Sejamos sinceros, todos nós crescemos com o saber que um dia nós iremos morrer. Uns antes do que outros, mas chegará uma hora em que minha avó não aguentará levantar da cama e, anos depois, serão meus pais. Conforme fui ficando mais velho, fui perdendo cada vez mais familiares por conta da idade e isso me faz pensar no futuro e em como eu quero, e vou cuidar dos meus pais, afinal, eles cuidaram de mim a vida toda.
Então, a essa altura, eu já sabia que um dia teria que cuidar de alguém mais velho, só não contava que a primeira experiência seria com alguém bêbado, que esse alguém teria apenas 38 anos e que seria a tia do Hansol.
Num sábado aleatório do início de fevereiro, Hansol e eu íamos ao cinema e eu tentei surpreendê-lo mas, no fim, a surpresa foi minha.
Ele demorou demais para me responder porque a família dele estava reunida em sua casa. Sua avó veio de New York, junto da tia e primo dele que vieram de Iksan e estavam todos tomando café da tarde no exato momento em que toquei a campainha.
Para o meu desespero, a avó dele atendeu, sendo seguida pela senhora Chwe que dizia algo sobre ela ser visita e que não devia atender a porta. Quando elas me viram, um sorriso simpático tomou conta da senhorinha e a anfitriã parecia surpresa ao me ver. Bem, havia passado um bom tempo desde que estive em sua casa.
ㅡ Seungkwan! Que surpresa. Nos sentamos para comer agora, entre ㅡ Melody, mãe do Hansol, já me recebeu de boa vontade e eu não tive tempo de negar, pois as duas me deixaram sozinho ali, seguindo o caminho para cozinha. ㅡ Feche a porta, querido.
Precisei entrar e fechei a porta atrás de mim. Segui para onde todos estavam reunidos e fui recebido com sorrisos e um Hansol surpreso.
ㅡ Ora, quem é esse garoto bonito, Melody? ㅡ A moça ruiva perguntou à mãe do Hansol, sorrindo e tomando um gole de seu café.
ㅡ É um amigo do Hansol, mana ㅡ ela respondeu meio incerta, olhando para ele buscando a confirmação do que havia falado.
Hansol a olhava com uma sobrancelha arqueada e assentiu de leve quando a resposta foi dada. Quis rir da situação, mas já estava sendo constrangedor o suficiente.
Depois disso, finalmente entendi porque o Hansol é meio doido. Conversa vai, conversa vem e presenciei todo tipo de assunto. Falamos desde escola, estudo e futuro, até drogas, sexo e as loucuras que a Melody e sua irmã fizeram quando adolescentes. Falamos também sobre animais de estimação e foi o ponto alto da conversa, pois todos pareciam chocados ao saber que eu nunca tive um, mas isso é história para outra hora.
Conheci seu primo que mais parecia um irmão de tão semelhantes, Lee Chan. Sua tia, Diana, que tinha os cabelos tingidos num tom laranja cor de fogo e tinha as unhas cumpridas e esmaltadas de vermelho, roupas extravagantes e olhos verdes. Além da avó, que tinha um sorriso acolhedor e sempre direcionava-o para mim quando me olhava. Ela é do tipo de velhinha que dá vontade de levar para casa e mimar como uma criança.
Estava tão divertido que o cinema já nem estava em minha mente, mas algo que eu não esperava aconteceu. Bom, pelo menos a primeira coisa inesperada da noite.
ㅡ Gente, hoje é o meu plantão, então me desculpem, mas preciso ir ㅡ só então notei que Melody estava vestida de branco dos pés à cabeça e que ela era médica. Ela saiu recolhendo as chaves do balcão, deixou sua xícara na pia e saiu dando um beijo na bochecha de cada um, inclusive na minha! ㅡ Ah, e se quiser dormir aqui, Seungkwan, sinta-se em casa, tem espaço para todo mundo.
Assim que ela saiu pela porta, a garota que reconheci ser a irmã do Hansol desceu as escadas e apareceu na porta da cozinha, coçando os olhos pelo sono, o cabelo bagunçado e vestindo um pijama de gatinho. Ela pareceu se animar de um segundo para o outro quando viu sua família ali.
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All the things I would never do
Fiksi PenggemarSeungkwan nunca foi uma pessoa muito adepta a surpresas ou a fazer coisas novas. Aos dezesseis anos, sua maior aventura tinha sido ir para a escola sem dormir e ficar 24 horas acordado. Definitivamente amava sua zona de conforto, então Boo tinha cer...