Polo

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Margot estava estranha desde o feriado e algo me dizia que não era por causa da perda da sua avó.

Ela tinha parado de fumar, e mesmo que tentasse agir naturalmente eu podia ver que ela estava escondendo algo. Ela não dormia no nosso quarto e, pelo o que eu notei, nem no quarto do Hardin. Estava muito mais próxima de Bash, como se ambos guardassem um segredo de estado que a afetava profundamente.

As semanas de prova vieram e se foram. Ela não passava muito tempo no quarto, dizia que ia estudar na biblioteca, mas uma vez eu fui procura-la e ela não estava lá.

Estávamos fazendo as malas para irmos ao feriado de Natal e ela parecia pronta para a sua sentença de morte.

— Margot, o que está acontecendo?- eu perguntei- Está estranha desde o feriado.

Ela se virou para mim e sorriu.

— Fico um tanto melancólica com o fim de ano. - ela disse - Lembrar que vou ter que lidar com Cornelia me deixa deprimida.

Eu a encarei, não sabia se acreditava nela.

— Vai nos telefonar de lá, não vai? - eu perguntei - Podemos te ajudar a segurar a barra.

Bash ia passar o fim de ano comigo também, pelo visto a sua relação com o pai não era nada saudável.

— Mas é claro! - ela disse - O que seria de mim sem vocês?

Eu fechei a minha mala.

— Vai ao baile de volta às aulas com Hardin? - eu perguntei.

Ela suspirou.

— Não. - ela disse - Quer ir comigo?

Eu hesitei, não sabia se estava disposto a voltar aos joguinho de Margot.

– Como amigos. - ela disse - No momento, é tudo o que eu preciso.

Eu concordei.

— Claro, eu vou com você. - eu disse.

Ela sorriu pegando a sua mala.

— Vamos nos despedir dos meninos. - ela disse me puxando para fora do quarto.

Eu a segui até o estacionamento onde Hardin estava fumando com Bash.

— Olha quem resolveu aparecer. - disse Bash jogando o cigarro no chão e pisando.

Ele abraçou os ombros dela.

— Preparada para encarar a Madame Satã?- ele perguntou a ela e algo naquela cena me lembrou algum filme de futebol americano em que o técnico fala com os jogadores.

Ela respirou fundo.

— Nem um pouco. - ela disse.

Ele bateu no ombro dela.

— Não te julgo. - ele disse e ela riu.

— Vai conseguir, acreditamos em você. - eu disse.

Ela suspirou.

— Espero que sim, ou então não vai voltar nem a minha carcaça. - ela disse.

Ela avistou um carro preto chegando no estacionamento e suspirou.

— Deve ser o Moriarty. - ela disse colocando a mala no chão- Hora do abraço.

Ela abraçou primeiro Hardin, foi um abraço demorado e perceptivelmente íntimo. Despois ela se afastou e abraçou Bash.

— Caso precise matar o diabo, me liga. - ele disse - Eu sei esconder um corpo.

Ela riu se afastando.

— Creepy. - ela cantarolou.

E então se voltou para mim e me abraçou.

— Cuide do Bash, ok? - ela disse - Não o deixe fazer tudo o que quer.

Eu concordei.

— Vou tentar, ele pode ser bem persuasivo. - eu disse.

Ela riu e me apertou mais contra o seu peito.

— Se eu não voltar, por favor, não se esqueça de mim. - ela disse.

Eu a encarei.

— Você vai voltar, não vai? - eu perguntei.

Ela sorriu.

— Claro! Não vão se livra de mim tão cedo. - ela disse - Mas não me esqueça.

Eu sorri.

— Não sei se conseguiria. - eu disse.

Ela pegou a mala do chão.

— Lembrem -se. - ela disse - Nada de injetáveis, sempre usem camisinha, e não sejam presos.

Nós batemos continência e ela se foi, em direção ao carro.

— Ah cara, odeio despedidas. - disse Bash olhando para a floresta - Sempre que ela vai para a Inglaterra eu sinto que ela não vai voltar.

— Mas ela sempre volta, não é?- eu perguntei.

Ele suspirou.

— Esse ano muitas coisas me surpreenderam, Polly. - ele disse - Não quero que essa seja uma dessas.

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