Faltando poucos dias para o aniversário do Hansol, recebi uma ligação da Melody me chamando para a festa que ela queria fazer, mas não era uma festa qualquer. Ela seria na praia, na casa da avó coreana.
Não é querendo me achar, mas ela deixou bem claro que a minha presença era muito importante para eles e, principalmente, para o aniversariante.
E foi aí que eu parei para notar que isso estava indo para algum lugar. Talvez fosse cedo para pensar nisso, mas independente do que eu e Hansol tínhamos, estava indo para frente e percebi que era a hora de eu agir assim com outra pessoa também.
Assim que escureceu, me pus à disposição da tarefa que menos gosto de fazer: cozinhar. Fiz uma janta caprichada com direito à jjajjangmyun*, Soondae* e sorvete para a sobremesa. Com a mesa posta, esperei meus pais chegarem do trabalho, já que justamente naquele dia o horário deles batiam e ambos chegariam juntos, mas algum imprevisto ocorreu e meu pai iria pagar mais uma hora no serviço.
Quando apenas minha mãe chegou, senti meu estômago revirando em nervosismo, mas tentei agir normalmente e ela parecia bem aliviada pela janta estar pronta, mas já estava claro que aquilo não era à toa.
ㅡ Aconteceu alguma coisa? ㅡ Ela perguntou desconfiada, mas sem realmente me olhar nos olhos quando sentamos para comer, ainda me tratando friamente.
ㅡ Na verdade, não. Apenas considere isso como um pedido de desculpas pelas vezes em que fui grosso ㅡ falei antes de tomar um gole do suco e a encarei, esperando uma resposta.
Ela devolveu o olhar e parecia tão cansada quanto eu de viver nesse tratamento vazio e clima estranho entre nós. Vi seus ombros murcharem e suspirou fundo.
ㅡ Me desculpe também por ter dito tudo que eu disse, filho, não era a minha intenção te machucar ㅡ ela sorriu fraco e segurou minha mão.
Estávamos indo bem. Bem até demais, então depois de uns bons minutos de silêncio enquanto a gente comia, de coração mais leve, continuei a conversa.
ㅡ Eu sei que é estranho pra você, mas eu realmente gosto dele ㅡ eu contei de uma vez sem encará-la, mas senti sua mão esquerda gélida me soltando e seu olhar penetrante em mim enquanto eu comia.
Depois de tomar coragem, a encarei e ela não tinha expressão alguma no rosto, o que já era melhor até do que a cara de desgosto e de raiva que já vi outras vezes, mas pela forma como largou o talher na mesa com uma expressão indecifrável me mostrou que não seria simples.
Ainda no silêncio constrangedor, prossegui outra vez: ㅡ Eu sei que a senhora foi criada de uma maneira bem diferente e tem uma opinião formada onde tudo isso é errado, que é pecado, e não sei mais o quê, mas eu realmente gosto dele e ele me faz tão bem, mãe...
Ela ainda não tinha reação, apenas brincava com o talher ou com o copo e ora me olhava, ora encarava a mesa como se algo interessante estivesse nela e isso estava me agoniando. ㅡ Fala alguma coisa, mãe.
ㅡ O que você quer que eu diga, Seungkwan? ㅡ o tom duro e sem emoção alguma ao perguntar me fez engolir a seco e o choro junto.
ㅡ Não sei, só queria que dissesse que me ama ainda. Queria que me respeitasse também independentemente de quem eu goste. Eu sou seu filho e faz meses que não sinto minha mãe do meu lado! ㅡ Eu finalmente disse tudo que estava entalado com a voz embargada e ela parecia chocada dessa vez.
Eu não sabia se ela ficou quieta por estar brava, mas acho que os poucos minutos em que ela me viu segurando as lágrimas com os olhos arregalados pode ter feito-a refletir. Ainda sentindo um aperto horrível no peito, perguntei quase num sussurro. ㅡ O amor que você sente por mim mudou desde que soube disso?
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All the things I would never do
ФанфикSeungkwan nunca foi uma pessoa muito adepta a surpresas ou a fazer coisas novas. Aos dezesseis anos, sua maior aventura tinha sido ir para a escola sem dormir e ficar 24 horas acordado. Definitivamente amava sua zona de conforto, então Boo tinha cer...