Indecisão

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Thranduil estava caminhando de volta para sua sala de estudos quando se deparou com Agalardiel fazendo o caminho contrário, o conselheiro tinha a cabeça baixa e pensava em algo com concentração, mas havia um sorriso estranho em seus lábios, aquele idiota era sempre um grande problema.

- O que está fazendo? – ele questionou.

- Nada, hîr nîn – o elfo respondeu, ele estava envergonhado? Não poderia acreditar nisso.

- Você chegou perto da fada? Chegou próximo de Logel? – ele rosnou com raiva, desde da noite passada as coisas ficaram complicadas para Taelin e Logel.

- Não. Eu estive com Naila até agora – a resposta do conselheiro fez o rei ter vontade de ataca-lo, estava sorrindo daquele modo porque esteve com a princesa?

- O que aconteceu de tão maravilhoso para você ter um sorriso no rosto? E me responda com verdade, não estou com paciência.

- Ela é meio marrenta, não? Não tem medo de mim, e fica me dando ordens, e toda vez que a ameaço ela sorri para mim – ele disse sorrindo.

- Nem pense em Naila dessa forma, ou eu vou arrancar sua cabeça!

O elfo de cabeça dourada ficou olhando para ele como se tivesse perdido a cabeça em algum lugar do castelo, então o rei continuou andando, não queria dar a chance para aquele elfo supor coisas que não estavam acontecendo. O rei nem parou diante de sua porta, ele continuou fazendo outro caminho para chegar nos aposentos da princesa.

Thranduil parou diante da porta da princesa, e não sabia mais porque tinha vindo até ali, nem porque deveria bater na porta. Enquanto pensava em seu dilema escutou os sons de uma pessoa chorando, e sentiu um aperto no peito que o fez entrar sem bater, Naila estava sentada diante da cama e chorava um choro doloroso.

Naila nunca se sentiu assim antes, a despedida de seus pais foi tão dura, não queria perde-los, mas sentia como se estivessem abandonando-a, tudo bem que foi seu desejo ficar, mas não queria que as coisas fossem assim, agora que eles foram sentia uma vontade louca de estar em casa e um arrependimento muito forte começou a apertar seu coração.

- O que foi Naila? Agalardiel lhe fez algo? – o rei questionou ajoelhando-se diante dela, seus olhos azuis demonstravam uma preocupação genuína.

Thranduil observou a menina lhe encarar, e ele sentiu-se um completo tolo, odiava o olhar esnobe estampado no rosto dela, mas odiava ainda mais esse olhar triste, instintivamente ele levou a mão para acariciar o rosto da menina, sua pele era suave e macia, ainda úmida das lagrimas, e quando a eletricidade fez seu corpo tremer, ele percebeu que nunca haviam se tocado corretamente.

- Ele não fez nada – ela chorou e voltou a fechar os olhos, se inclinando para o toque de suas mãos, seu coração pulou com a visão de que seu carinho a reconfortava, não desejava sua tristeza.

- O que está te deixando triste? – ele sussurrou e levantou-se, a menina também ficou em pé, parada diante dele.

O rei esfregou as duas mãos, ainda sentindo o efeito do toque da pele da menina.

- Meus pais, eu não queria entristece-los – ela chorou não sabendo porque não podia controlar suas lagrimas diante do rei, nem suas palavras, o desejo de ser sincera com ele era maior que o desejo de manter-se firme.

- Sua mãe está gravida? Eu pude sentir o bebe quando fiquei próximo a ela, a gravidez é uma dadiva.

- Mas eu não queria que ela esperasse um bebe! Eu sei que isso faz de mim um monstro, mas eu queria apenas minha mãe – ela chorou deixando que suas lagrimas pudessem lhe dar algum tipo de alivio.

A eternidade e a MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora