Margot

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Toda a viajem foi torturantemente lenta. Moriarty me deu algumas notícias ruins.

Primeira, minha mãe parece muito feliz, o que nunca é algo bom para mim.

Segundo, ela já havia visto a fatura do cartão e pelo visto tinha dividido a informação pois Moriarty me deu um belo sermão sobre camisinha.

Terceiro, no último mês ela se encontrou diversas vezes com Mary Stewart, mãe de Tiffin.

Ainda não entendi a última notícia mas já a considerei algo ruim.

Nós chegamos na grande mansão Melbourne que estava em clima de preparação. Um grande baile estava por vir.

— Margot. - disse a voz gélida já conhecida pelos meus pesadelos.

Eu ergui o olhar e a vi no topo da escadaria, com seu terninho branco, cabelos presos em um rabo de cavalo, usava suas luvas de couro e tinha aquele ar de poder que talvez fosse maior do que o da Rainha.

— Olá, Cornelia. - eu disse.

Ela desceu a escadaria com a elegância de uma bailarina e veio até mim, seus saltos fazendo barulho contra o mármore.

— Vi a fatura do cartão. - ela disse - E devo dizer que estou orgulhosa.

Eu a olhei confusa.

— O que disse? - eu perguntei.

Ela começou a andar em direção a sala de quadros.

— Você cometeu um grande erro, é claro. - ela disse - Achei que fosse mais responsável com esses assuntos, mas parece que me enganei.

Eu a segui.

— Mas você me mostrou uma frieza impressionante ao eliminar o problema de maneira tão eficaz e rápida. - ela disse - Estou orgulhosa.

Eliminar o problema!?

— Me mostrou que está pronta para fazer sacrifícios pela sua família. - ela disse - E na nossa família, a base é o sacrifício pessoal para o bem do todo.

Ela se voltou para mim.

— Entende isso, querida? - ela perguntou.

Eu engoli em seco.

— Sim. - eu disse.

Ela sorriu.

— Ótimo! - ela disse - Jocelyn, por que não leva Margot a sala do costureiro para acertar as medidas do vestido, sim?

Jocelyn apareceu sorrindo amigavelmente para mim.

— Claro, Sra. Melbourne. - ela disse e tocou as minhas costas - Vamos querida.

Eu a deixei me guiar escada acima até o quarto de Lafaiete, que parecia estar absorto em seus tecidos.

— Oh, Margot! - ele disse assim que me viu - Minha melhor modelo, como está? Parece pálida.

Ele tocou o meu rosto e então meus ombros e meus braços.

— E magra, andou comendo? - ele perguntou.

Eu suspirei.

— Foi um mês difícil. - eu disse.

Ele suspirou.

— Eu sei querida, Moriarty contou a Jocelyn que contou a mim o que houve. - ele disse - Não se preocupe, a fofoca morreu comigo.

Eu concordei enquanto ele me guiava até um manequim.

— As coisas vão melhorar, meu bem. - disse Jocelyn- Vai ver.

Eu olhei o vestido que estava no manequim. Ele era branco e ia até o tornozelo, e tinha detalhes em um rosa bem claro, e por algum motivo me lembrou um vestido de noiva.

— Esse é o vestido que a Cornelia escolheu? - eu perguntei.

Ele concordou.

— Ela veio ver os meus desenhos e disse que esse era mais do que apropriado. - ele disse - É da minha coleção de noivas.

Eu olhei para ele alarmada.

— Você acha que ela...? - eu comecei.

Ele negou.

— Não, não, ainda é muito nova. - ele disse- Sua mãe tem planos de casar você depois da faculdade.

Eu concordei mas ainda estava tensa.

— Não pense muito no que Cornelia vai fazer. - disse Jocelyn - Tentar entende-la só vai te deixar mais parecida com ela.

Eu suspirei.

— Tem razão. - eu disse.

Lafaiete pegou o vestido do manequim.

— Vamos aos últimos acertos? - ele perguntou.


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