Intruder in a wedding

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No primeiro fim de semana de novembro, curiosamente estava calor. Quer dizer, não estava frio de congelar a água da pia como já era para estar. O clima estava ótimo, era entre uma estação e outra, perfeito para os que curtem o litoral como passeio de fim de tarde, e eu definitivamente sou um desses.
Chamei todo o povo e como eu esperava, todos estavam ocupados. Até mesmo Hansol, que dessa vez tinha que cuidar de Sofia que estava dando indícios de que ficaria gripada, então me conformei que dessa vez teria de ir sozinho.

Também não é como se eu nunca tivesse ido sem companhia, até então eu só tinha sozinho nessa praia.

Mas, na manhã de sábado, quando a temperatura chegava aos seus 18 graus e tinha um solzinho maroto às 10 e pouco da manhã, eu arrumava minha bolsa e a campainha tocou. Nem me dei o trabalho de me importar, achei que seria minha tia que prometera visitar minha mãe naquele dia, mas logo soube que não era quando não ouvi gritos de alegria ou choradeira.

Assim que desci as escadas, já pronto, encontrei minha mãe na cozinha passando o café e logo mais vi pela janela meu pai e Hansol conversando na sacada. Okay, eu estava mesmo confuso, o que ele fazia ali agora?

ㅡ O que você ta fazendo aqui, seu louco, e sua irmã? ㅡ mal saí pela porta, e assim que Sofia me viu, ela me abraçou forte, toda animada, e não pude evitar a não ser o encher de perguntas, interrompendo a conversa animada e as risadas dos dois.

ㅡ Bom dia, Boo. Tá um dia lindo, né, eu to bem também, obrigado por perguntar ㅡ ele respondeu irônico e meu pai e a menina seguraram o riso. ㅡ Meio que eu não consegui segurar a fera depois que ela soube que iria pra praia e ela insistiu que a gente devia ir com você.

Assim que justificou com tom acusador, ela mostrou a língua ao irmão e sorriu pra mim. Antes de eu dar um sermão nos dois, fui interrompido.

ㅡ Filho, você não vai comer antes de- 

Minha mãe apareceu na porta com uma xícara em uma mão e com Boomie na outra. Pareceu tão surpresa quanto eu ao ver os dois na nossa varanda. ㅡ Bom dia, Hansol. Bom dia, mocinha.

Não sei dizer o que se passava em sua cabeça, mas, mesmo que eu não diga em voz alta, fiquei feliz por ela estar agindo diferente de antes durante o ano que se passava, realmente disposta a mudar suas atitudes. Mesmo que não contente, pelo menos, respeitando isso.

ㅡ Bom dia, senhora ㅡ respondeu Hansol, se curvando brevemente e Sofia fez o mesmo.

Uns poucos segundos do silêncio constrangedor foi o suficiente para minha mãe nos pedir para entrar e comer antes de ir.

Mesmo negando, todos fomos obrigados a entrar e tomar pelo menos uma xícara de café e comer alguns biscoitos. Pensei que seria constrangedor e desconfortável, mas para minha surpresa, toda a atenção foi direcionada à garotinha que não parava de dizer o quanto gosta de praia e que valeria a pena a encrenca que os dois se meteriam por sair assim.

Todo o sermão que eu guardava na garganta, minha mãe os deu. Disse que eles se dariam mal e que provavelmente Melody ficaria furiosa. Pediu para Sofia não entrar na água de maneira alguma, nem para Hansol deixar porque era época de gripe e até deu um vidrinho de xarope ao Chwe que logo agradeceu e guardou no bolso, querendo rir do desespero da minha mãe ao tratar nós três como suas crias.

Depois de uma parada obrigatória de quase meia hora antes mesmo de sair de casa, finalmente conseguimos sair. O ônibus para a rodoviária estava passando na frente de casa e quase não conseguimos pegar, mas deu certo.

Era apenas uma hora de viagem, mas foi o suficiente para Sofia adormecer entre nós dois depois de melecar os dedos com um iogurt e se sujar inteira de salgadinho, e o caminho todo foi apenas nós dois conversando sobre banalidades, comendo ou apreciando a vista e num piscar de olhos já estávamos descendo do ônibus e tínhamos uma Sofia animada, pulando entre nós e nos puxando para sair logo da rodoviária.

All the things I would never doOnde histórias criam vida. Descubra agora