All the things I would never do

Babysitting

Para começar, deixemos claro meu raciocínio. Sou o caçula e minha irmã mais velha já deixou bem claro que não vai casar ou ter filhos tão cedo e, mesmo se tiver, ela mal fica no país por muito tempo. Ou seja, se um dia eu fosse ser babá de qualquer criança seria para me sustentar num momento de desespero ou para ajudar algum dos meninos que poderiam ter filhos no futuro e que ficaria pra titio e daqueles antipáticos que nenhuma criança gosta, mas minha carreira de babá começou mais cedo do que eu esperava e queria.

ㅡ Hansol Vernon Chwe, desce aqui agora! ㅡ o grito da Melody ecoou pela casa inteira e Hansol e eu nos encaramos.

Bem, era de se esperar que ela nos chamasse, nós dois estávamos trancados no quarto dele a tarde toda e, exatamente no instante que ela gritou, Hansol tinha perdido no jogo e ficou bravo comigo zoando ele, vindo pra cima de mim e causando uma situação desagradável de ser pego no flagra.

Foi inocente, mas quando eu menos esperava já estava puxando o cabelo curto em sua nuca e ele apertando minha cintura e passando as mãos pelo meu corpo enquanto pressionava o seu no meu e nos beijávamos a ponto de sentir os lábios dormentes. Um calor que não era próprio do clima lá fora, uma vontade estranha de querer agarrar ele para cada vez mais perto e quase, por muito pouco, não soltei um som constrangedor quando agarrou minhas coxas e se encaixou no meio delas. Não que nunca tivéssemos tido dado uns amassos com aquele sentimento de "quero mais", mas, de fato, nunca tivemos um algo a mais, e naquele momento eu estava nervoso.

Muito nervoso e com mil e uma coisas passando em minha mente; sua mãe e irmã em casa, eram 5 da tarde e foi tão de repente que eu só estava esperando o que viria. O pior é que eu estava cogitando mesmo o que viria, porque eu estava gostando.
Um arrepio subindo pelas minhas costas e por um momento pensei que jogaria tudo pro ar e deixaria ele fazer o que quisesse comigo quando me encarou, como se pedisse permissão para avançar.

Até ouvirmos o chamado da consagrada senhora Chwe.

Descemos, eu estava perdido e com o rabo entre as pernas, literalmente. Nem sinal de wifi passava e minha sorte foi ter derramado chocolate em minha camisa algumas horas antes e estar usando um moletom antigo e grande dele, mas Hansol parecia tranquilo, como se soubesse que ela não diria nada, então só o segui. Quando chegamos na cozinha, encontramos Melody, Sofia e outras seis crianças tomando café da tarde.

ㅡ Hoje era meu dia de cuidar deles, mas meu turno mudou e seu pai inútil não chegou, eles estão nas suas mãos. Me ligue qualquer coisa, fui.

Mandou sem mais e saiu fora. Olhei pra ele, olhei para as crianças e estava todo mundo perdido.

Estava um caos. Os pais do Hansol tinham se divorciado de uma maneira "amigável", mas alguns vacilos resumiam a situação. Já fazia uns bons meses que não vi mais Simon e, do mesmo jeito, Hansol e Sofia não viram também. E Melody estava perdida. Eu mesmo várias vezes já tinha ajudado-a ou lembrado de algo que ela precisava fazer e tudo mais, até eu que nem sou nada da família estava preocupado e ajudando mais que o senhor progenitor.

Mas a situação agora era: sete crianças que fariam uma espécie de acampamento pelo aniversário de uma delas. Como diabos faríamos um acampadentro ali e do nada em duas horas?

ㅡ Certo. O quintal lá atrás está sujo e ninguém usa há um bom tempo, se limparmos antes de escurecer acho que dá para montar as barracas lá ㅡ Hansol comentou para todos, mas as crianças apenas ficaram nos olhando como quem diz "e daí?"

ㅡ Acho que seremos nós quem vai limpar, né? ㅡ sussurrei pra ele e as crianças nos encaravam com um sorriso arteiro no rosto e assentiram todas juntas.

ㅡ Fico te devendo essa, Vernonie. Nós arrumamos as comidas e tudo o que vamos levar, okay? ㅡ pelo menos a Sofia tinha consideração e sabia negociar, se dependesse das pest- digo, crianças - eu e ele faríamos tudo.