sabemos! - Winry respondeu. - E com o Reino Sul nos procurando, é meio difícil se locomover de qualquer jeito por aí!

  -- Os outros reinos também vão precisar a gente? - Yuki perguntou.

  -- Só se aquela princesa louca se comunicar com os reis dos reinos e os convencer que realmente somos uma ameaça - Monika disse. - E eu acho isso meio impossível. A gente só deixou alguns guardas inconscientes.

  -- No alguns você refere quase que o exército inteiro né? - Winry perguntou mas foi ignorada.

  -- Yuki - Monika chamou. - Sabe o que você contou pra gente na biblioteca?

  -- Sei - Yuki disse se recordando da memória em que gostaria de se esquecer.

  -- Você disse que a princesa tentou te beijar, e o que seria beijar? - Monika perguntou.

  Como ela não saberia o que era beijar? Yuki observou bem no fundo dos olhos violetas de Monika, e ela não parecia estar brincando com ele. Estava séria.

  -- É assim - Winry disse.

  A garotinha foi até a loira e a beijou na bochecha.

  -- Isso é um beijo - ela explicou. - E eu faço isso porque eu gosto de você!

  -- Mas se era só isso você podia ter deixado ela te beijar, não? - Monika perguntou para Yuki.

  -- É que também tem o beijo nos lábios e isso tem um significado um pouco diferente - Yuki explicou corando um pouco.

  -- E o que significa? - Monika perguntou.

  -- É que você ama a pessoa! - Winry explicou.

  -- Mas também tem o beijo em que você enfia sua língua pra dentro da boca da pessoa - Ron diz e todos o encaram. - Desculpa - Ele ergueu os braços. - Não tá mais aqui quem falou.

  -- Que bom - Monika falou.

  -- Respondendo a sua primeira pergunta, Yuki - Ron disse abaixando os braços. - Eu acho que a gente deviria procurar um rio ou algum lago, a gente não tem mais água nenhuma.

  -- Certo! - Winry disse animada. - Próxima missão: procurar água! - e deu um sorriso.

  Yuki se levantou e seguiu o grupo que adentrava cada vez mais na floresta, em busca de alguma fonte de água.

  -- Ron - Yuki o chamou. - Por que a Monika não sabia o que era um beijo? Qualquer um sabe isso.

  -- Lembra quando eu te disse que a Monika nunca teve um contato com um humano antes?

  Yuki concordou com a cabeça.

  -- Então, a gente sempre tentou levar ela pra alguma vila, mas ela nunca quis. Bem, isso mudou quando você chegou.

  -- Por quê? - Yuki perguntou.

  -- Se bem que eu a Winry levamos um bom tempo pra convencer ela, mas no fim ela acabou cedendo. Mas toda essa viajem foi o primeiro contato da Monika com os humanos, por isso que ela não sabe das coisas básicas que cada um sabe.

  Yuki viu essa fala como o término da conversa.

  Andaram algum tempo e a medida que avançavam para o coração da floresta, mais os troncos e as copas das árvores engrossaram e aumentavam, dificultando a passagem de luz solar.

  -- Eu acho difícil ter algum lago ou rio aqui por perto - Winry disse e de repente gritou. - Uma mina de água! - e apontou para o chão.

  Realmente, a água brotava do chão e corria como uma fina corrente pelo chão da floresta, desviando das árvores e indo em direção a algum lugar, procurando provavelmente o mar.

  Ron pegou seu cantil e o encheu de água.

  -- Pronto - ele disse.

  -- Missão cumprida! - Winry comemorou.

  De repente eles ouviram um uivo de lobo, e isso fez com que o grupo ficasse em silêncio.

  O uivo continuava e não parecia vir um único lobo, mas sim de uma alcatéia inteira. Esses uivos estavam cada vez mais próximos, quase estourando os tímpanos de tão estridentes.

  E então, ouviram um grito assustado. Provavelmente de uma garota.

  Yuki saiu em disparada em direção ao grito e o resto do grupo não viu outra alternativa a não ser segui-lo.

  -- Pra onde você tá indo? - Ron perguntou. - Por que você tá seguindo os uivos?

  -- Tem alguém em perigo, e eu quero ajudar essa pessoa.

  -- Você quer ajudar uma pessoa colocando a sua vida em risco? - Monika perguntou. - Estamos lidando com lobos famintos prestes a rasgar a sua pele!

  -- Mas a gente também não pode ficar parado aqui esperando aquela garota virar comida de lobo! - Yuki retrucou.

  -- Como você sabe que é uma garota? - Monika perguntou.

  -- O grito parecia de uma garota - Yuki encolheu os ombros.

  Eles correram em direção aos uivos e acharam a fonte deles.

  Uma garotinha, que parecia ter apenas alguns anos a mais que Winry, se encontrava encurralada pelos lobos contra uma enorme árvore. Ela tinha os cabelos rosa chiclete e olhos castanhos. Sua aparência não era normal para uma humana qualquer.

  Os lobos eram enormes e cinzentos. Batiam os dentes e salivavam enquanto se aproximavam lentamente da garotinha. Ela tremia e estava começando a chorar.

  -- Socorro! - ela gritou com a voz fraca.

  De repente, um dos lobos virou a cabeça para a direção em que o quarteto se encontrava e começou a rosnar.

  Os outros lobos o acompanharam e deixaram a garotinha para trás achando que aquelas outras presas valeriam muito mais a pena do que a garota.

  Yuki contou mentalmente e viu que tinham que lutar contra seis lobos.

  Eles se aproximavam com cuidado, esperando a hora certa para atacar.

  O grupo também esperava a hora H. Assim que eles se afastassem o suficiente da garotinha, eles iriam atacar.

  A garotinha não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas apenas assistia paralisada os lobos se afastarem pouco a pouco, temendo que sua simples respiração e o som do seu coração chamassem a atenção da alcatéia.

  Os lobos fizeram um semicírculo na árvore em que o grupo se encontrava atrás, escondidos.

  Tomando uma posição de ataque, eles deram o bote.

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