ㅡ Alô? ㅡ Atendi com a mão esquerda sem nem ver quem era e joguei o celular na cama no viva-voz, enquanto tentava arrumar um pouco a bagunça que estava o meu quarto.
ㅡ 'Tá ocupado, Boo? ㅡ Reconheci a voz do Hansol e sorri involuntariamente, mesmo tendo certa vontade de chorar por ouví-lo.
ㅡ Só tô arrumando meu quarto, por quê? ㅡ Embora alguns eventos me viessem em mente, eu tinha consciência de que não era culpa dele e que ele nem sabia de nada, então seria egoísmo tratá-lo diferente de repente.
ㅡ Porque nós vamos sair. Se arruma que em vinte minutos tô passando aí.
Ele desligou sem que eu pudesse protestar, então me dei por vencido e me troquei preguiçosamente, terminei de organizar algumas roupas e tive tempo de varrer o quarto meio por cima antes de descer e esperá-lo no ponto de ônibus na esquina.
Achei que fosse esperar um bocado por ter levado quase a metade do tempo que ele me deu para trocar de calça, me agasalhar, escovar os dentes e pentear o cabelo, mas não demorou nem cinco minutos para que eu pudesse ver Chwe Hansol dobrando a esquina e vindo em minha direção pela calçada vestindo seu moletom azul favorito, uma touca amarela engraçada e tinha um sorriso bobo no rosto.
ㅡ Para onde vamos? Eu tô sem dinheiro, cara ㅡ eu disse antes dele sequer abrir a boca e quase desisti de estar ali ao ouvir a resposta.
ㅡ Nós nunca tivemos um encontro, então hoje teremos um.
E por encontro, ele falava sobre irmos numa sorveteria maravilhosa do centro e ter dor de cabeça e de garganta de tanto sorvete de tantos sabores diferentes que tomamos em pleno inverno, depois andar na praça da qual tive o prazer de cair na fonte no ano passado, só que dessa vez ela ainda tinha uma placa fina de gelo pelo frio do final do inverno.
Atravessamos essa praça e chegamos num parquinho, sentamos nas balanças e ele me balançava enquanto ria do meu desespero e do meu medo da balança quebrar, ou de eu cair, mas nada aconteceu. Nós brincamos nas gangorras, rodamos no gira-gira e escorregamos em pé nos escorregadores e parecíamos duas crianças, não muito diferente de outros momentos que tivemos. Passamos um bom tempo brincando e andando pelo centro, mas algo ainda estava errado.
Eu ainda estava pensando muito e estava pra baixo, já haviam passado 6 dias da festa, mas o fim de semana foi longo demais para simplesmente não pensar nele. E acho que, por mais que eu tenha tentado agir normalmente, não sou muito bom em esconder as coisas, pelo menos não do Hansol.
ㅡ Aconteceu alguma coisa, Seungkwan? ㅡ Eu percebi logo nos primeiros meses de convivência que quando Hansol me chama pelo nome, ou ele está bravo, ou está preocupado com algo e isso já me fez descartar qualquer possibilidade de tentar mentir, pois ele sempre sabe quando eu minto.
ㅡ É, meio que aconteceu, mas eu não quero estragar nosso encontro. ㅡ Não é como se eu estivesse fazendo de propósito, nem como se eu não estivesse gostando, mas meu tom saiu muito mais irônico do que deveria, não soou como uma brincadeira. E isso não foi legal.
ㅡ Não há nada demais nesse encontro, pelo visto, para estragar me contando o que aconteceu pra você estar assim ㅡ até hoje não tenho certeza se ele levou na brincadeira ou se pensou que eu não queria estar ali, mas ele já estava muito mais sério do que de costume e seu tom também havia mudado para um mais sarcástico, como o meu.
ㅡ Não é nada importante.
ㅡTem a ver com a festa? ㅡ Eu ainda não sabia dos bastidores daquela maldita festa, então era tudo uma confusão da qual eu era o mais envolvido, porém fui o último a tomar parte nela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
All the things I would never do
FanfictionSeungkwan nunca foi uma pessoa muito adepta a surpresas ou a fazer coisas novas. Aos dezesseis anos, sua maior aventura tinha sido ir para a escola sem dormir e ficar 24 horas acordado. Definitivamente amava sua zona de conforto, então Boo tinha cer...