A escolha.

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- Lainel! – o grito deixou o curandeiro atordoado veio de fora da barraca de cura, muitos soldados estavam dentro sendo curados por seus enfermeiros.

Quando saiu para fora, ele se deparou com Agalardiel e Fendir carregando em seus braços Taelin, o ellon estava repleto de sangue.

- Traga-o, traga-o! – ele disse rapidamente voltando para preparar a maca, o corpo pesado foi depositado lentamente.

O elfo tinha um corte profundo em seu tórax, muito sangue saia do local, e o curandeiro pegou algumas toalhas enquanto suas enfermeiras os ajudavam a enxugar o sangue vermelho, o conselheiro ainda tinha os olhos verdes abertos olhando para o elfo Sindar e então para seu genro.

- Ele vai viver? – alguém perguntou, mas Lainel não estava pensando muito bem.

Mas aquela pergunta ficou fixa em sua mente.

Lainel olhou para seus enfermeiros e enfermeiras, enquanto o pessoal corria em seus uniformes da cor do carvalho, atendendo os soldados com rapidez e eficácia, da mesma forma que foram treinados, ainda sentindo seu corpo todo formigar com o desespero colocou as mãos sobre o ferimento de Taelin, o conselheiro não estava consciente, e sangrava muito, o curandeiro não poderia contar quantas toalhas usou para enxugar o sangue da fenda que foi aberta no tórax do ellon, o corte era profundo e Lainel começou a mexer para ter certeza se perfurou ou não algum órgão.

- Por favor. – o sopro sofrido veio de Agalardiel, que não tinha ferimentos graves, estava de pé diante da maca do elfo silvestre e parecia muito aturdido, não acreditando no que estava presenciando.

Lainel conhecia a família do elfo e sentiu-se tão preocupado com o que estava acontecendo, não poderia deixa-lo morrer assim, ele tinha duas elleths para cuidar.

- Ei! – ele gritou para o elfo Sindar quando o mesmo tentou tocar o elfo silvestre estirado na maca.

- Isto aqui não é brincadeira! Saia daqui e me deixe trabalhar!

Agalardiel não se moveu ao som de sua voz, nem parecia desperto no momento, e aquilo o irritou, mas o curandeiro nunca se rendeu a explosão da fúria, e nunca se renderia. Ele olhou no fundo dos olhos cinzas do elfo, com um tom de voz calmo, ele falou de vagar como se conversasse com uma criança birrenta.

- Agalardiel, você não pode me interromper, deixe-me cuidar dele para você, tudo bem? – o elfo Sindar o encarou por longos segundos antes de assentir e se afastar.

Com isso Lainel pode ver o quão grave era o estado do conselheiro e temeu por sua vida, precisava de ajuda, não poderia fazer isso sozinho.

- Onde está o rei? – ele gritou acima dos sons e gemidos de dores e as palavras de cura pronunciada pelos enfermeiros.

Ninguém respondeu. Valar não leve está alma. Ele rezou ainda limpando os ferimentos, depois pegou a linha e a agulha, era muito difícil algum curandeiro costurar um órgão aberto, a linha não poderia ser retirada, e provavelmente apodreceria dentro do elfo e o levaria a morte da mesma forma, apenas um pouco mais dolorosa. Foi então que o rei entrou com a princesa anã em seus braços.

- Valar! – o curandeiro suspirou – por favor alguém cuide da princesa! Aran! Aran! Preciso muito do senhor aqui!

Quando o rei virou seu rosto na direção de sua voz, seus cabelos dourados balançaram suavemente, seus olhos azuis estavam tristes e adquiriram horror quando olhou para o curandeiro. Lainel não ficou surpreso, estava coberto de sangue fresco e ninguém poderia dizer que todo esse sangue era de Taelin, mas julgando pelos feridos na tenda que tinha ferimentos normais causados em guerras, Taelin era seu caso mais grave. O rei deitou a princesa com cuidado em uma maca, quando se aproximou, ele parecia tão perdido quanto Agalardiel, em um estado de transe, onde as emoções que sentiam por dentro não conseguiam ser expressadas por fora.

A eternidade e a MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora