Margot

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Eu estava andando pela festa de Natal da minha mãe onde todos coversavam e riam.

— Descobriu o que está acontecendo? - perguntou Tiffin se aproximando as minhas costas.

Eu me virei para ele.

— Não, ela tem sido muito vaga quanto a tudo nos últimos dias. - eu disse olhando em volta.

Ele suspirou.

— Não estou gostando nem um pouco disso, Margot. - ele disse - Sinto que algo está acontecendo e não é coisa boa.

Eu concordei.

— Eu também. - eu disse.

Avistei a minha mãe e ela fez sinal para eu me aproximar.

— Ela está me chamando. - eu disse.

Então a mãe de Tiffin apareceu ao lado dela e o chamou com um sorriso no rosto.

— Nada bom. - ele disse.

Ele virou a taça de champanhe que tinha nas mãos e eu fiz o mesmo com a minha, deixando as taças na bandeja do garçom que passava.

Nós seguimos em direção a elas que foram até o escritório da minha mãe. Nós entramos logo depois delas e Mary fechou a porta.

— Sentem -se. - disse Cornelia.

Eu olhei para as duas cadeira em frente à mesa dela e me sentei em uma delas, sendo acompanhada por Tiffin.

— O que está acontecendo?- eu perguntei.

Cornelia suspirou cruzando as pernas e se reecostando na cadeira.

— Você tem me dado muita dor de cabeça Margot. - ela disse - Só nesses últimos meses você quase foi presa e ficou grávida.

— Grávida? - perguntou Tiffin.

— Eu já resolvi isso. - eu disse a ela.

— E Tiffin, querido. - disse Mary caminhando até o lado direito da cadeira da minha mãe - Você também não está me ajudando, foi preso por agressão no feriado de Ação de Graças , vai constar a sua ficha. Já é a terceira vez.

Eu o olhei e ele dispensou os fatos com um aceno.

– Então achamos melhor trazermos os dois de volta a Inglaterra, onde podemos vigia-los melhor. - disse Mary.

— Mas eu não posso simplesmente trazer a Margot de volta, ela é muito famosa na imprensa como a Lady Rebelde. - ela disse- Já consigo ver as manchetes: O que a nossa rebelde Margot fez para Cornelia a trazer de volta às terras da Rainha? Não podia deixar isso acontecer.

— Então nós fizemos um acordo, algo que vai beneficiar a todos. - disse Mary - Vamos unir os dois em matrimônio.

— O que!? - exclamou Tiffin- Vocês andam comendo merda!?

Eu respirei fundo.

— E se nos recusarmos? - eu perguntei.

— Se!? Eu já estou dizendo, não vou fazer essa merda só para satisfazer o diabo e seus demônios. - ele disse.

Cornelia suspirou.

— Se recusarem, todos os seus bens serão trancados. - ela disse - Não terão mais nada.

— E se aceitarem e depois da nossa morte se divorciarem, todos os seus bens serão transferidos para o Vaticano. - disse Mary.

Eu engoli em seco.

— Está de brincadeira!? - disse Tiffin - Vários de nossos ancestrais foram caçados pela igreja!

Eu suspirei.

— Cornelia, se está fazendo isso só para me castigar, eu aceito. - eu disse - Mas deixe o Tiffin fora disso.

— Não, não, ninguém vai casar, Gogo. - ele disse, me chamando pelo apelido que só ele usava.

— Um ato nobre, Margot. - ela disse - Mas tudo já foi decidido, essa aliança só traz benefícios a todos nós. Tiffin ganha um título nobre consolidando a fama de Mary aqui e por ter uma filha casada com um escocês conhecido, eu ganho reconhecimento lá.

— Então é tudo um jogo fudido de poder e reconhecimento político!? - ele perguntou.

Eu suspirei.

— É um casamento arranjado, Tiffin. - eu disse - O que você esperava?

Cornelia sorriu.

— Cada vez mais sábia. - ela disse pegando uma pasta - Assinem os papéis do casamento, a cerimônia será depois do seu aniversário de dezoito, querida.

— Espera, não concordamos com nada! - disse Tiffin.

Eu respirei fundo.

— Por favor, Cornelia. - eu disse - Reconsidere, Tiffin não precisa ser torturado comigo.

Tiffin me lançou um olhar feio.

— Não tente ser herói agora, Gogo. - ele disse - Ninguém vai casar.

— Se a Margot disser não a isso acabou para ela. - disse Cornelia - Não há mais nada que ela possa ter, vai renunciar ao seu título e aos seus bens, seus direitos como herdeira da casa Melbourne, ela vai perder tudo o que ela tem.

Eu olhei para as minhas mãos.

— Para mim nunca teve opção. - eu disse e ergui o olhar - Mas para o Tiffin não precisa ser assim!

Mary suspirou.

— Tudo já foi decidido, querida. - disse ela em tom doce - Só precisamos que assinem os papéis.

Eu olhei para Tiffin que parecia a um passo de bater nas duas.

— Por favor, ele não tem nada haver com isso, essa guerra é entre nós, Cornelia. - eu disse.

Ela bateu na mesa me assustando.

— Isso não é uma negociação, Margot! - ela disse e nos estendeu os papéis - Vocês vão assinar ou não?

Eu me voltei para Tiffin.

— Eu tenho uma vida na América, mãe. - disse ele a Mary.

Ela sorriu.

— Pode começar uma nova aqui. - ela disse - Com a Gogo.

Ele se levantou.

— Não a chame assim! Você não tem esse direito! - ele disse.

Eu me levantei.

— Tudo bem. - eu disse - Eu assino.

Tiffin se virou para mim, traído.

— O que disse!? - ele perguntou.

— Não quero fazer isso com você Tiffin, mas também não posso me dar ao luxo de pensar que posso ter uma vida que não seja essa. - eu disse - Eu não tenho nada além disso, Titi.

Ele trincou o maxilar e desviou o olhar, e eu senti os meus olhos se encherem de lágrimas.

— Não me odeie. - eu pedi baixinho.

Ele respirou fundo e então bufou.

— Eu não poderia nem se eu tentasse. - ele disse - Onde eu assino?

Estávamos derrotados, de mãos atadas, e as diabas sorriam vitoriosas.

Os dois rebeldes mais empenhados contra o governo haviam sido capturados.

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