Margot

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Eu acordei com o sol no meu rosto, tinha dormido nos jardins com Tiffin. Eu me sentei na grama e ele ainda dormia, parecia desmaiado.

— Tiffin? Me diz que não morreu. - eu disse.

— Ainda estou vivo, Gogo. - ele disse com a voz rouca de sono.

Eu suspirei e vi Harold, o mordomo, correndo até nós.

— Lady Melbourne, Cordelia está no telefone e exeji falar com a senhorita. - ele disse - Disse que é de extrema importância.

Eu me levantei, confusa e preocupada.

— Ajude o Sr. Stewart a subir e o deixe descansar no meu quarto. - eu disse - Ele bebeu bem mais que eu ontem.

Ele concordou com um leve reverência e eu corri para dentro da casa, achando um dos criados tentando acalmar Cordelia.

— Cordelia? - eu perguntei assim que peguei o telefone.

Ah, graças a Deus! - ela disse- Preciso entrar em contato com Polo.

Eu uni as sobrancelhas, confusa.

— Polo? Por que? - eu perguntei.

Bom, eu estou gripada já faz umas semanas, e essa gripe nunca sarava, e então ontem eu espirrei e saiu sangue, e não parou de sangrar! - ela disse - Então é claro que eu fui no médio e fiz todos os exames possíveis.

Eu esperei ela terminar mas ela não o fez.

— E? - eu perguntei.

Eu sou soro positivo. - ela disse.

Eu fiquei estática por um momento, atônita por conta dessa revelação.

— E por que precisa falar com Polo? - eu perguntei.

Por favor, que ele não esteja infectado...

Não transe com mais ninguém desde aquela festa, o que quer dizer que eu me contaminei antes dela. - ela disse - E eu e Polo não usamos camisinha.

Eu tirei o telefone do ouvido por um momento.

— Merda, merda, merda. - eu sussurrei.

Eu voltei ao telefone.

— Eu vou te dar o número, mas deixe eu falar com ele antes. - eu disse - Seria melhor para ele ouvir isso de uma voz amiga.

Ela suspirou.

Tudo bem.

Eu lhe dei o número do celular do Polo, que ele havia me dado antes de vir para a Inglaterra e desliguei, e então liguei para Polo.

Celular do Polo, quem fala?

— Bash? Cadê o Polo? - eu perguntei.

Ouvi ele suspirar.

Está fazendo exame de sangue. - ele disse - O garoto tá espirrando feito um aspirador de pó alérgico a poeira.

Eu respirei fundo.

— Os pais dele estão aí? - eu perguntei.

Ele riu.

Mas é claro! Eles se preocupam com o menino, ainda existem pais assim. - ele disse.

— Bash, a Cordelia me ligou. - eu disse - Ela é soro positivo e transou com o Polo sem camisinha.

Ele ficou em silêncio por um momento.

Puta que pariu. - ele disse.

— Diga aos pais do Polo levarem ele até aquela clínica em que eu resolvi o meu problema. - eu disse - Lá tem um dos tramentos experimentais mais eficazes da América.

Algo me diz que o Sr.e a Sra. Garcez não tem dinheiro para isso, Margot. - ele disse.

— Eu vou pagar o tratamento através de uma Instituição de caridade da minha mãe para o tratamento de crianças doentes. - eu disse - Polo ainda não tem dezoito, ainda pode ser atendido por ela, e uma vez dentro ele terá ajuda financeira para auxílio doença a vida inteira.

Bash suspirou do outro lado.

Margot, sempre salvando os nossos rabos. - ele disse.

— Faça o que eu disse. - eu disse- Mas não diga que fui eu.

Por que? - ele perguntou - O garoto e os pais dele vão querer beijar os seus pés.

Eu respirei fundo.

— A culpa é minha Bash. - eu disse - Eu o levei a aquela festa, eu destruí a vida normal dele, eu. Apenas faça isso por mim, o nome da instituição que devem mandar procurar no sistema é Chiara Institution.

E desliguei. O telefone tocou de novo quase de imediato e eu soube que ele estava tentando falar comigo de novo.

— A partir de agora, Harold, eu não estou mais disponível para ninguém da América. - eu disse ao mordomo - Mas sempre pergunte se eles querem deixar algum recado.

Ele concordou olhando para os meus olhos tristes.

— Sua mãe sabe o que está fazendo, Margot. - ele disse - Confie em mim.

Eu suspirei e subi a escadaria em direção ao meu quarto. Então eu ouvi o barulho de móveis se quebrando e vidro se estilhaçando.

Eu corri até o meu quarto e abri a porta, a tempo de ver um dos meus abajures se chocarem contra a parede oposta. O vaso se cristal onde ficavam as minhas gardênias estava em cacos, minha mobília no chão, e um dos meus abajures de porcelana chinesa tinha sido destruído bem em frente aos meus olhos.

Eu ergui o olhar para Tiffin, que respirava com dificuldade.

— Srt. Melbourne. - disse Jocelyn aparecendo no corredor e vindo até mim com os olhos alarmados.

Eu ergui a mão e ela parou de andar.

— Eu resolvo isso. - eu disse e entrei no quarto.

Tiffin olhava para mim como se esperasse que eu gritasse com ele. Estava na defensiva, como um cachorro acuado. Eu caminhei até ele com a expressão neutra e então suspirei, abrindo os braços.

Ele hesitou e então me abraçou apertado.

— Me perdoe. - ele disse contra o meu pescoço.

Eu fiz carinho em seus cabelos.

— Está tudo bem. - eu disse. Era só porcelana chinesa do século XV.

Eu o guiei até a cama e o deitei, me deitando ao seu lado. Ele colocou a cabeça sobre a minha barriga e eu fiz carinho em seus cabelos.

— Eu vou arrumar a bagunça. - disse ele.

— Shh, não se preocupe com isso. - eu disse.

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