É muito comum entrar alunos novos todos os anos, e no segundo ano não foi diferente. Primeiro dia de aula, a maioria dos alunos já se conheciam e não queriam ouvir todas as baboseiras de boas vindas, como iria ser o ano letivo e outras coisas inúteis, mas, como eu disse, sempre há alguns alunos novos na escola, e o da vez estava sentado ao meu lado.
Não é como se eu não gostasse de conhecer pessoas novas, é só que literalmente todo ano estava lá eu ajudando e recebendo os novatos com toda simpatia e eu já não tinha mais essa paciência toda, só queria terminar logo o ano e a escola.
O garoto parecia meio alto, tinha o cabelo num tom castanho claro, olhos da mesma cor e sorria simpático para todos que iam falar com ele, parecia ser legal e eu pensei que só descobriria isso mais tarde do ano por alguém ou por trabalhos semestrais.
Mas não foi dessa vez.
Joshua, um dos meus amigos mais velhos, no intervalo me pediu para irmos socializar com o garoto no exato momento em que falei sobre ele e eu só pensava o quanto seria estranho, já que sentamos lado a lado na sala e esperei o intervalo para conversarmos, mas Joshua insistiu dizendo que deveríamos fazer nossa parte.
Quando chegamos, meu amigo simplesmente soltou um "hey" e o garoto logo sorriu animado, começando a conversar ambos em inglês e só entendi algo do tipo "oh, você também é americano."
É, ele era estrangeiro.
Seus traços fortes deixava um ar de dúvida, mas era aparente que tinha outra descendência e eu já imaginava que seria difícil. Nunca pensei que falaria em inglês com qualquer um que não fosse a velha professora da língua, pela minha total aceitação de que nunca sairia da Coréia, ou talvez nem mesmo de Jeju, mas eu falei. Joshua simplesmente saiu de lá dizendo que ia comprar um lanche e fui obrigado a me virar. Acabei dando um "oi" e perguntando o nome dele. É só o que eu pude fazer. Na hora me deu um branco e minhas pernas ficaram bambas, pior que prova teórica é botar aquilo na prática.
A sorte foi que ele riu, me respondeu de forma lenta para que eu entendesse, se apresentando, perguntando meu nome de volta e puxando conversa e quando respondi com a voz carregada de sotaque estranho e gaguejando, descobri que ele entendia coreano. Ele disse o quanto a escola era grande e diferente da última que estudara e pediu para que eu a mostrasse pra ele depois de comermos, tudo num coreano meio formal, mas perfeitamente compreensível.
Minha cara de tacho com certeza entregou o constrangimento que senti queimar em mim e ele riu novamente, mas me pediu para comermos juntos e nem vi mais a sombra do Josh por lá, incrível.
ㅡ Você é muito legal, Seungkwan, gostei de você.
E no fim ele só me deixou engasgar e sofrer com o idioma difícil porque achou minha pronúncia engraçada e eu pensei que poderia revidar, mas incrivelmente o coreano dele era muito bom, melhor ainda do que o do meu amigo chinês, cá entre nós.
A primeira impressão é que fica e ela foi boa, de um bobo, mas boa. Quem diria que eu ao menos me esforçaria pra falar inglês com um estranho. Do idioma, o que eu sabia era os palavrões, mas não podia chegar no novato xingando.Nunca pensei que os quatro anos de verbo "to be" me seriam úteis, mas até que acabou sendo, apesar do desespero e da travada, falei inglês com um nativo americano e ele me entendeu.
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All the things I would never do
FanficSeungkwan nunca foi uma pessoa muito adepta a surpresas ou a fazer coisas novas. Aos dezesseis anos, sua maior aventura tinha sido ir para a escola sem dormir e ficar 24 horas acordado. Definitivamente amava sua zona de conforto, então Boo tinha cer...