Halloween party

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Quem diria que eu iria dar a mínima importância para um dos eventos mais toscos e sem sentido do ano?

Nada contra quem gosta, mas não é nada demais. Gosto das histórias antigas sobre crenças, espíritos e até já foi legal em uma época, para as crianças que passavam a noite pedindo doce pelo bairro e brincavam até tarde na rua pelo menos um dia do ano com passe livre, além dos adultos sendo mais alegres e competitivos com as decorações, mas tem um momento em que a diversão mudou pra mim e nem percebi como.

Para começar, é feita uma festa. Não são mais um grupo de seis amiguinhos juntos brincando e pregando peças nos vizinhos, são quase trezentos adolescentes presos dentro de uma casa. Não existem mais doces ou travessuras, mas muita bebida e música alta, sem contar todos te empurrando, vomitando em um canto por ter bebido a noite toda, as pessoas se pegando e com papos chatos que já estamos cansados de ouvir. Esse é o Halloween dos meus colegas da escola.

E foi desse mesmo que participei.

Como era de se esperar, haveria uma festa no dia 31 de outubro e, independente de que dia caísse, todos iriam e ficariam até às quatro da manhã, mesmo tendo aula às oito. O convite foi feito na página da escola, depois passado em cada grupo de sala e, quem ainda não soubesse, era chamado pessoalmente por qualquer um no intervalo. Logo sabíamos que aquela festa seria das grandes.

ㅡ Nós precisamos ir! ㅡ Não me surpreendeu Jeonghan ser o primeiro a falar sobre isso e ser o mais empolgado. Ele sentou na mesa do refeitório já jogando a informação de que todos nós éramos obrigados a comparecer, chamando a nossa atenção na hora.

Eu realmente só queria almoçar.

ㅡ Não tenho a menor vontade de ir, sinceramente ㅡ eu disse logo, antes que me colocassem em seus planos.

ㅡ Ah, não! Todo mundo tem que ir ㅡ Mingyu rebateu, ainda de boca cheia de pudim. ㅡ Não vai ter graça se não for todo mundo, mano.

ㅡ Mas olha bem quantas pessoas vão, vai  realmente deixar de ser divertido se UMA única pessoa de nós não for? ㅡ Questionei com ironia.

Ir em uma festa numa quarta-feira e logo na casa dos Park, de novo, não estava nos meus planos. Kihyun era o único que não disse nada, provavelmente não estava animado também.

ㅡ Qual é, Boo, nem se a gente se fantasiar? ㅡ Minghao perguntou porque eles realmente não dão o braço a torcer tão facilmente.

ㅡ Mas aí já é outro empecilho, além de ir ainda vou ter que arrumar uma fantasia? ㅡ Sim, eu estava decidido.

Depois de alguns segundos sem ter outro argumento para debater, levantei e peguei meu lugar na fila, esperando para pegar meu prato de comida.

De longe, pude ver Hansol, Joshua e Wonwoo entrando no refeitório e se juntando aos meninos na mesa. De longe, vi eles falarem sem parar e só pude ver as expressões incrédulas nos rostos dos que escutavam. Por um momento, achei que mais alguém concordaria comigo.

ㅡ Boo Seungkwan, você vai sim nessa festa, nem que a gente tenha que te sequestrar! ㅡ Fui logo atacado antes mesmo de sentar por Joshua e todos sorriram, acenando com a cabeça. Eu já tinha ouvido isso antes. ㅡ Aliás, você foi em uma festa deles com o Hansol, qual o problema de ir de novo com a gente?

ㅡ Se vocês me arrumarem uma fantasia, convencerem minha mãe, me buscar e me levar em casa e me pagar um salgado, eu vou ㅡ  eu disse com tom autoritário, impondo minhas condições absurdas já achando que tinha encerrado o assunto e tentei continuar comendo, se não fosse pelo silêncio que se instalou e todos se encarando, como se estivessem conversando pelos olhares. ㅡ O quê?

All the things I would never doOnde histórias criam vida. Descubra agora