Na minha escola, digamos que a variedade não é muito acatada. Parece que o único esporte que as pessoas da minha sala conhecem é o futebol. E, por esse motivo, eu nunca participei da educação física. Quando era alguma atividade interessante, eu fazia, mas a última foi há três anos.
Sim, eu estava há três anos sem sequer pisar na quadra.
Mas Hansol e seu outro colega estrangeiro, Mark Lee, mudaram isso.
Numa manhã fria e tediosa de segunda-feira, Hansol pegou a bola de basquete do carrinho de bolas e a jogou na cesta. Logo, Mark também. Começaram um joguinho estranho de ataque e defesa que não fazia sentido, mas era empolgante vê-los jogar. Eu assistia tudo, quieto e sozinho, já que eu era literalmente o único idiota que ficava na arquibancada a aula toda.
Permaneci na minha, até a bola cair perto de mim. A peguei e quando joguei, Hansol estava na minha frente e me bloqueou. O olhei confuso e ele sorriu.
ㅡJogue com a gente. Eu pego leve ㅡ aquele sorrisinho de canto me pegou desprevenido, confesso, mas meu espírito competitivo gritou e entrei na quadra.
Eles me explicaram mais ou menos como funcionava, mas eu não entendi. Eles não sabiam explicar e eu sou lerdo. Mas assim que começou, peguei a bola que Mark jogou pra mim e corri pro canto esquerdo, assim como havia visto Hansol fazer, e arremessei - lê-se "joguei de qualquer forma" -, desviando do bloqueio do Hansol, a bola bateu naquele quadrado preto, no aro e entrou.
Não sei uma regra sequer, e foi isso que fez com que os meus colegas que viram o ocorrido comentar coisas como: "orra", "é baixinho, mas é bom de mira" e "ele não era sedentário?"
Sim, eu sou sedentário.
Mas o que ocorreu depois foi mais inédito ainda: Alguns garotos que estavam de próximo no futebol se juntaram e pudemos jogar trio contra trio. Eu simplesmente ficava em baixo da cesta, Mark e Hansol corriam atrás da bola e só jogava pra mim, que jogava todo torto pra cesta.
Após longos vinte minutos de jogo - eu não fiz absolutamente nada, mas estava morrendo -, mais meninos vieram, e acabamos por pegar a quadra para nós e jogar pra valer. Acabei contra o Chwe, mas ao menos tinha Mark e o Mingyu, o garoto mais alto da sala e meu amigo que ria de mim toda vez que eu parava de correr pra respirar.
E aí eu corri. Puta merda, como corri.
Eu sentia meu pulmão arder, minha garganta secar e minhas pernas bambas, mas eu corri. Acompanhava os garotos do meu time e sempre jogavam pra mim e eu apenas jogava para cesta, como sempre. Houveram passes tão lindos entre o Lee do meu time e o Changkyun, uma cesta de três pontos do Hyunjin, e eu consegui tirar a bola dos outros várias e várias vezes. Eu as pegava, jogava de qualquer jeito pra alguém do meu time e saía correndo igual um louco pra pegar e lançar. Mas deu certo, pois ganhamos de 49 a 36.
No final, parecia que minha alma tinha abandonado meu corpo e minha camisa estava pesada de tão suada, mas Mark, Mingyu e Seokmin me elogiaram e recebi muitas palavras legais do professor sobre ter feito a aula.
E, quando eu estava indo beber água, Hansol me deu um empurrãozinho com o ombro e sorri de novo. Dessa vez, sorrio junto e o provoco - porque sou desses mesmo.
ㅡ Acho que pegou leve demais comigo, Hansolie ㅡ o que foi esse apelido ridículo que eu acabei deixando escapar? Pois é, não sei até hoje, mas ele só riu e me olhou com deboche.
ㅡ Sorte de principiante. Mas você estava incrível saltando daquele jeito, deveria ter se visto. Gostei de jogar contigo ㅡ deu uma piscadela e saiu andando, como se não tivesse me feito bugar e parecer um cone no meio do pátio.
Nunca pensei que jogaria basquete, menos ainda que ganharia, mas joguei e ganhei contra o garoto que eu via jogar sempre.
Que dia, meus amigos, que dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
All the things I would never do
Hayran KurguSeungkwan nunca foi uma pessoa muito adepta a surpresas ou a fazer coisas novas. Aos dezesseis anos, sua maior aventura tinha sido ir para a escola sem dormir e ficar 24 horas acordado. Definitivamente amava sua zona de conforto, então Boo tinha cer...