Polo

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Eu estava caminhando a beira do lago enquanto ela fumava seu cigarro tranquilamente.

Seu cabelo refletia em prateado ao luar, ela segurava as sandálias de salto nos dedos e a música soava alta no ginásio.

— As vezes, - ela disse entre as tragadas - eu acho que isso está errado, sabe? Tudo isso.

Ela apontou ao redor de nós, mas para nenhum lugar específico.

— O que está errado? - eu perguntei olhando meus sapatos amassando a areia.

Ela suspirou.

— Isso! Todos pensam que tem tempo de sobra para ir a festas, encher a cara e fumar tudo que ver pela frente. - ela disse - Mas não temos. Não temos tempo, Polo.

Ela parou e se sentou na areia, sujando seu lindo vestido prateado.

— Estamos fadados ao fim, Polo. - ela disse - Viva o agora, diga tudo o que....

— Eu te amo, Margot.

Ela ergueu o olhar para mim e suspirou, apagando o cigarro na areia.

— Não precisa dizer de volta, nem nada. - eu disse - Eu só quero que saiba porque sinto como se estivesse partindo.

Ela sorriu se levantando.

— Eu não vou a lugar nenhum, Polo. - ela disse e tocou o meu peito - Eu sempre estarei aqui.

Eu olhei para ela e com uma dose extra de coragem, eu a beijei. Ela não se afastou, só me beijou de volta e eu senti as lágrimas molharem o seu rosto e consequentemente, o meu.

Ela se afastou e me abraçou.

— Eu também te amo, Polo. - ela disse com a voz embargada - Da melhor maneira que eu posso.

Eu abracei a sua cintura.

— Não quero que pense, nem por um segundo, que eu te esqueci. - ela disse - Você pode não notar, mas você mudou tudo, Polo.

Eu senti os meus olhos se encherem de água ao ouvir a dor em sua voz.

— Eu nunca mais serei a mesma. - ela disse.

Eu senti a lágrima cair pelo meu rosto.

— Eu também nunca mais serei o mesmo depois de você, Margot. - eu disse.

Ela se afastou e pegou as minhas mãos.

— Eu sei que tudo o que eu tenho feito desde que nos conhecemos é te machucar. - ela disse - E peço mil perdões por isso.

Ela secou a lágrima do meu rosto.

— Não queria que as coisas tivesse acontecido como aconteceram. - ela disse e então sorriu entre as lágrimas- Mas de algum jeito, agradeço por ter sido assim.

Ela secou o rosto e pensei ter ouvido ela dizer: Não conseguiria dizer sim se estivesse deixando você para trás.

— Você é especial para mim, Polo. - ela disse - Não como um amante, mas certamente não como um amigo.

— Por que eu sinto que você está se despedindo a noite inteira? - eu perguntei.

Ela sorriu.

— Não estou indo a lugar nenhum, Polo. - ela disse.

Uma doce mentira.

— Que tal irmos para o dormitório? - ela perguntou- Estou cansada, a viajem foi longa.

Eu concordei e ela pegou a minha mão e fomos juntos em direção ao dormitório. Ela não pareceu notar, mas eu notei que ela parou para olhar o lago uma última vez antes de voltarmos.

Ela me guiou até o dormitório 69, onde tudo começou, e é claro, deveria terminar.

— Posso dormir com você? - ela perguntou.

Eu concordei me deitando na cama e ela se sentou ao meu lado, descascando a cabeça em meu ombros.

— Acho que você preferiria estar com o Hardin, não? - eu perguntei.

— Não há outro lugar além desse que eu queira estar. - ela disse.

Eu respirei fundo o cheiro de gardênias do seu cabelo e deixei aquela fragrância embalar o meu sono.

Na hora eu não sabia, mas aquela foi a última vez que eu e Margot dormimos juntos.

Na manhã seguinte quando eu acordei, ela já havia partido.

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