Polo

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Estava voltando para a escola com Bash, e com mais um amigo.

Coquetel de remédios.

O sermão sobre a camisinha durou todo o resto do feriado, e veio só do meu pai. Minha mãe não conseguia parar de chorar mesmo depois de o médico dizer que com o coquetel eu teria uma vida praticamente normal.

Praticamente.

Bash não queria dizer como conseguiu com que meu nome fosse parar no topo da lista da Chiara Institution tão rápido, mas eu tinha meus palpites.

Margot.

Poderia perguntar a ela quando ela chegasse. Ou foi assim que eu pensei.

Mas ela não estava lá quando chegamos, nem no dia seguinte, e nem no depois.

— Será que ela está esperando para fazer uma entrada dramática? - perguntou Bash no almoço da quinta feira depois da nossa volta - É algo que a Margot faria.

Hardin deu de ombros encarando a sua comida.

— Ela me disse algo antes de ir. - eu disse - "Se eu não voltar, não se esqueça de mim". Acha que ela não vai voltar?

Bash bufou.

— É claro que ela vai voltar. - ele disse, mas pela primeira vez eu vi dúvida e medo em seus olhos.

Eu me voltei para a minha comida, e suspirei.

Aquele dia foi a primeira vez que tentamos falar com a Margot de novo.

Mansão Melbourne, quem deseja? - perguntou a voz masculina.

Eu olhei para Bash e Hardin que me encaravam ao lado do telefone público da escola.

— Ãh, Margot Melbourne. - eu disse.

Quem fala? - ele perguntou.

— Polo Garcez. - eu disse.

Ela está indisponível no momento, quer deixar algum recado? - ele perguntou.

— Sabe quando ela estará disponível? - eu perguntei.

Não sei dizer, senhor. - ele disse.

Eu suspirei.

— Sabe se ela vai voltar para a América? - eu perguntei.

Não, senhor. Lady Melbourne não voltará a América, conseguiu o diploma mais cedo.

— Se formou mais cedo? Ela não vai voltar? - eu perguntei alarmado.

Sinto muito, senhor, mas não, ela não vai voltar a América. - ele disse.

Eu respirei fundo.

— Diga a ela que eu liguei. - eu disse - Diga que sentimos a sua falta.

Vou dizer, senhor. - disse ele - Tenha um bom dia.

E desligou. Eu me voltei para Bash e Hardin que me encaravam com a mesma cara de velório que eu deveria estar.

— Ela não vai voltar. - eu disse com a garganta fechada.

Bash esfregou o rosto e passou as mãos pelos cabelos, Hardin socou a parede ao lado do telefone e eu respirava fundo tentando não chorar.

— Deve ter algum engano, ela não nos abandonaria assim. - eu disse - Não é?

Bash bufou.

— Tenho certeza de que a ideia não foi dela. - ele disse - Víbora venenosa do quinto dos infernos, aquela filha da puta!

Nunca vi Bahs tão alterado como aquele dia. Seu rosto ficou de um vermelho vivo, quase do mesmo tom que o seu cabelo, e então ela saiu, esbravejando pelos corredores.

— Posso ir até o quarto de vocês? - ele perguntou- Quero ver uma coisa.

Eu concordei e ele me seguiu até o nosso dormitório. Assim que entramos, olhar para a parede de fotos da Margot se tornou doloroso, e eu desviei o olhar.

— Fique a vontade. - eu disse.

Ele foi até a cômoda da Margot e tocou o fundo vazio, o empurrando e então puxando. O fundo falso saiu e ele pegou algo lá dentro.

— O que é isso? - eu perguntei.

— Todo ano antes de voltar para a Inglaterra ela deixa algo para nós fazer lembrar dela, caso não volte. - ele disse- Acho que as coisas se acumularam desde então.

Havia três envelopes para Bash e Hardin e um para mim. Dois para os ano em que ela partiu, mas retornou, e um para quando ela se tornou indisponível.

Ele me entregou o envelope que havia meu nome escrito com a caligrafia clássica de Margot. Eu abri e vi a camisa que ela usava quando tivemos a nossa preliminar.

Eu a tirei e vi a nossa primeira Polaroid juntos, que ela tirou enquanto íamos para a aula de Inglês, e ao lado estava a câmera, com um bilhete grudado.

Tire fotos por mim, e tire quando achar que deveria, sem tentar achar o melhor ângulo, a arte é espontânea.

Eu peguei a foto e atrás também havia algo escrito.

Não se esqueça de mim.

Eu olhei para o envelope agora vazio e suspirei.

Ah, Margot. Como eu poderia?

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